Os letreiros luminosos de ônibus de Campo Grande amanheceram nesta segunda-feira (14) com a mensagem “Obrigada por tudo, Leo”. O protesto de motoristas de ônibus foi motivado pela demissão do diretor da Viação Cidade Morena, Leonardo Constantino Meneghin, após 16 anos no cargo.

Agora, ex-funcionário, Meneghin gravou um vídeo de despedida aos colegas, alegando que foi desligado por “ordem acima”. As imagens foram divulgas no perfil do Ligados no Transporte CG.

“Meus irmãos, que trabalharam comigo por muitos anos, não faço mais parte da equipe, contra minha vontade. Infelizmente, foi uma ordem acima de mim, de não fazer mais parte [da equipe]. Sempre procurei fazer uma gestão humana, do bem, de coração, amor ao próximo e ajudar, fazer o máximo pela viação. Desejo que sejam muito felizes, que possam conseguir atingir a meta. Estou muito triste”, disse.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do consórcio, que informou estar apurando a situação. A assessoria afirma que a mensagem no letreiro do ônibus pode ter sido uma ação isolada de um motorista, mas o Jornal Midiamax recebeu imagens de diferentes veículos com a mesma mensagem.

A reportagem apurou que o ex-diretor da Viação possui registros de 14 empresas em sociedade com outras pessoas, sete delas estão ativas. Maioria das empresas está ligada ao agronegócio. Uma das fazendas, localizadas em Nova Alvorada do Sul, tem capital social de R$ 7,6 milhões.

Mensagem
Letreiro de coletivo com mensagem ao ex-funcionário (Leitor Midiamax)

Paralisação?

Conforme informações apuradas pelo Jornal Midiamax, indignados com o desligamentos, motoristas cogitam até paralisação na próxima segunda-feira (19), em protesto para o cargo ser devolvido.

“Leonardo foi substituído injustamente, aparentemente por ser um bom chefe e visa ajudar os funcionários”, disse um trabalhador.

Quem são os donos?

Leonardo fazia parte da liderança da família Constantino, que atua no ramo de transportes. Conforme informações no site Transparência.cc, que lista empresas e CNPJs ligadas a pessoas, Nelson Guenshi Asato é o nome ligado ao CNPJ do Consórcio Guaicurus.

Uma delação de 2017, revelada em 2019 pelo Midiamax, aponta a possibilidade de o verdadeiro dono ser outro. A possível fraude foi detalhada pelo advogado Sacha Reck, que ajudou os empresários interessados na concessão do transporte público em 2011 e 2012 em Campo Grande.

Sacha prestava assessoria para as empresas de ônibus interessadas em participar da concorrência do transporte coletivo, geralmente da família Constantino, o que foi feito pelas empresas que formariam o Consórcio Guaicurus, em contrato assinado no dia 15 de janeiro de 2011, mais de um ano antes do lançamento do certame em que seriam vencedoras. Toda a narrativa construída pelo advogado na delação atribui à família Constantino a administração do Consórcio.

Constantino de Oliveira, conhecido como Nenê Constantino, é um empresário brasileiro justamente do setor de transportes. Também é pai de Constantino Jr. e Henrique Constantino.

Juntamente com seus filhos, é dono do Grupo Comporte, composto pelas empresas Expresso União, Viação Piracicabana, Princesa do Norte, Breda, Empresa Cruz, Penha, entre outras. Ele também já foi dono da Gol Linhas Aéreas.