Empresas inovadoras impulsionam inteligência artificial e transformam panorama econômico de MS
Pesquisas universitárias, planos governamentais e ideias disruptivas: o avanço da inteligência artificial também vai além das empresas em Mato Grosso do Sul
Nathália Rabelo –
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Qual é a primeira ideia que vem à mente quando se fala em inteligência artificial? Inovação? Futuro? Tecnologia avançada? Talvez seja realmente difícil definir em uma palavra um fenômeno que promete transformar tantas coisas a curto e longo prazo, mas nem por isso impossível de traçar quais caminhos os sistemas inteligentes já começam a despontar em Mato Grosso do Sul. Afinal, novas empresas nascem com a proposta de desenvolver e impulsionar a inteligência artificial (IA) em diversos setores, desde pesquisas universitárias até soluções para órgãos governamentais.
A crescente adoção da IA tem transformado a maneira como as organizações operam, otimizando processos, impulsionando a inovação e melhorando a vida das pessoas. Mato Grosso do Sul, Estado reconhecido por suas belezas naturais e pelo agronegócio, dá um passo à frente nesse quesito, uma vez que vem transformando o panorama econômico graças ao crescente investimento em inteligência artificial e à chegada de novas empresas que tornam esse cenário possível.
Antes de entender como o mercado de inteligência artificial funciona no Estado, que tal compreender, de fato, o que ela é? A IA é um campo da ciência da computação que desenvolve sistemas capazes de realizar tarefas de seres humanos, funcionando a partir de algoritmos e modelos matemáticos que permitem às máquinas tomar decisões a partir dos dados fornecidos a ela.
Para isso, são utilizadas técnicas como aprendizado de máquina, redes neurais, processamento de linguagem natural e algoritmos de otimização para que a IA reconheça padrões e resolva problemas complexos. Isso significa que a inteligência artificial é igual a um bebê em crescimento: quanto mais dados são utilizados e mais treinamento é realizado, maior a sua eficiência.
Não é à toa que o tema vem ganhando cada vez mais expressividade nos últimos anos, especialmente com o lançamento do Chat GPT-3, desenvolvido pela Open IA. Porém, é importante destacar que, apesar da recente popularização, pesquisas sobre inteligência artificial já vêm sendo desenvolvidas há anos por academias, startups, grandes empresas e frente governamentais. Mas, afinal, por que é importante falar sobre isso? Porque a inteligência artificial já é uma realidade. Ela está presente na assistente virtual do seu celular, no reconhecimento de fala, na medicina e diagnóstico, análise de dados e previsão e, em exemplos mais recentes, modelos de linguagem e até algoritmos capazes de reproduzir músicas com vozes de artistas específicos, tudo mediado por base de dados. Quer ver na prática como funciona essa tecnologia? Confira o vídeo abaixo em que o Jornal Midiamax conversa com o Chat GPT.
Se você tem interesse em conhecer detalhes e testar a plataforma clique aqui.
Inteligência artificial no Brasil
De acordo com o relatório “Avanços na cultura organizacional baseada em dados, analytics e IA”, encomendado pela empresa de análise de dados SAS e realizado pela consultoria IDC, foi constatado que o Brasil se destaca na adoção de inteligência artificial (IA), com 63% das empresas que utilizam análise de dados também fazendo uso da IA. Essa porcentagem é superior à média da região da América Latina, que é de 47%. Esses dados revelam o estágio avançado do Brasil no aproveitamento dos benefícios proporcionados pela IA e demonstram o interesse das empresas brasileiras em utilizar tecnologias inovadoras para impulsionar seus negócios.
De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria KPMG, a confiança na inteligência artificial (IA) é alta entre os brasileiros. Cerca de 84% dos entrevistados acreditam que a IA é confiável, enquanto apenas 5% expressam discordância. Além disso, o estudo revela que 56% dos participantes estão dispostos a confiar nessa ferramenta, colocando o Brasil em terceiro lugar em relação à média global de confiança.
No entanto, a pesquisa também destaca que 19% dos brasileiros apresentam certa relutância em relação ao uso dessa tecnologia. Pensando numa perspectiva global, a previsão é que tecnologias de inteligência artificial (IA) adicionem US$ 15 trilhões à economia global até 2030, conforme índices da Oxford Insights e International Development Research Center.
Essa pesquisa feita pelo Government AI Readiness Index em 2019, com o apoio do International Development Research Center (IDRC), classifica os governos de 194 países e territórios de acordo com sua preparação para usar a IA na prestação de serviços públicos.
