Com bariátricas canceladas na pandemia, pacientes se revoltam: “Parece que não é prioridade”
Espera que antes era de quatro anos para ser cirurgia ser realizada, agora já passa de seis anos no Hospital Universitário
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Com o início da pandemia, uma das primeiras iniciativas tomadas por hospitais e secretarias de Saúde foi o cancelamento de cirurgias eletivas. Entre os diversos procedimentos, àqueles que sonhavam com a realização da bariátrica veem suas esperanças serem diluídas com a demora para o retorno do procedimento, adiado mês a mês.
Em buscas de respostas por parte do HU (Hospital Universitário) alguns pacientes que aguardam o retorno das cirurgias bariátricas foram até a unidade hospitalar em busca de respostas concretas sobre a volta do procedimento. No portão do hospital estava Sadyene Jurais, de 42 anos, se preparando para a conversa na ouvidoria.
Sadyene conta que estava com a cirurgia bariátrica marcada quando os cancelamentos foram anunciados, e a revolta não é relacionado a medida tomada no início da pandemia, mas sim a morosidade de hospital em relação ao retorno do procedimento eletivo. Fazendo com que uma espera de quatro anos seja quase dobrada.
Custando de R$ 40 mil a R$ 80 mil em hospitais particulares, Sadyene recorreu aos SUS (Sistema Único de Saúde) para realizar a sonhada cirurgia. Após quatro anos realizando procedimentos para conseguir agendar a bariátrica, a paciente acreditava que mudaria sua vida no 7 de abril de 2020, algo que, dois anos depois, ainda não ocorreu.
“O maior problema para nós é realizar atividades do dia a dia, o desgaste do sobrepeso não me deixa acompanhar minha criança ou fazer uma caminhada. Vão esperar a gente chegar em uma idade que não vamos mais aproveitar a vida”, comentou Sadyene. Também no local estava Denise Silva, de 56 anos, também há dois anos esperando pelo retorno das cirurgias bariátricas.
Denise explica que, assim como Sadyene, esperou quatro anos para ter sua cirurgia marcada, “isso desde o processo de ir ao posto de saúde, fazer a dieta, acompanhamento médico, tomar os remédios necessários”. Dois anos após a definição da data, a paciente ainda espera e os longos quatro anos já se tornaram seis.
Tanto para Sadyene como Denise, a revolta é gerada pelo descaso do hospital com as pacientes. “Todos os meses eles falam que as cirurgias bariátricas vão retornar no próximo, a gente se anima e até agora nada, a impressão que passa é que a bariátrica não recebe a prioridade que deveria”, desabafou Sadyene.
Somado a dificuldade de realizar tarefas básicas, está o fator financeiro. “Nós precisamos comprar remédios, eles não são baratos, uma injeção que utilizamos é cerca de R$ 100,00, às vezes precisa de seis, outras de até dez. Não conseguimos trabalhar, já tomamos esses medicamentos e teremos que pagar uma segunda vez”, comentou Denise.
A reportagem entrou em contato com o hospital questionando se já existe uma data definida para o retorno das cirurgias bariátricas. O HU, por meio de sua assessoria, explicou que o procedimento ainda não tem previsão de retorno por conta da lotação ocasionada no pronto atediamento médico após o fim dos atendimentos covid. Em reação aos diferentes prazos relatados, foi informado que isso ocorre devido ao dinamismo da saúde, como novas ondas de covid e outros fatores, que alteram as programações do hospital.
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