Ainda em recuperação, Pantanal de MS ‘se prepara’ para mês mais crítico para incêndios
Maior tragédia ambiental do Pantanal, em 2020 os incêndios resultaram na perda de 26% do bioma
Lethycia Anjos –
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O mês de setembro é considerado o período mais crítico para ocorrências de incêndios no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Dados do Lasa (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) apontam que, nos últimos 11 anos, o ciclo do fogo no Pantanal foi mais crítico para incêndios em setembro.
A pesquisa avaliou mês a mês toda a Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar e identificou que, todos os anos, o período mais crítico para incêndios começa em setembro e segue até janeiro do ano seguinte.
“Registros históricos mostram que a região da Rede Amolar costuma ser mais afetada pelo fogo entre setembro a janeiro. Em muitos anos, como 2013, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2022, os meses do final da primavera ou início do verão são os mais afetados do ano”, detalharam os pesquisadores do Lasa/UFRJ.
Segundo o presidente do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), Ângelo Rabelo, após a tragédia ambiental que resultou no maior incêndio já registrado em mais de um século, o local ainda passa por um processo de recuperação.
“Nessa área há centenas de espécies de mamíferos, aves e répteis. Fizemos o plantio de 25 mil mudas em parte dessa área, mas ainda é preciso uma continuidade de ações para garantir a conservação e o processo de produção de natureza”, explicou.
Maior tragédia ambiental do Pantanal
Em 2020, os incêndios florestais ocasionaram danos catastróficos em toda a Rede Amolar. Corredor de biodiversidade, o território é formado por Reservas Particulares de Patrimônio Natural e pelo Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, área de Patrimônio Natural da Humanidade.
Considerada a maior tragédia ambiental do Pantanal, os incêndios florestais registrados em 2020 resultaram na perda de 26% do bioma, uma área equivalente a 4 milhões de hectares. Somente na região da Serra do Amolar, 97% da área foi queimada.
Mesmo com as perdas, o território de 300 mil hectares abriga diversas espécies como onça-pintada, ariranha, anta e tamanduá-bandeira. Em 2020, a tragédia afetou mais de 4,6 milhões de animais e cerca de 10 milhões morreram em todo o Pantanal sul-mato-grossense. As queimadas também desabrigaram aproximadamente 500 famílias que residiam na região.
Dois anos depois, em 2022, foram registrados 80 focos ativos na região pantaneira. Apesar do alto número, dados do Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia) apontam que houve uma queda de 65% se comparado ao mesmo período do ano anterior quando foram identificados 231 focos ativos.
Plano de Operações
Os meses de maio a outubro também são o período com maior estiagem das chuvas. Por consequência, nessa época são detectados aumentos significativos dos focos de calor em todo o Estado.
Conforme o Corpo de Bombeiros, o período é marcado pela estação do inverno, em que há variação de temperatura, redução das chuvas, geadas e ventos com massas de ar polar e seco. Tudo isso provoca baixas na umidade da vegetação e proporciona condições favoráveis para incêndios em vegetações.
Para evitar grandes perdas como em 2020, todos os anos o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul executa um Plano de Operações voltado à temporada de incêndios florestais.
No planejamento são incluídas atividades de prevenção, preparação, monitoramento, combate a incêndio florestal, fiscalização, acompanhamento e prevenção de ações provenientes de queima controlada.
Também são realizados treinamentos para voluntários, palestras, divulgações, campanhas educativas de sensibilização e preparação à sociedade urbana e rural e formação de brigadas de incêndio florestal nas zonas de amortecimento dos Parques Estaduais de Mato Grosso do Sul.
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