Esquecer a correria da semana e aventurar-se na natureza é uma atividade popular entre os sul-mato-grossenses. Por aqui, são inúmeras as possibilidades de turismo e aventura que Mato Grosso do Sul proporciona. Trilhas em áreas de mata nativa estão entre elas. São diversas opções pertinho de Campo Grande, como a Trilha da Usina Abandonada, Inferninho, Morro do Ernesto, Trilha da Conquista em Sidrolândia, Trilha da Pintura Rupestre em Rio Negro e muitas outras.

No entanto, o desaparecimento de uma trilheira, uma idosa, de 62 anos, em São Gabriel do Oeste, a 133 quilômetros de Campo Grande, e que ainda é alvo de buscas pela equipe do Corpo de Bombeiros na região, revela que a prática requer planejamento, segurança e experiência. Houve também o deslizamento de uma rocha do cânion do Lago de Furnas, atração turística do município de Capitólio, em Minas Gerais, no sábado (8), que levou 10 vítimas fatais ao despencar e atingir lanchas que transportavam diversos turistas no local. O MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) abriu inquérito de investigação no município para averiguar se houve cumprimento de obrigações de identificação, mapeamento e fiscalização das áreas de risco do local. 

A partir desses acontecimentos, desperta-se o alerta e discute-se acerca de medidas de segurança para as atividades de turismo e aventura no Estado. Afinal, explorar as belezas do Mato Grosso do Sul deve ser sempre com segurança e tranquilidade. 

Sobre o tema, o presidente da FundTur (Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul), Bruno Wendling, esclarece que as trilhas e qualquer outra atividade do setor de Turismo de Aventura em MS oferecidas pelas agências e empresas de turismo devem seguir as Normas Técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), determinadas para garantir a segurança dos turistas durante a atividade. Tais regras de conduta das empresas incluem competência pessoal dos condutores, implementar um sistema de gestão da segurança e oferecer informações básicas aos turistas antes da prestação de serviço, por exemplo.

“São mais do que orientações […] as empresas de turismo no Estado devem seguir essas normas”, reitera o presidente. Bruno também explica que alguns empreendimentos inclusive possuem a certificação de respeito às normas, disponibilizado pela ABETA (Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura).

Recomendações 

A FundTur recomenda que os turistas conheçam os locais das trilhas, estejam atentos ao nível de dificuldade das trilhas e optem pelo grau de dificuldade da atividade de acordo com sua disposição física, além do consumo de água, uso de vestimenta confortável e acompanhamento de supervisores especializados. Contudo, a fundação adverte que todas as empresas de turismo e aventura devem oferecer instruções e mais informações aos participantes da trilha, por isso é importante ficar atento. 

Acerca de situações de risco e possíveis acidentes, o presidente da FundTur informa que não há dados sobre suas ocorrências ainda no Estado, mas reforça que  “quando a agência segue as normas, o risco é 0”. 

De acordo com o sócio-proprietário da Trilha Extrema e auditor do Sistema de Gestão de Segurança para Turismo de Aventura, Cristevan Frederico Corrêa, o indicado é sempre procurar uma empresa especializada em trilhas ou turismo, por terem experiência e conhecimento suficientes das regiões. “Caso a pessoa não queira ir com uma empresa, de repente quer ir com um grupo de amigos, da mesma forma, sempre procure um profissional. Uma pessoa que conheça bem a região, para não correr o risco de se perder”, orienta.

O auditor ainda afirma que apesar das trilhas serem perto da cidade, o risco de se perder é o mesmo. “Tem mapa fechado, tem risco de acidente, então essa preocupação tem que sempre estar constante”, ressalta.

Cuidados importantes

Cristevan Frederico alerta que apesar das belezas que Mato Grosso do Sul oferece, também existem riscos como ataque de animais, não somente os peçonhentos, mas também os porcos-do-mato, onça em regiões pantaneiras e entre outros. Por este motivo, é importante tomar alguns cuidados como o acompanhamento de uma empresa especializada, uso de equipamentos e roupas adequadas para evitar situações de desconforto.

Em relação às práticas de turismo que não oferecem seguro para os participantes, o auditor afirma “acho que ninguém pode abrir mão […] porque não se justifica você fazer uma atividade de aventura sem ter um seguro, até porque, a Lei Geral do Turismo pede isso para as empresas, para cobrir acidentes e até mesmo situações graves de morte ou invalidez. Então, o seguro hoje não é uma opção, mas sim uma obrigação e uma segurança para o participante”. 

Incidência de acidentes

Acerca da incidência de acidentes, Cristevan Frederico afirma que há histórico de acidentes em trilhas, mas são poucos aqui no Estado. “Já tivemos pessoas que tiveram fraturas que precisaram de resgates, torção, pessoas que foram picadas por animais, queda, a gente já teve várias situações de acidentes aqui no Estado […], mas o índice aqui do nosso Estado é bem pequeno dado a outros estados que a gente vem acompanhando”. O auditor também reforça que, por este motivo, é importante sempre optar por acompanhamento profissional nestes passeios. 

Em relação ao número de desaparecimentos, Cristevan relata que já houve outros casos aqui em MS e esclarece que isso geralmente acontece com pessoas que decidem fazer a trilha por conta e sem acompanhamento especializado.

No entanto, o auditor do Sistema de Gestão de Segurança para Turismo de Aventura explica que a busca por uma prática de turismo no Estado de forma mais segura é constante. “A gente está tentando, brigando para que o nosso Estado seja uma referência, porque a gente tem Bonito que é uma referência em segurança para as atividades de aventura e por que não estender isso para todo o Estado? Então, assim, a gente precisa que as empresas, os atrativos, as propriedades rurais que recebem as pessoas, tenham um sistema de segurança implementado para minimizar o máximo possível o risco de acidente para as pessoas”.