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Cotidiano

Para quem vive em comunidades de Campo Grande, temporal leva tudo, menos dignidade

Temporal com ventos e chuva forte destelhou e inundou casas; solidariedade de vizinhos sobressai em meio à dor
Aliny Mary Dias, Danielle Errobidarte -
casas alagadas
Chuva atingiu casas e comida e móveis se perderam (Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

“Se eu tivesse como, não estaria aqui passando por esse sofrimento, porque isso dói”. A frase dita por Milene Rodrigues Dias, de 22 anos e de dois filhos, resume o sentimento de quem vive em comunidades e ocupações de e em dias de temporal precisa contar com a solidariedade de vizinhos para salvar o pouco que tem.

Na comunidade Só Por Deus, no Canguru, o vendaval que atingiu Campo Grande na tarde desta terça-feira (16) e a chuva que não deu trégua até a manhã desta quarta castigou quem faz de tudo para transformar tábuas de madeira em tijolo e lona de plástico em telhas.

As histórias se repetem em cada barraco ou pequena casa de alvenaria, construída com o esforço do trabalho e, em algumas vezes, com benefícios do poder público.

Milene, que falou sobre o sofrimento no início da reportagem, já perdeu tudo o que tinha no ano passado, durante outro temporal. Hoje ela vive em uma área de ocupação no bairro e mesmo após ações da prefeitura que retiraram as famílias invasoras, ela resiste no lugar com um filho de 7 e outro de 2 anos.

Durante a chuva e o vendaval desta quarta, as telhas mais uma vez voaram como papel e o barraco que ela tem como lar não resistiu. A água invadiu as paredes de madeira e o chão batido virou lama. Comida, roupas, coberta e tudo o mais que ela tinha estragou com a chuva. “A gente não ter nada e olhar as coisas perdendo assim é um desgosto horrível”, lamenta Milene.

temporal
Com filho de 1 mês nos braços, moradora conta com doações (Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

A mesma situação é compartilhada por Thais de Souza, de 21 anos e mãe de um de apenas 1 mês de vida, e Tabata Bonfim, de 19 anos e mãe de três filhos. Elas, que também vivem sozinhas sem a presença do pai das crianças, são vizinhas de Milene e tiveram que buscar energia de onde não tinham para passar a noite.

Os relatos são semelhantes ao de Milene, elas fizeram de tudo para salvar o pouco que tinham durante o vendaval. “Não é a primeira vez que acontece isso, mas a gente não tem para onde ir”, contam.

Solidariedade de vizinhos é o que resta em dia de temporal

Na Só Por Deus, o pedreiro Sidnei Ferreira, de 60 anos, tirou a manhã desta quarta e a tarde de ontem (16) para ajudar vizinhos com seus conhecimentos de construtor.

Isso porque o vendaval levou telhas, derrubou muros e causou muito estrago nas casas dos vizinhos dele. Ele testemunhou a residência de uma vizinha destelhar e correu para evitar que o estrago fosse ainda maior.

“Eu corri para minha casa quando começou o vendaval porque toda a água começou a descer para a parte baixa da comunidade. Estou ajudando no que eu posso hoje”, contou.

Quem também recebeu a reportagem do Jornal Midiamax em casa nesta manhã e conta com a solidariedade é Mercedes Magalhães de Freitas, de 29 anos, mãe de cinco filhos. Ela vive há cinco anos na comunidade e a tempestade de ontem levou o muro e portão da casa dela, ambos construídos com madeira.

Uma jovem de 29 anos, que preferiu não se identificar, também teve a casa destelhada. Funcionária de um posto de saúde da região, ela conta que estava no trabalho quando soube por vizinhos que as telhas foram levadas pelo vento.

O estrago só não foi pior na casa dela porque vizinhos, assim como o pedreiro Sidnei, correram para colocar lonas sobre o imóvel. “Nunca esperei que fosse acontecer isso com a minha casa, o cimento que eu tinha aqui endureceu e não sei como vou terminar o muro”, conta ela, que recebeu benefício da prefeitura recentemente para terminar de construir a casa onde vive.

Alerta para mais chuva

Segundo alerta emitido pelo (Instituto Nacional de Meteorologia) ainda nesta terça-feira (16), o perigo de tempestade vai até o meio da manhã desta quarta-feira (17). Em 63 cidades do Estado, pode ocorrer acúmulo de até 100 mm no dia, com ventos entre 60 e 100 km/h.

Há ainda risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e de alagamentos.

Previsão é de ainda mais chuva nesta quarta-feira em Campo Grande (Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

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