Depois de uma espera de 20 anos, cerca de 128 ex-funcionários da empresa Cifra Vigilância irão receber os acordos trabalhistas, das unidades de Campo Grande e Dourados. Os trabalhadores foram localizados após buscas pelas redes sociais e apoio da imprensa.

O acordo aconteceu por intermédio do MPT-MS (Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul), o que soma crédito trabalhista de R$ 751 aos funcionários que trabalharam na entre 1965 e 2021.

Acordos individuais para estabelecer o valor do pagamento vêm ocorrendo desde novembro, e foram conduzidos pelo procurador do Trabalho Paulo Douglas de Moraes na presença do filho do proprietário e representante legal da empresa, o advogado Breno Moura. A última audiência coletiva neste sentido foi realizada na sexta-feira (2), na sede do MPT-MS, em Campo Grande.

Em Dourados, as audiências foram nos dias 3 e 4 de novembro, pactuando que o montante a ser recebido por cada ex-funcionário, ou seus herdeiros, deve ser depositado em conta informada pelo beneficiado até cinco dias depois da homologação do acordo. Quanto aos ex-empregados da Capital, os valores deverão ser pagos até o dia 15 deste mês, conforme o acordo firmado entre as partes.

De acordo com o MPT-MS, há décadas a Cifra Vigilância responde judicialmente pelo não cumprimento das obrigações trabalhistas dos empregados e pagamento de indenizações dos demitidos, especialmente em meados de 2016, quando faleceu o fundador da empresa, e ocorreram demissões em massa.

Parte do imbróglio trabalhista da empresa começou a ter fim em junho deste ano, quando Breno Moura procurou o Ministério Público do Trabalho com o intuito de estabelecer a conciliação sobre o pagamento dos direitos individuais dos trabalhadores desligados até o ano de 1999.

Moraes, procurador responsável pelo procedimento em face da empresa, designou audiência e, com base nos autos do processo, determinou o levantamento dos nomes dos empregados da Cifra e valores devidos a cada um deles.

Com a listagem dos nomes, o ministério organizou cronograma de audiências coletivas, nas quais os trabalhadores foram informados sobre o crédito trabalhista e o interesse em acordo com a empresa.

Esta etapa do processo envolveu uma busca ativa destes ex-empregados por parte da Cifra Vigilância, por meio de ampla divulgação nas redes sociais e imprensa local.

Foram agendadas as audiências realizadas em novembro e na última sexta-feira, quando os empregados assinaram os respectivos acordos individuais e informaram as contas bancárias para depósito do dinheiro.

Aos 75 anos, o aposentado Silvio Barbosa Pereira foi surpreendido com a notícia de que o pagamento sairia antes do Natal. Ele trabalhou na Cifra Vigilância entre 1987 e 1999 e, acompanhado da filha, compareceu à Sede do MPT-MS para assinar o acordo.

“É um dinheiro que eu nem contava receber. Fiquei sabendo deste pagamento por causa de um primo meu, que também trabalhou na empresa e viu que eles estavam convocando pela internet. Estava precisando muito, porque estou com um problema de saúde e esse dinheiro vai para o tratamento”, conta.

Breno Moura conta que trabalhou na empresa e tem “como meta de vida” pagar todos os direitos aos antigos colegas de empresa. “Convivi com a maior parte destes trabalhadores e estabeleci como meta pagar a todos. Primeiro porque entendo a responsabilidade que tenho com estas pessoas e porque não quero que a história do meu pai tenha qualquer tipo de mácula”, pontua.