Pular para o conteúdo
Cotidiano

Crianças indígenas de MS serão alfabetizadas na língua materna; programa atende quatro línguas

Alfabetiza MS Indígena será implantado nos 79 municípios do Estado
Dândara Genelhú -
língua indígena
Seminário debateu o tema na UEMS. Foto: Dândara Genelhú/ Midiamax.

O processo de alfabetização de crianças indígenas de Mato Grosso do Sul será feito na própria linguagem utilizada pela comunidade. Isso porque o programa Alfabetiza MS traduzirá materiais didáticos para quatro línguas de povos originários do Estado.

A ação foi tema de seminário na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) nesta quinta-feira (18). “É um programa que nós lançamos, assinamos ele em 21, implementamos no estado em 22. MS Alfabetiza é um regime de colaboração que o Estado faz com todos os municípios”, lembrou o secretário-adjunto de Educação, Edio de Castro.

Segundo o adjunto, a parceria entre o Estado e município se dá pela distribuição de material pedagógico produzido por MS. “A educação visa alfabetizar na idade certa, ou seja, no primeiro e no segundo ano”, afirmou.

Nestas fases, o ensino é ofertado pelas redes municipais. Assim, 60 escolas de MS participam, sendo que 30 serão premiadas pelo bom desempenho.

Alfabetiza MS Indígena

Para melhor atender as crianças indígenas, criadas em línguas originárias, o programa passou por adaptação. “Vamos transcrever todo esse material a partir deste ano, para implementar no que vem junto com eles na linguagem deles”, explicou.

Além disso, destacou que “isso vai facilitar, evidentemente, a alfabetização deles, em igualdade de condições com os que estão nas nossas redes no dia a dia”. No início, haverá tradução do material para quatro línguas.

“Esse início vai começar com quatro, Guarani, Kaiowá, e Kadiwéu”, apontou. No entanto, são sete línguas originárias em MS, sendo que três estão quase extintas do território sul-mato-grossense.

Assim, a coordenadora do MS Alfabetiza, Estela Andrade, disse que estão em processo de contratação de tradutores. “As línguas ainda serão de acordo com os linguistas que nós vamos conseguir contratar para fazer tradução do material”, ressaltou.

Quando o projeto começa?

Conforme a diretora da Fadeb (Fundação de Apoio e Desenvolvimento da Educação Básica de MS), Cecília Motta, “ano que vem a criança será alfabetizada em duas línguas, na língua indígena e na portuguesa”.

Ela ressaltou que o projeto é o primeiro do país. “O Brasil está construindo uma alfabetização na língua portuguesa, mas no Brasil não tem apenas a língua portuguesa, temos outras línguas. E MS é o segundo estado com maior população indígena”, lembrou.

“A gente é alfabetizado na língua da gente e eles falam uma língua toda diferenciada”, disse. Sobre as três línguas que estão em processo de extinção, a diretora garantiu que haverá um trabalho de resgate.

Comunicação pela língua nativa

Na Aldeia Bananal, em , 90% da comunidade se comunica com a língua nativa. Anciões usam o terena na aldeia, língua que se mantém entre as crianças.

Ao Jornal Midiamax, o cacique e professor, Celio Fialho, disse que os materiais traduzidos ajudam na da língua.

“A importância da manutenção da língua é a valorização da cultura. Uma vez que a comunidade indígena ela perde sua língua, ela perde uma parte da sua cultura”, explicou.

Assim, destacou que o “trabalho dentro da Secretaria de Educação, dentro do âmbito da educação, ele é muito importante, porque lá dentro da escola além manter a cultura, valoriza”.

Secretaria de Educação Indígena

Por fim, o professor e técnico pedagógico indígena nacional, Joaquim Maná Kaxinawá, palestrou no seminário. Em entrevista, lamentou que a educação formou-se no país de forma não inclusiva. “Os povos começaram a pensar: Por que a gente só aprende conhecimento e não ensina o nosso conhecimento?”, lembrou.

Então, reforçou a importância do projeto pioneiro em MS. “De 1,3 mil povos que existia, só existem 305 povos. São estimadas 70 línguas falantes e outras já não falam mais”, lastimou a perda da cultura.

“Futuramente nós queremos que seja criada a Secretaria Especial de Educação Indígena, tanto no meu estado [Acre], quanto no MEC, quanto nos municípios. Onde tiver esses povos tem que ter essa demanda, essa instituição”, comentou.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Bitrem carregada com soja tomba na MS-134 e trecho fica interditado

Chulé: por que seus pés fedem e o que fazer para se livrar do mau cheiro?

VÍDEO: Incêndio se aproxima de casas e morador usa mangueira para controlar chamas

Morre motociclista atingida por carro em avenida de Dourados

Notícias mais lidas agora

padre carlo acutis

Padre de Campo Grande se ajoelhou na cama de Carlo Acutis e divulgou milagreiro ao mundo

Relatório de monitoramento do TAG do Consórcio Guaicurus deve ser entregue até fim de setembro

bolsonaro

Confira como foram os primeiros dias de julgamento de Bolsonaro e o que esperar para a próxima semana

Ciclista morre dias após acidente em Chapadão do Sul

Últimas Notícias

Cotidiano

Mais um: incêndio se alastra, provoca vazamento e preocupa moradores na Vila Morumbi

Neste sábado um incêndio de grandes proporções também atingiu um terreno baldio localizado no Jardim Nashiville

Famosos

Ex-vocalista do Exaltasamba cancela agenda de shows após ser internado em São Paulo

Artista está sob cuidados médicos e ficará longe dos palcos por, pelo menos, 10 dias

Brasil

BNDES lança edital voltado para recuperação da floresta amazônia

Serão disponibilizados até R$ 6,3 milhões para Bacia do Rio Xingu 2

Cotidiano

Balanço: mais de 5,3 mil veículos foram abordados durante operações da Lei Seca em agosto

Duas pessoas foram presas em flagrante e 67 pegas pelo Detran/MS dirigindo sem CNH