3 mil em MS: jovens que largaram estudos sonham com qualificação profissional
Dados mostram que 22% dos jovens de Mato Grosso do Sul estão fora do mercado de trabalho
Thalya Godoy –
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Mais de 3 mil alunos desistiram do ensino médio em Mato Grosso do Sul, no ano passado, aponta o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). Somando a rede pública e privada, o total deste grupo chega a 3.324 estudantes que largaram os estudos em 2021 no Estado.
Nesta sexta-feira (12), é celebrado o Dia Internacional da Juventude, criado em 1999, pela ONU (Organização das Nações Unidas). De acordo com a lei federal, são considerados jovens as pessoas entre 15 e 29 anos de idade e, pelas ruas de Campo Grande, eles disseram ao Midiamax em como sonham voltar a estudar para melhorar a carreira profissional e a condição socioeconômica.
Morador do bairro Parati, Raiff Maslum, de 27 anos, saiu da escola aos 17 anos quando terminou o ensino fundamental. Queria ajudar em casa e imaginava, na época, que os problemas se resolveriam com um emprego. Atuou em lava a jato, gráfica, comércio, em restaurantes e, atualmente, está como promotor de vendas em uma loja de colchões.
“O mercado de trabalho não é fácil, na verdade, é bem concorrido. Hoje eu vejo a realidade que, se não tiver um curso ou uma faculdade, a gente passa dificuldade”, acredita Raiff.
O jovem se arrepende de ter desistido cedo da escola e pretende voltar em breve para concluir o EJA (Educação de Jovens e Adultos), que leva entre seis meses a um ano. Quando se formar, sonha em fazer uma faculdade de administração para continuar na área de vendas, o ramo que mais gostou de trabalhar nesses anos no mercado de trabalho. “É uma luta diária”, enfatiza.
O alagoano, Bruno Monteiro, de 20 anos, mudou-se há três meses para Campo Grande por causa de uma oportunidade de emprego. Foi contratado por uma empresa de São Paulo e transferido para a Capital para trabalhar em uma caldeiraria que produz base de combustíveis. Antes disso, ele ficou desempregado por dois anos e a última ocupação tinha sido em um supermercado.
Segundo a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), a taxa de desemprego entre brasileiros de 18 a 24 anos no primeiro semestre deste ano ficou em 22,8%. Bruno, que agora mora no bairro Centenário, não faz curso ou faculdade, mas em até dois anos pretende se profissionalizar no ramo de caldeiraria com uma formação técnica para crescer na área. “Quero aprender mais um pouco e estudar para fazer o curso. Quero ser um bom caldeireiro”, deseja.
A cabeleireira Juliely Spiller, de 28 anos, tem uma história semelhante na peregrinação por emprego e qualificação profissional. Trabalhou por muito tempo como babá enquanto fazia cursos para se profissionalizar no ramo da beleza. Só que a jovem não pretende parar na área. Sonha em fazer uma capacitação para trabalhar como cuidadora de idosos e crianças.
Ela conta que, pelas pesquisas realizadas, os cursos custam entre R$ 900 e R$ 2 mil, o que está fora do orçamento. Também diz que já procurou saber se um órgão público oferta gratuitamente alguma dessas capacitações, mas sem sucesso. “Torço para que a Prefeitura ofereça futuramente”, ela expõe.
Oportunidades
O CRJ (Centro de Referência da Juventude) completa um ano de inauguração nesta sexta-feira (12). O local oferece diferentes tipos de serviços, como a emissão de RG (gratuita a primeira via), orientações nutricionais, passe do estudante, auxílio com a documentação de alistamento militar, emissão de NIS e ID Jovem, funcionamento do GAV (Grupo Amor Vida), que presta serviço de apoio emocional, além da oferta de 40 cursos de capacitação.
Conforme explica a titular da Sejuv (Secretaria de Juventude de Campo Grande), Laura Miranda, os cursos, com duração de até seis meses, são para diferentes áreas como manutenção de computadores, noções básicas de contabilidade, auxiliar de Recursos Humanos e mecânica de moto para mulheres. “Este último curso nos surpreendeu pela procura, temos fila de espera”, afirma.
Entre julho de 2021 e junho de 2022, 5.038 jovens foram qualificados pelo CRJ, enquanto 903 jovens foram encaminhados para o mercado de trabalho.
Mais informações podem ser obtidas no site ou Instagram @sejuvcg
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