Dessa forma, cada vez mais startups nascem com um olhar mais esperançoso quanto às possibilidades da inteligência artificial, um terreno ainda vasto que tem muito a ser descoberto e produzido no Brasil, sobretudo em Mato Grosso do Sul.
Novas possibilidades empresariais
Como visto anteriormente, a inteligência artificial não é recente. No Estado, ela já vem sendo estudada há muito tempo. Segundo Jefferson Moreira, empresário e atuante na Associação das Startups de Mato Grosso do Sul (StartupMS), cerca de 100 startups existem em MS atualmente e, ao longo dos anos, muita coisa já foi estudada.
“Inteligência Artificial virou moda depois que saiu o Chat GPT. Chegou para o grande público. Mas em si, a tecnologia já é muito utilizada no segmento de startups há muitos anos. Conheço soluções que usam isso [IA] desde 2010. Evidente que de lá pra cá muita coisa evoluiu”. Jefferson ainda explica que muitas startups do Estado já atuam com a IA, sendo impossível dimensionar com exatidão quantas delas já estão inseridas no setor.
O empresário de Campo Grande, por exemplo, é um dos fundadores da plataforma Adminer Pro, lançada em 2020. Ao lado de Ítalo Franco, Henrique Januário e Sidney Oliveira, Jefferson ajudou a desenvolver um negócio que utiliza a inteligência artificial para pesquisa e análise de produtos, voltada para alavancar negócios digitais e físicos. A solução auxilia também na estruturação e organização do catálogo de produtos dos clientes, tornando a operação mais lucrativa por meio de métricas.
“A Admire nasceu como uma forma de ajudar as pessoas que estão começando a vender na Internet, através de seus e-commerces, a encontrar uma forma mais fácil de minerar produtos na Internet, para serem medidos. Antes isso era muito difícil, a pessoa precisava ficar no Facebook e outras redes sociais passando várias páginas para encontrar produtos. Então, a gente nasceu como uma extensão que automatiza esse processo”, explica Jefferson.
Processos mais rápidos e eficientes
Atualmente, a plataforma tem 50 milhões de produtos e anúncios do Facebook, Google, TikTok e Instagram monitorados e analisados, uma média de 500 mil produtos por dia. Para isso, existe um time específico de data analytics (análise de dados) que estuda as métricas para, além de entender o que está vendendo, proporcionar dados de inteligência para predizer o que pode acontecer e quais são os volumes de venda previstos para determinados produtos.
Esse trabalho de acompanhamento de anúncios é feito por uma pessoa, normalmente a responsável pela loja online. Mas o grande volume de informações que precisam ser analisadas torna o processo moroso quando realizado por um humano. Assim, a plataforma auxilia para maximizar os resultados e de maneira mais eficiente.
Assim, a IA consegue reunir número de curtidas do anúncio, quantidade de comentários, públicos-alvo, lojas que estão vendendo, tráfego nesses empreendimentos e demais informações para, então, selecionar os melhores produtos a serem vendidos.
Jefferson ainda conta ao Jornal Midiamax que, devido ao desenvolvimento da IA nos últimos anos, todo o processo está mais fácil hoje com as ferramentas de inteligência artificial já existentes no mercado, que podem ser combinadas a novas ferramentas e nichos de atuação. Hoje, o seu grande desafio é aprimorar os processos e lidar com os seus custos.
“Você implementa uma inteligência artificial sobre a inteligência que você já tem construída. O grande desafio é aprender com esse processo e o custo. Não é barato ter máquinas e tem custo de cloud [armazenamento de nuvem]. O desafio é envolver os clientes para ajudar a validar o processo e aprimorar a inteligência artificial”.
Atualmente a Adminer Pro tem 25 funcionários. Apesar do CNPJ ser de Campo Grande, a empresa expandiu e sua sede está situada em São Paulo, mas também tem unidades espalhadas em outras cidades do Brasil.
Inteligência artificial: nova disrupção mundial
Para Charles Felipe Oliveira, de 43 anos, a inteligência artificial é a nova disrupção mundial, ou seja, uma ruptura no curso ‘normal’ da sociedade, tal qual o surgimento da Internet e, posteriormente, o aparecimento de celulares mobile. Sócio-proprietário da Alfa Neo, o campo-grandense também teve a coragem de investir no próprio negócio durante a pandemia, em 2020. De lá pra cá, viu suas vendas deslancharam com a Inteligência Artificial.
Sua empresa, sediada na Capital de Mato Grosso do Sul, trabalha com desenvolvimento de softwares de Inteligência Artificial sob demanda. Pesquisador e com experiência há 20 anos, ele e o sócio decidiram unir pesquisa e prática para montar a empresa.
