Descendente de indígenas que lutaram na Guerra do Paraguai, Aldeia Campina relata abandono
Terra indígena Kadiwéu está situada em Porto Murtinho e povo decidiu transferiu voto eleitoral para Bodoquena
Karina Campos –
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O Povo Indígena da Aldeia Campina, em Porto Murtinho, a 438 quilômetros de Campo Grande, relata situação de abandono e falta de atenção primária. A comunidade decidiu, recentemente, transferir o título de eleitor para a cidade vizinha, Bodoquena.
Em Mato Grosso do Sul, a população Kadiwéu está dividida em quatro aldeias, sendo a maior em Bodoquena. Conforme o cacique Pedro Nunes Romeo Filho, a cidade vizinha fica a 50 km da aldeia, enquanto a região urbana de Porto Murtinho a mais de 200 km.
Dentre as reivindicações, o cacique cita o esquecimento na obra da escola indígena que já dura dois anos. O atendimento especializado de saúde só aconteceria em dias de mutirão, ações que não são feitas há dias.
“Procuramos recentemente o município, pedindo uma ajuda para ação do Dia do Índio, uma das secretárias disse para procurarmos Bodoquena. Aqui nos procuram apenas em dia de eleição, para pedir voto, por isso estamos transferindo nossos títulos para lá. Geralmente já realizamos a maioria das coisas lá, como mercado, então se a atenção vem de Bodoquena, preferimos assim. Fomos bem recepcionamos pelo poder público de lá”, disse o Cacique.
São cerca de 30 famílias, quase 200 pessoas descendentes dos “Índios Cavaleiros” que lutaram na Guerra do Paraguai. “A comunidade tem participação histórica em Porto Murtinho, mas nos sentimos abandonados. As estradas de acesso estão em precárias condições. Na semana passada um carro caiu em uma valeta”.
O que diz a prefeitura
O prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra Ribeiro (PSDB), negou a falta de suporte do município, dizendo que específicas questões seriam de responsabilidade da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígenas).
“A saúde, por exemplo, deve ser suporte do Governo do Estado, não é a prefeitura que cuida. Sobre a escola, mantemos a merenda que atende toda a comunidade. O que aconteceu foi que a [gestão da] prefeitura passada [licitou] a empresa, que pegou o serviço com muita dificuldade e está terminando agora”, relatou.
Sobre a questão da localização, Cintra esclareceu que a proximidade com a outra cidade facilita a rotina da população indígena e que já costumavam votar na região. “Quanto a geolocalização, vamos licitar uma empresa para constatar que a Aldeia Campinas pertence a Porto Murtinho e não Bodoquena. Vamos ingressar na justiça por um corte de terra transferido para lá sem autorização do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)”, finalizou.
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