Mesmo após dois anos sem aulas presenciais, alunos apoiam paralisação de professores da UFMS
Categoria para aulas na quinta-feira para tentar avançar negociações por reajuste de 19,99%
Graziela Rezende, Wendy Tonhati –
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Os professores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) devem paralisar as atividades na próxima quinta-feira (28), em adesão ao calendário nacional das entidades que representam os servidores federais. A categoria tenta avançar nas negociações em relação ao reajuste salarial de 19,99% aos servidores públicos federais.
Nesta terça-feira (26), o Jornal Midiamax esteve na UFMS e conversou com os estudantes sobre o assunto. Eles disseram apoiar o movimento dos professores, mesmo que muitos tenham entrado agora na universidade: ou por serem calouros ou por terem passado a pandemia, ou seja, os últimos dois anos, tendo aulas online.
De acordo com informações da Adufms (Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), a paralisação será nacional e, no caso da UFMS, ocorrerá em todas as unidades. Serão realizadas aulas públicas para explicar à comunidade acadêmica o motivo das reivindicações, bem como os impactos negativos da PEC 32 sobre a qualidade do serviço público no Brasil.
Conforme a entidade, a correção salarial em relação ao nível de inflação não ocorre desde 2017. No entanto, o reajuste de 19,99% é referente ao índice de perdas salariais ocorridas apenas durante a gestão de Jair Bolsonaro.
O que pensam os acadêmicos?
O acadêmico do 1º ano de odontologia, Gean Vitor Gonçalves, de 18 anos, diz que a mãe é funcionária pública e que entende os motivos dos professores. Ele recebeu mensagens em redes sociais falando da paralisação e, mesmo tendo prova na semana que vem, considera legítima a paralisação e indicativo de greve.
“Eu sou calouro. Estou há pouco mais de um mês tendo aula e acho legítima a greve sim. Todo mundo tem o direito de se expressar. A minha mãe é funcionária pública e sei que é muito difícil ter apoio. Eu acho legítimo a greve ter o apoio dos alunos em uma universidade desse tamanho”, diz Gean.
Também acadêmica de odontologia, Eduarda Ortiz, de 22 anos, está no 2º ano e conta que passou por um ano de aulas teóricas a distância, mas que no segundo semestre do ano passado voltou a ter aulas práticas.
“Temos que reconhecer que temos professores excelentes e eu tiro o chapéu para todos eles. Estudei um ano em uma universidade particular e o salário é bem diferente dos professores daqui. Acho injusto ainda mais porque a formação daqui é excelente. Se eu me formar uma boa cirurgiã dentista é graças a esses professores”, afirma a acadêmica.
As estudantes do curso de jornalismo Bianca Carolina Campos Silva, de 21 anos, e Evelin Khristiny, de 19 anos, também dizem apoiar o momento dos professores, porém afirmam que ficarão “um pouco chateadas” se a greve paralisar as aulas impedindo de viver o dia a dia na universidade.
“Estava sentindo muita vontade de viver essa experiência de ir e vir na universidade e agora vai ter greve. Porém, não deixa de ser legítima a reivindicação dos professores”, diz Bianca. Evelin compartilha do mesmo sentimento. “Gostaria de continuar vivendo essa experiência. Eu entendo a reivindicação dos professores, só que eu estava ansiosa para voltar a estudar e fico triste por ter de voltar ao remoto”, afirma Evelin.
No curso de audiovisual, as acadêmicas do 5º semestre Gabriela Barbieri, de 20 anos, e Isabele Pereira da Silva, de 19 anos, passaram os dois últimos anos estudando de forma remota e, mesmo assim, concordam com o movimento dos professores.
“Passei a maior parte do tempo em casa, mas entendo o lado dos professores. Sou professora também e a vida de professor não é fácil. A gente prepara o material em casa, mas só recebe pela aula mesmo”, diz Gabriela. “Eu concordo. Ninguém quer trabalhar de graça. Então, se eles estão brigando por reajuste e, em várias categorias tiveram reajuste, eu acho justo”, finaliza Isabele.
Indicativo de greve
A Adufms — entidade que representa os professores da UFMS — aderiu em abril ao indicativo de greve nacional deflagrado pelo Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais), que havia previsto indicar a paralisação caso não houvesse negociação salarial por parte do Governo Federal até a data.
As tentativas de diálogo com o governo pelo reajuste de 19,99% têm ocorrido desde o dia 18 de janeiro, quando foi protocolado um documento com uma série de reivindicações do Fonasefe ao Ministério da Economia. Nesta quinta-feira, 28 de abril, a previsão em nível nacional é de que haja uma reunião com o governo federal para negociação.
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