Censo: Aquidauana ganhou 105 moradores por ano e é a 9ª maior de Mato Grosso do Sul

Os dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) colocaram a cidade de Aquidauana, localizada na região pantaneira de Mato Grosso do Sul e a 148 quilômetros de Campo Grande, no ranking das 10 cidades mais populosas do Estado. Município ocupa o 9º lugar com população total de 46.803. Confira:

Ainda conforme os dados do IBGE, o último Censo realizado em 2010 apontava 45.614 habitantes na cidade, o que representa um saldo de 1.260 novos moradores em 12 anos. Assim, a taxa de crescimento bruto do período foi de 2,76% e de crescimento geométrico de 0,23% por ano. Além disso, dados apontam uma densidade demográfica de 2,74 habitantes por quilômetro quadrado no município.

Apesar do crescimento populacional, o secretário municipal de Finanças de Aquidauana, Ernandes Peixoto de Miranda, afirmou ao Jornal Midiamax que o município tinha a expectativa de atingir os 50 mil habitantes em 2022. Porém, alega que os dados do IBGE colocaram a cidade no mesmo parâmetro e não ocasionaram perda de receita. Assim, os dados não serão contestados.

“Todos os trabalhos foram feitos em conjunto com os recenseadores. O município colocou à disposição agentes comunitários de saúde e isso nos ajudou bastante as tirar as dúvida com relação aos domicílios que estavam considerados como fechados e, naturalmente, isso mudou a nossa previsão inicial de que estaríamos com aproximadamente 43 mil habitantes”, elenca Ernandes.

Aquidauana teve 21.169 municípios recenseados. Desses foram considerados:

Particular: 21.141;

Particular permanente: 21.128;

Particular permanente ocupado: 15.929;

Particular permanente ocupado – com entrevista: 15.367;

Particular permanente ocupado – sem entrevista: 562;

Particular permanente não ocupado: 5.199;

Particular permanente não ocupado – vago: 2.734;

Particular permanente não ocupado – uso ocasional: 2.465;

Particular improvisado: 13;

Coletivo: 28;

Coletivo – com morador: 10.

Dados do IBGE ainda apontam redução na média de moradores em domicílios particulares permanentes. Enquanto em 2010 era de 3,31 pessoas numa mesma residência, número caiu para 2,92 em 2022.

Turismo, comércio e trabalhos atraem novos moradores

Questionado sobre o motivo do crescimento populacional da cidade, Ernandes elencou que o turismo, comércio local e trabalhos na região são os principais atrativos para os novos moradores.

“O comércio local é o maior empregador da região porque Aquidauana não é uma região agrícola, é uma região pecuária. Então a maior oferta de emprego é na área urbana porque 85% da população está na área urbana. Ainda é um ponto de passagem para turistas, por isso o município tem investido no seu potencial turístico para que as pessoas permaneçam aqui alguns dias visitando os pontos de visitação”.

Além disso, dois frigoríficos instalados na região são responsáveis por empregar aproximadamente 600 trabalhadores cada, sendo muitos profissionais moradores de Aquidauana. Ernandes ainda explica que um dos empreendimentos fechou durante um período, o que ocasionou numa evasão de habitantes para procurar oportunidades em outros locais.

Investimentos na cidade

Ernandes especifica que Aquidauana está num “momento diferenciado” devido ao foco nos investimentos de infraestrutura e acessibilidade na cidade, uma vez que região passa a ter outras expectativas com sua movimentação econômica. Assim, cerca de R$ 50 milhões devem ser usados até o fim do ano para obras de pavimentação, infraestrutura e drenagem.

Uma delas é a pavimentação da BR-419. “Vai dar outro foco de desenvolvimento para Aquidauana e região porque vai ser mais um corredor de escoamento da produção do Estado, além de ser alternativa passagem turística pelo Pantanal na região de sudoeste. A tendência é agregar novos investimentos, interesses e empresariado em usar Aquidauana como ponto estratégico na logística da rota Bioceânica”.

Assim, trecho da BR-419 de Rio Verde a Rio Negro já foi iniciado. Aquidauana integra o segundo trecho da rodovia. Por lá, trabalhos de pavimentação já iniciaram e rota liga 60 quilômetros do município até a região de Taboco. Rota atinge mais de 200 quilômetros de extensão no Estado.

Cidade segura e com “um pouco de tudo”

O proprietário rural José Moreira Filho, de 75 anos, contou ao Jornal Midiamax que não troca Aquidauana “nem de graça”. Nascido e criado no município, percebe maior crescimento nos últimos anos, como melhorias nos bairros, além de atrair muito a classe trabalhadora.

“É uma cidade que tem um pouco de tudo, é próxima de Campo Grande, tem tudo aqui, lanchonete, banco, restaurante a qualidade de vida é ótima. O trânsito é melhor, é mais seguro, é uma beleza”, diz.

José mora sozinho com a esposa, também natural de Aquidauana, na mesma casa há 40 anos. Os três filhos e cinco netos estão distribuídos em Miranda, Dourados e outras cidades do Estado.

“O único ponto negativo de Aquidauana é a saúde, temos hospitais bons, mas não é um polo médico, mas tem laboratórios de análises, clínicas, etc”. Mesmo precisando se deslocar até Campo Grande para realizar alguns tratamentos de saúde, é convicto ao afirmar que não moraria na Capital.

“Pessoas de Aquidauana são ótimas, você vive sorrindo para todo mundo, todo mundo te cumprimenta é uma ótima qualidade de vida. É uma cidade do interior muito aconchegante, não moro em outro lugar nem de graça”.

Características também pontuadas pelo secretário de finanças da cidade, que gera muita expectativa devido a sua “proximidade com de Campo Grande, o turismo está bem desenvolvido na região de Aquidauana, Camisão e Pantanal, além de despertar interesse das pessoas que precisam de um local seguro [para morar]”, conclui o gestor.

Falta de entretenimento desanima

Enquanto isso, Helio Alves Tinoco, jornalista e sociólogo de 58 anos, é carioca e morava em Campo Grande, mas se mudou para Aquidauana em fevereiro de 2023 para acompanhar o seu companheiro, que foi transferido para trabalhar em Anastácio. Para o homem, a tranquilidade é o principal ponto positivo de Aquidauana, enquanto o negativo é a falta de lazer.

“Não há lazer. Tem até o ecoturismo [que] é legal. Mas entretenimento de cultura e gastronomia, carece”, razão pela qual pensa em se mudar, conclui o morador.