Candidatos acusam banca de ‘sumir’ com provas e denunciam fraude em concurso do MPMS
Eles tiveram nota zerada e acusam banca organizadora de substituir provas por folhas em branco
Lethycia Anjos –
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O sonho de se tornar Promotor de Justiça transformou-se em pesadelo para quatro candidatos que participaram do concurso do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande. Conforme os candidatos, a equipe responsável pela avaliação perdeu as provas e as substituiu por folhas em branco, o que levou os candidatos a terem a prova zerada.
O concurso garantiria ingresso na carreira de promotor de Justiça substituto com salário de R$ 27,3 mil, as provas escritas foram realizadas entre os dias 29 de janeiro a 3 de fevereiro e recebeu candidatos de todo o Brasil.
Conforme a denúncia, em 16 de agosto, uma sessão pública foi realizada para a verificação das provas. Na ocasião, quatro candidatos da mesma sala (E107) descobriram que haviam recebido nota zero.
No dia 21 de agosto, as provas foram disponibilizadas de forma virtual, mas, ao acessar os resultados, esses candidatos descobriram que suas provas haviam sido substituídas por folhas em branco.
Um dos prejudicados, viajou de outro estado e precisou desembolsar mais de R$ 2 mil durante sua estadia em Campo Grande. Ao Jornal Midiamax ele relatou que foi pego de surpresa ao descobrir que sua prova havia sido zerada.
“Quando checamos as provas, descobrimos que a equipe responsável pela organização, a AOCP (Assessoria em Organização de Concursos Públicos), simplesmente extraviou nossas provas e as substituiu por folhas em branco de rascunho”, explicou.
Para o candidato, há uma fraude envolvida, uma vez que esses quatro candidatos mantêm os rascunhos em suas casas e assinaram as provas, que seriam somente verificadas durante a sessão de julgamento.
De acordo com o denunciante, quando questionaram a AOCP sobre o destino das provas, receberam a resposta de que o assunto estava resolvido e havia sido encaminhado ao departamento competente.
“Ninguém se responsabilizou pela troca das provas. Quem fez essa troca? Isso indica claramente uma fraude. Onde estão as provas extraviadas? Por que há outro documento no lugar? O Ministério Público também não se pronunciou a respeito”, lamentou.
Denunciantes foram coagidos
O denunciante também afirmou que, além da negligência da banca organizadora, os candidatos prejudicados foram coagidos pelos aprovados no exame.
“Falaram que já que fomos provavelmente reprovados, não tinha problema perderem nossa prova, entraram no ‘grupo dos lesados’ e ficaram jogando nossas conversas em outros grupos. Coagiram colegas que simpatizaram conosco a se calarem e não incentivarem a busca por informações”, relata.
Segundo ele, o propósito era fazer com que os candidatos prejudicados desistissem da denúncia, o que permitiria que o concurso prosseguisse até a fase de provas orais.
“Eles queriam avançar para a próxima etapa sem a anulação do concurso devido à fraude. Me sinto muito lesado, se não seguirmos a regras somos eliminados. Passei por detector de metal, caneta transparente, tive tendinite, para nada”, lamentou.
O concurso é dividido em várias etapas e teve início em dezembro de 2022. Ele inclui sete fases no total, abrangendo provas escritas, avaliação psicotécnica, verificação social, provas orais, análise de títulos e exame de saúde física e mental.
O edital de abertura também especificava sete vagas para promotor de justiça substituto – seis para ampla concorrência e uma para candidatos negros – e aquelas que surgirem até dois anos após a homologação. O salário oferecido é de R$ 27.363,98.
Candidato eliminado por uso de celular
No mesmo concurso, um candidato foi eliminado por ser flagrado com um celular durante a prova. A eliminação foi comunicada no Diário Oficial do MPMS e foi assinada pelo procurador-geral de Justiça, Alexandre Magno.
Conforme a decisão, o candidato foi eliminado por utilizar um dispositivo eletrônico. Esse tipo de infração, assim como qualquer tentativa de fraude, resulta na eliminação do candidato e na sua imediata remoção da sala de prova.
Além disso, é proibido o uso de notebooks, gravadores, câmeras, controles de alarme de carro ou quaisquer dispositivos similares. A violação cometida pelo candidato teria ocorrido durante a segunda fase das provas escritas.
De acordo com apurações do Midiamax, o candidato é servidor público e foi aprovado em concurso público em 2018 pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), onde exerce a função de analista. Nesse concurso, 18 servidores foram convocados.
A reportagem entrou em contato com a AOCP, responsável pela organização do concurso, e também com a assessoria de imprensa do MPMS para posicionamento a respeito das denúncias, mas não houve retorno até a publicação da reportagem. As tentativas de contato, por email, foram devidamente registradas e o espaço segue aberto para manifestação.
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