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Cotidiano

Nos cemitérios à beira das estradas, famílias não esquecem de lápides no Dia de Finados

Pontos não tradicionais são lembrados apenas pelos parentes
Mariane Chianezi -
Foto: Nathalia Alcântara, Midiamax

Com o nesta quarta-feira (2), a preparação dos cemitérios e limpeza dos túmulos é tarefa do poder público e das próprias famílias desde a última semana. Não diferente, os cemitérios localizados à beira das estradas aos arredores de também são visitados pelas famílias que procuram zelar das lápides para o passar do dia dos mortos.

A 19 km da região central de Campo Grande um pequeno terreno com aproximadamente 15 túmulos chama atenção de quem passa pela estrada de terra aos fundos do Hospital São Julião, sentido Rochedinho.

Quem cuida do local é o advogado Porfírio Martins Vilela, de 65 anos, trabalho herdado da família, que vivia e trabalha em produção em fazenda na região e foi sepultada ali. Ele conta que há anos vai periodicamente limpar o terreno do mato que se acumulam no local e para o Dia de Finados não seria diferente.

“Antigamente as pessoas que moravam na região e faleciam eram enterradas lá. É um muito antigo, eu procuro ir umas quatro vezes no ano para limpar e cuidar dos túmulos. Meus pais e avós estão enterrados lá, aí eu cuido”, explicou.

Além da sujeira que se acumula com o crescer do mato, no local onde descansam entes queridos de quem um dia morou ali, também é comum encontrar utensílios deixados para trás de rituais espirituais. Velas, garrafas de aguardente, esqueleto de animais, roupas íntimas e túmulos violados são comuns encontrar no local. 

“As pessoas confundem o local de descanso dos falecidos como um local para isso. É triste”, disse o advogado. A reportagem visitou o terreno, que foi recentemente limpo por Porfírio. Mas os sinais dos utensílios deixados pelos rituais seguem por lá, onde ele prefere não mexer.

Agora o local não recebe mais sepultamentos, mas o atual proprietário da região providenciou um cercado de arame e um portão para preservar a memória de quem descansa ali. Porfírio é questionado se já não pensou em transferir os restos mortais da família do cemitério da estrada para um local na cidade, mas ele diz que não e explica.

“Ser enterrado ali foi um desejo deles [avós e pais]. E isso vai muito além de algo judicial ou cômodo para mim, é algo sentimental”, afirma.

Cemitério Três Barras

Também saindo de Campo Grande, a 35 km do cercado de lápides onde descansa os familiares de Porfírio, está o Cemitério Três Barras. Diferente do primeiro local, o cemitério não está às margens da rodovia MS-040, mas adentro da estrada vicinal que corta a terra. 

Seguindo o GPS, a reportagem ‘bateu’ em uma fábrica, aos fundos do cemitério e foi informada por um funcionário que a estrada que daria ‘de cara’ para o sepulcrário ainda não era aquela. Demos meia volta, seguimos a orientação e chegamos ao local. 

Foto: Nathalia Alcântara, Midiamax

Ao abrir o portão, uma placa pede: “Não mexa nos túmulos, não suje, nem traga animais ou aves mortas”. O aviso não surte muito efeito. Assim como o primeiro cemitério, o das Três Barras também recebe reparos dos familiares para o Dia de Finados.

As lápides com aparência de recém-reformadas e pintadas indicam que familiares dos que ali descansam realizaram para impedir o abandono. O cruzeiro, com cera de vela branca derretida, também indicava que alguém recentemente esteve por ali rezando pelas almas.

A ‘terra dos pés juntos’ da Três Barras também não escapa dos rituais, apesar do pedido deixado no comunicado logo na entrada. Das velas e garrafas de bebida jogadas entre túmulos, um caixão pequeno, de criança chama atenção. Aberto e sem os restos mortais, a explicação: o túmulo havia sido violado em agosto deste ano e, após a polícia ser acionada, um porco sem cabeça foi encontrado em estado de putrefação. O caixão segue jogado no local.

A prefeitura informou que o cemitério não é administrado pelo município, que também não tinha mais informações sobre a história do local.


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