“O meu sócio, que veio da academia, se sentia angustiado porque fazia muitas pesquisas e elas acabavam virando papers [artigos], que eram publicados em veículos científicos, mas acabava não chegando ao público final. Então, a gente se juntou para empreender, usar a pesquisa dele com o meu conhecimento de mercado para dar uma solução mais impactante”.
Assim nasceu a Juridcs, antiga nomenclatura da empresa, até então voltada ao desenvolvimento de inteligências artificiais focadas nos textos jurídicos. A ferramenta foi tão eficaz que o próprio TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) adotou em seu sistema.
“É uma inteligência que consegue entender o texto jurídico, consegue olhar para o texto, que muitas vezes é complicado para um leigo, e entender de maneira tranquila mediante muito treinamento. A gente desenvolveu a pesquisa dentro da empresa, criamos essa inteligência artificial, publicamos pesquisas e foi demandado pelo próprio TJMS […] o objetivo era criar um banco estadual de precedentes, um banco de dados que agrupa as decisões de 2ª instância para agrupar e identificar como o Tribunal está decidindo sobre certos temas. Será que o tribunal está decidindo da mesma forma processos equivalentes? Ou ele está variando quando cai em um desembargador, julga de um jeito, quando cai em outro desembargador, julga de outro? Não daria pra fazer isso humanamente porque hoje o TJMS julga mais de 80 mil processos por ano, então é um negócio que não dá pra fazer manualmente, mas com a inteligência artificial, sim”, explica Charles.
A IA, então, pegou todos os dados históricos e fez os agrupamentos, dando luz a esse tipo de informação que, até então, estava oculta aos olhos humanos.
“Com essa ferramenta o desembargador pode olhar, ver se aquele tema que está julgando é um tema estável, se está pacificado, se já tem um entendimento do Tribunal, em qual caminho seguir. Isso foi muito motivado por causa do novo Código Processual Civil, que determina que os Tribunais devem identificar e pacificar a sua jurisprudência”, pontua o empresário.
De Juridics para Alfa Neo
Em pouco mais de um ano de criação, a Juridics ampliou sua atuação e cartela de clientes. Portanto, mudar o nome pareceu uma solução viável para alcançar mais negócios. Assim, então, surgiu a Alfa Neo.
Para os sócios, o maior objetivo é transformar pesquisa científica em produtos. Assim, a empresa atualmente trabalha com auditoria por meio de videomonitoramento, em que a IA consegue analisar se uma pessoa numa obra, por exemplo, está fazendo uso dos equipamentos de segurança individual, além de ferramentas utilizadas na área tributária no processamento de notas fiscais eletrônicas em parceria com o Governo do Estado.
Assim, trata-se de uma empresa que desenvolve softwares sob demanda que integra inteligência artificial, propondo projeto para ser aplicado na prática. Confira como a Inteligência Artificial funciona nas plataformas desenvolvidas pela empresa.
Custo de R$ 300 mil
Você deve estar se questionando o valor de tudo isso. Segundo Charles, sua empresa trabalha atualmente com dois produtos:
- A Inteligência Artificial sob demanda específica: para grandes empresas, indústrias e setores governamentais;
- IA InBox: uma ferramenta em que o próprio empresário vai oferecer os dados e treinar sua inteligência artificial, com foco nas pequenas e médias empresas de serviço. Essa ainda está em fase de desenvolvimento.
Para Charles, o custo final da primeira opção é de R$ 300 mil, uma vez que demanda maior quantidade de dados, processamento e treinamento. Já a segunda, quando oficialmente implementada, pode girar em torno de R$ 2 a R$ 3 mil. A Jurisbert, ferramenta para ler textos jurídicos, levou três semanas de treinamento até conseguir desempenhar sua função, por exemplo.
Diante desse cenário, ele alega ter grandes expectativas de crescimento se as negociações seguirem os históricos empresariais. Entre 2021 e 2021, a empresa teve três vezes mais crescimento. Até 2023, cresceu 100% do seu tamanho em equipe e faturamento, pontua o sócio.
“A inteligência artificial veio para ficar, ela é a próxima disrupção. Quando a Internet chegou, ela criou uma disrupção e no modo como as pessoas se comunicavam. Depois veio o mobile, quando as pessoas começaram a ficar o tempo todo online. E agora veio a inteligência artificial, mais uma disrupção que está vindo para o mercado que vai mexer muito. Mas em algum momento, igual aconteceu com a internet e com o mobile, ela também será regulamentada, muitos empregos estão sendo criados”, conclui Charles.
