Sem-teto expulsos do Batistão protestam em área ocupada por estacionamentos em frente à Anhanguera

Moradores levaram colchões para simular uma ocupação e denunciam diferença de tratamento em terrenos ocupados em área nobre

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Moradores do Batistão (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Um grupo de pessoas protesta simulando uma ocupação no bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande, na manhã desta quarta-feira (9). A manifestação ocorre próximo a uma universidade na Avenida Ceará, no quadrilátero das ruas Elvira Coelho Machado, São Vicente de Paulo, AnaJás e Travessa Guruá. Foram levados colchões para o local.

As pessoas protestam contra a desocupação de uma área no bairro Lagoa Park, no último fim de semana. 

Segundo a autônoma Gisele da Silva Marques, de 27 anos, agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e de pessoas que afirmavam ser da Prefeitura Municipal de Campo Grande chegaram ao local por volta das 16h e começaram a derrubar os barracos. O grupo estava no espaço há 48 dias. 

A mulher conta que a desocupação durou dois dias e que os filhos ficaram assustados com a movimentação.

“É muito doloroso ver tudo derrubando, no dia seguinte voltaram tentando derrubar de novo, as crianças já estavam cansadas de tudo que aconteceu no dia anterior”, ela conta. 

Uma vizinha da ocupação no Lagoa Park, Deusli Silva de Oliveira, de 53 anos, conta que por muitos anos o espaço ficou abandonado e era depósito de produtos roubados. Ela se juntou à manifestação no bairro Chácara Cachoeira em solidariedade ao grupo. 

Terreno é usado como estacionamento. (Nathalia Alcântara, Midiamax)

“Era um verdadeiro lixão, era uma área enorme que não tinha nenhuma serventia, quando eles chegaram limparam o terreno, o que fez muita diferença para a gente que é vizinho. Cada um está ficando em um lugar para viver e estou aqui prestando o meu apoio por alguém que quer que o meu bairro mude também”, ela se recorda. 

De acordo com os manifestantes, o terreno usado para o protesto, nesta quarta-feira, no Bairro Chácara Cachoeira, não foi escolhido em vão. Eles argumentam que a área é pública, mas que tem sido usada de forma irregular como estacionamento por empresas privadas.

De acordo com Joaquim Doaginon, que participa de movimentos sociais, o grupo aponta que há uma diferença de tratamento quando a área ocupada é em periferia e em área nobre. 

Ele afirma que também procuraram a Defensoria Pública na terça-feira (8), e devem ir também nesta quarta (9), para solicitar um mandado de segurança que assegure que não saiam da área no Lagoa Park. 

A previsão é que pessoas que foram obrigadas a desocupar outras áreas, como Samambaia e Parque do Sol, também compareçam no protesto. 

Enquanto o grupo manifestava, um homem, que não quis se identificar, foi até o terreno e afirmou que seria o proprietário da área no Bairro Chácara Cachoeira. Ele também ameaçou chamar a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) e a Polícia Militar, mas os manifestantes afirmaram que não irão sair do local.

O Midiamax perguntou à Prefeitura Municipal de Campo Grande quem é o dono do terreno que é usado para a manifestação e questionou sobre a ação de desocupação do Lagoa Park.

Confira abaixo a nota:

“A Segov informa que a área verde é de domínio público. As famílias foram cadastrados pela Secretaria Municipal de Assistência Social – SAS que, em conjunto com a Emha estão organizando os trâmites necessários para iniciar o auxílio moradia (aluguel social). Já está sendo feito o levantamento dos dados através do CadÚnico de todos”, finaliza a nota.

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