Com 9 presos, indígenas voltam a ocupar área e prometem fechar rodovia em Dourados

Ex-candidato ao Governo de MS, Magno Souza está entre os presos

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indígenas
Foto: Marcos Morandi/Midiamax

Desde a madrugada desta segunda-feira (10), várias famílias indígenas voltaram a ocupar a área onde está sendo construído um condomínio de luxo em Dourados, a 220 quilômetros de Campo Grande. Os grupos também pretendem fechar rodovias se os nove presos no último sábado (8) não ganharem a liberdade.

A equipe do Midiamax esteve no local nesta manhã. Os índios prometem resistir e barrar a construção. Eles alegam que a obra está feita em uma área que faz parte do território indígena.

“Nós não vamos atacar ninguém, apesar de estarmos sendo ameaçados. Mas também não queremos ser atacados. A gente está retomando apenas o que é nosso. Não estamos invadindo nada”, explicou uma liderança ouvida pela reportagem.

Ainda segundo essa mesma liderança, a construtora já tinha sido avisada para não levantar o muro até que a Justiça resolvesse a situação, mas a empresa não cumpriu o acordo.

No último sábado (8), dez indígenas foram presos, entre os detidos está o ex-candidato ao Governo de Mato Grosso do Sul, Magno Souza (PCO). A Justiça Federal deve seguir analisando o caso.

O MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) pediu pela prisão preventiva do ex-candidato e dos demais detidos. No entanto, por serem indígenas, o caso será analisado pela Justiça Federal.

Os indígenas estavam no local desde a última quinta-feira (6) e, sem conflitos, o grupo foi preso no sábado. Um idoso de 77 anos que estava entre os dez indígenas presos foi ouvido e liberado após intermediação da DPE (Defensoria Pública do Estado) do Mato Grosso do Sul.

Os índios prometem resistir e barrar a construção.
Foto: Marcos Morandi/ Midiamax

Os outros nove continuam detidos e respondem pelos crimes de ameaça, lesão corporal, esbulho possessório, associação criminosa e porte ilegal de arma.

O grupo deve passar por uma audiência de custódia. Em depoimento à Polícia Civil, os indígenas negaram as acusações, e afirmam ter ocupado o terreno em protesto contra o início das obras do condomínio. Os indígenas afirmam que a área faz parte do território indígena.

O Conselho Indigenista Missionário denuncia que a operação foi realizada sem mandado judicial. Após as prisões, dezenas de indígenas se dirigiram à área retomada, em solidariedade aos detidos, aguardam a liberação dos presos na audiência de custódia.

Ataque em Amambai

O indígena Márcio Moreira, de 25 anos, foi morto no dia 14 de julho do ano passado, em Amambai, e teria sido vítima de uma emboscada, com cerca de 20 pessoas. Ele estava acompanhado de outros quatro indígenas.

A vítima era um dos líderes Tekoha Gwapo’y Mi Tujury, na cidade. Líderes indígenas, que preferiram não se identificar, relatam que Marcos teria sido contratado para realizar um trabalho de construção.

O caso aconteceu 20 dias após o confronto entre indígenas e policiais militares, que resultou na morte de Vitor Fernandes, de 42 anos.

2º maior em assassinato de indígenas

Mato Grosso do Sul é o segundo Estado brasileiro em assassinatos de indígenas no Brasil, atrás apenas do Amazonas, segundo mapa da violência contra povos indígenas do Cimi (Conselho Indigenista Missionário).

Em 2021, o Conselho registrou 335 ações violentas contra índios, com 176 mortes. Dessas, 38 foram no Amazonas e 35 em Mato Grosso do Sul.

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