Aquecido pela rodoviária, comércio no Pioneiros virou rota lojista com mais de 300 pontos
Com quase três quilômetros, principal rua do Bairro Pioneiros tem de advogado a concessionária de motos
Clayton Neves –
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Em meio a dezenas de lojas é até difícil encontrar casas que resistiram ao avanço do comércio na Rua Ana Luiza de Souza, em Campo Grande. No coração do Pioneiros, a via com quase três quilômetros é a mais importante do bairro e endereço de 363 pontos comerciais registrados.
Na série de reportagens que o Jornal Midiamax publica nesta semana, você vê em detalhes a expansão do comércio nos bairros de Campo Grande, que tem se fortalecido nos últimos anos.
Conectada à Avenida Gury Marques, a poucos metros da rodoviária da cidade, a via que dá acesso a diferentes bairros da região sul abriga variedade de estabelecimentos, que se dividem entre as áreas da moda, beleza, alimentação, saúde, educação, construção e serviços diversos. Entre moradores, é consenso que a Ana Luiza de Souza é a rua onde se encontra de tudo.
Posto de saúde? Tem. Lotérica? Tem também. Escolas? São quatro, entre públicas e particulares. A lista ainda inclui postos de gasolina, supermercados, gráfica, dentista, floricultura, cabeleireiro, diferentes tipos de lanchonetes e restaurantes, além de pet shop, escritório de advocacia, bicicletaria e até concessionária de motos e autoescola. A variedade é tanta, que muita gente de bairros vizinhos procura a Ana Luiza.
“A gente tem de tudo e não precisa ir ao Centro toda vez que tem que comprar algo. Moro aqui há 12 anos e só saio para pesquisar preços ou para resolver coisas de banco, que é uma das poucas coisas que ainda não chegou no bairro”, comenta a aposentada Carmelita Ferreira, de 68 anos.
Efeito Rodoviária
Entre moradores que estão há mais tempo na região existe um consenso: a chegada da nova rodoviária, em outubro de 2009, foi determinante para o desenvolvimento econômico e social do entorno da Rua Ana Luiza de Souza. Funcionária pública, Zaire Souza, de 45 anos, foi morar ainda pequena no bairro e viu de perto o crescimento da redondeza.
“Depois da rodoviária o fluxo de pessoas aumentou demais e o pessoal entendeu que valia a pena ter um negócio aqui, além disso, a rua é rota de acesso para outros bairros e por isso está sempre movimentado. Para nós que morado, ter tudo por perto é uma comodidade bem grande e quem mora aqui nem pensa em sair”, pontua.
Veterana na região, dona Maria Aparecida Buque compartilha do mesmo pensamento. Aos 58 anos, ela é dona da primeira padaria da Rua Ana Luiza de Souza. “Em 2023 vamos fazer 40 anos”, relata. Quando chegou ao bairro, no final dos anos 70, a rua que mais tarde viria a ser um centro comercial abrigava apenas quatro lojas. “Era uma farmácia, um mercadinho, um bar e um bolicho”, lembra.
Anos depois, Maria casou-se com um padeiro e junto do marido, abriu o negócio que está com a família até hoje. De lá para cá, a moradora conta que viu o cenário do bairro se transformar. “Com o tempo foi chegando mais gente, o pessoal abrindo um comércio aqui, outro ali e a região cresceu”, acrescenta.
Para ela, a inauguração da rodoviária alterou a rotina dos moradores e comerciantes, e transformou a rua em um importante ponto comercial na área sul da cidade. “Começou a circular mais gente e até o aluguel por aqui ficou mais caro. A rodoviária movimentou a região”
Setor imobiliário
Enquanto a maior parte das imobiliárias de Campo Grande fica no entorno do Centro, há 10 anos, o corretor Amador Pereira de Almeida decidiu fazer o caminho inverso e também fez parada na Rua Ana Luiza de Souza. Logo após a chegada da nova rodoviária, ele entendeu que a área era boa para trabalhar e investir.
“O comércio expandiu com a ajuda da rodoviária. Trabalhar com aluguel aqui é bom porque sempre tem gente querendo alugar casas ou pontos comerciais. Com o avanço do comércio, pelo menos 80% dos serviços que preciso, resolvo aqui mesmo, exceto quando é alguma coisa de cartório”, avalia.
De acordo com o corretor, na lista da imobiliária o valor dos aluguéis de casas residenciais varia entre R$ 700 e R$ 1,5 mil. Já os salões comerciais começam em R$ 1 mil e vão até R$ 2,5 mil. “Esses são os imóveis que eu tenho disponíveis ou que já aluguei, claro que os valores dos aluguéis podem chegar até muito mais que isso dependendo do imóvel”.
E foi justamente o aluguel o fator determinante para que a microempresária Geane dos Santos Sales decidisse ir para a Ana Luiza de Souza há cerca de 1 ano. “Tive uma loja na Rua da Divisão por 12 anos, mas o aluguel de lá eram três salários mínimos. Hoje estou em uma estrutura parecida e pago R$1,5 mil”, comenta.
Contente com o novo lugar, ela afirma que não tem do que reclamar. “Aqui tem onde os clientes estacionarem e a rotatividade é bem boa. Gosto bastante do lugar”, finaliza.
Empreender em Campo Grande
De acordo com balanço que avalia a concorrência dos municípios brasileiros, a Capital de Mato Grosso do Sul é a nona do País com melhores condições para quem quer ser dono do próprio negócio.
A análise, feita pelo Ministério da Economia, considerou contextos aplicados na cidade para abertura e manutenção de estabelecimentos econômicos durante o ano de 2022.
Com 64,62 pontos, em uma escala que varia de 0 a 100, Campo Grande fica atrás apenas de Brasília (79,40), Fortaleza (64,88), Recife (74,22), Salvador (70,34), Manaus (78,94), Curitiba (78,98), Florianópolis (73,23) e Porto Alegre (74,87).
De acordo com a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), nos últimos quatro anos o comércio dos bairros teve crescimento de 40%. As justificativas para a mudança incluem a pandemia, reformas no Centro, preço de aluguéis, de estacionamentos e de transporte.
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