Rumos para o futuro em Mato Grosso do Sul
As empresas de desenvolvimento de softwares de inteligência artificial desempenham um papel crucial nas novas implementações da IA para otimizar processos em várias entidades, públicas ou privadas, como no governo de Mato Grosso do Sul. Afinal, a inteligência artificial contribui para a modernização e aprimoramento dos serviços. Diante das novas transformações tecnológicas, Ricardo Senna, secretário executivo de Tecnologia, Ciência e Inovação do Estado, pontua que o governo já vem caminhando com a IA e que novas otimizações pensadas em big data [grande volume de dados] podem começar a ser implementadas a partir deste ano.
Para ele, a inteligência artificial caminha para a superinteligência. Por isso, o foco agora é o trabalho focado no Big Data que pode, posteriormente, otimizar vários serviços oferecidos pelo Estado à população.
“Aqui no Imasul, eu posso pegar todas as licenças ambientais que foram emitidas, fazer uma avaliação e ali me gerar uma informação. Daqui a pouco, se você quer abrir uma usina de açúcar e álcool, por meio da inteligência artificial, você rapidamente identifica quais são as falhas do projeto ou pendências que precisam ser corrigidas”, exemplifica.
Além disso, cita o laboratório de inovação da PGE (Procuradoria Geral do Estado), onde já começou o trabalho de coleta das informações para fazer a inteligência artificial que poderia, então, ser aplicada para identificar padrões próximos aos comportamentos humanos para gerar informações sobre os pareceres.
Na visão de Senna, a IA também poderia auxiliar no trabalho do Cemtec-MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) para identificar previsões mais apuradas. Todas essas possibilidades seriam viáveis a partir do big data, dados que já foram coletados e passam por fase de estudos para o Governo entender como organizá-los.
“Nós queremos pegar esse grande volume de dados nas mais diversas áreas, como saúde, segurança, educação, desenvolvimento, pra gente poder criar. Então, fazer o nosso big data e a partir dele fazer os testes de algoritmos para ver onde a gente pode melhorar o serviço público para dar mais agilidade. É muito mais do que oferecer serviços digitais, é você dar agilidade e confiabilidade neste tipo de busca que o cidadão quer fazer”, explica o secretário.
Assim, as iniciativas já começaram e estão no plano de futuro no governo Eduardo Riedel, de forma transversal para que os avanços da tecnologia possam romper a ideia de que no serviço público é tudo moroso. Portanto, o objetivo é melhorar os serviços internos e facilitar a entrega à população.
Levando em conta que Mato Grosso do Sul tem 60% dos seus serviços digitalizados, o plano é alavancar o percentual, incluir a inteligência artificial de forma mais ampla do que já é aplicado atualmente e colocar o Estado no “século 21”. Então, a implementação pode começar ainda em 2023 e chegar até a ponta em seguida.
No contexto específico de Mato Grosso do Sul, onde já se observa um significativo avanço na digitalização dos serviços, a colaboração entre as universidades e o governo local pode impulsionar ainda mais esse progresso.
“São as universidades que estão estudando a inteligência artificial, fazendo as iniciativas e estudando os algoritmos”, afirma Senna.
Pesquisas científicas e um futuro promissor
Com o avanço acelerado da inteligência artificial e suas potenciais aplicações em diversos setores, as pesquisas científicas sobre o tema têm se tornado cada vez mais relevantes nas universidades de Mato Grosso do Sul. Dessa forma, as instituições estão à frente de estudos que buscam compreender, aperfeiçoar e utilizar a IA de forma ética e responsável.
Com o objetivo de proporcionar um panorama das iniciativas em andamento, convidamos você a conhecer algumas das pesquisas e projetos desenvolvidos por essas instituições, que estão contribuindo para a evolução da IA e promovendo avanços tecnológicos que impactam diretamente a sociedade.
UEMS
- Sistema de identificação de bovinos e estimativa de massa apoiado em visão computacional e redes neurais convolucionais. Pesquisadora: Vanessa Aparecida de Moraes Weber (Projeto de Inovação Cadastrado na Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação da UEMS). Essa pesquisa, inclusive, já está avançando.
- Laboratório de Inteligência Artificial em Saúde na Rota de Integração Latino Americana. Pesquisadora: Ana Cláudia Alves Pereira (Projeto de Pesquisa e Inovação Cadastrado na Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação da UEMS).
- Estudo e Aplicações do Aprendizado de Máquina nos dados da Covid-19. Pesquisadora: Paula Aparecida Kikuchi (Projeto de Pesquisa Cadastrado na Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação da UEMS).
- Codigestão anaeróbia de resíduos hortifrutigranjeiros e efluente proveniente do abate de suínos controlada por Redes Neurais Artificiai. Pesquisador: Leandro Fleck (Projeto de Pesquisa Cadastrado na Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação da UEMS).
- Análise entre dinâmica e topologia em redes neurais. Pesquisador: Osvaldo Vargas Jaques (Projeto de Pesquisa Cadastrado na Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação da UEMS).
UCDB
A UCDB (Universdiade Católica Bom Bosco) afirma ter dezenas de projetos sobre inteligência artificial sendo desenvolvidos neste momento. No total, são 32 orientandos, desde alunos de iniciação científica até doutorado. Confira algumas pesquisas:
Comparação de Arquiteturas CNN para Classificação Morfológica em Suínos com Foco em Monitoria Sanitária
- Estimativa de Escore e Peso Corporal do Gado Nelore usando Redes Profundas;
- Contagem de ovos de mosquitos Aedes aegypti usando redes profundas para detecção de objetos;
- Detecção em tempo real de plantas daninhas por espécie em imagens de soja capturadas por VANT;
- Identificação de tanques de peixes para melhorar a experiência dos visitantes do Bioparque do Pantanal usando IA;
- Contagem de larvas de tilápia usando imagens capturadas por smartphones;
- Aprendizado profundo aplicado à detecção de equipamentos em telhados planos em imagens capturadas por VANT;
- Viabilidade de sementes de guavira usando visão computacional;
- Adaptação de domínio não supervisionada usando transformers para detecção de linhas e falhas de cana-de-açúcar;
- Identificação de espécies vegetais em regiões pantanosas usando imagens de VANTs e técnicas de aprendizado profundo;
- Escore corporal de cascavel a partir de imagens usando redes profundas;
- Métodos de aprendizado de máquina para previsão do volume de madeira de eucalipto.
A equipe de reportagem também entrou em contato com a UFGD (Universidade da Grande Dourados), que informou ter dois projetos de pesquisas na esfera da Inteligência Artificial. A UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) também foi contatada e listou todas as pesquisas no âmbito de inteligência artificial neste link.
Inovação e experiência laboratorial
Como visto até então, o investimento em inteligência artificial tem impulsionado o surgimento de startups especializadas no setor, que se tornaram protagonistas na transformação tecnológica em diversos segmentos da economia. Essas empresas, muitas vezes, como no caso das citadas na reportagem, encontram apoio e inspiração nas pesquisas desenvolvidas pelas universidades, que fornecem conhecimento e base científica. Reconhecendo a importância desse ecossistema, o Sebrae-MS tem atuado como um aliado fundamental, oferecendo serviços de consultoria e capacitação para impulsionar o crescimento dessas startups e contribuir para o desenvolvimento do setor de inteligência artificial no Estado.
Segundo Flavio Domeniche, analista-técnico do Sebrae-MS, a instituição oferece o laboratório de inovação e prototipagem denominado Living Lab, serviço que promove a inovação por meio da experiência laboratorial onde os negócios inovadores têm a oportunidade de validar suas soluções tecnológicas, capacitar e se conectar com outros atores que podem fomentar e fortalecer o desenvolvimento do seu empreendimento.
“Algumas dessas instituições já estão utilizando os recursos oferecidos para desenvolverem seus produtos e pesquisas, cabendo a ela a responsabilidade e a propriedade do estudo feito. O Sebrae/MS oferece todo o apoio a estas iniciativas, inclusive a orientação dos caminhos que elas devem percorrer durante a transferência do conhecimento”, explica.
Questionado sobre quais os principais desafios enfrentados pelas empresas que apostam na IA no Estado, Flavio alega ser a dificuldade em encontrar profissionais, estrutura físicas e digitais que atendam às necessidades, mas o Sebrae incentiva esse nicho “promovendo ações, como eventos, missões técnicas e sessão de negócios, que fomentam a visibilidade das empresas locais e conectam as soluções com o mercado nacional e internacional.”
As suas empresas citadas na reportagem, Adminer Pro e Neo Alfa, foram incubadas pela instituição. Charles, inclusive, disse que participar dos programas de incentivo foi o pontapé inicial para dar início aos negócios ao lado do sócio.
Assim, outros interessados também podem ir atrás de ações de incentivo, como o programa Capital Empreendedor, que tem como objetivo orientar e capacitar startups para se aproximarem e negociarem com investidores. Há também outras instituições de fomento com editais próprios, a exemplo da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul), com ações voltadas a pesquisas que se enquadram nesses requisitos solicitados.
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