Seu filho passa horas na frente do celular ou PC em jogos online? Você está preocupada e não sabe o que fazer? A partir de 1º de janeiro de 2022, a OMS (Organização Mundial da Saúde) passará a classificar o uso abusivo em games como doença.

A discussão sobre o assunto é recente, uma vez que a abrangência da internet alcançou patamares elevados há poucos anos. Recentemente, a China estipulou que menores de 18 anos só podem jogar games online por até 3 horas semanais, somente sexta, sábado e domingo.

A psicopedagoga e mestranda em neurociência, Glaucia Benini, explica que o vício em games online é tão prejudicial para o cérebro quanto as drogas. “É prejudicial para a saúde física e emocional de crianças e adolescentes. Tudo que traz resposta mental de compensação, ou seja, muito prazer, pode ser potencialmente viciante. Isso significa que o jogo produz uma substância chamada dopamina em excesso e é o mesmo efeito que a droga causa no cérebro de uma pessoa”, informa.

Ainda conforme a especialista, a classificação do vício em jogos como doença por parte da OMS vai ser importante e irá abrir novos caminhos. “Vai ser muito importante, vai abrir portas para que seja conversado e tratado, para que haja amparo dos planos de saúde para tratar esse tipo de vício”, detalha.


Psicopedagoga Glaucia Benini fala sobre prejuízos do vício em games – Foto: Arquivo pessoal

Nem sempre é vício

A OMS definiu três condutas para caracterizar o vício em games:

  • O jogador perde o controle sobre a frequência, intensidade e duração da atividade;
  • Os videogames passam a ter prioridade sobre os outros interesses da vida e das atividades diárias;
  • Quando o comportamento de dependência se mantém apesar das consequências negativas que traz.

A psicopedagoga alerta para os perigos que esse tipo de comportamento pode acarretar. “Está viciado quando deixa de cumprir a rotina normal, deixa de estudar, de ter interações sociais, inclusive, deixam de ir ao banheiro para estarem na frente do jogo, ou seja, deixam de fazer aquilo que realmente têm necessidade de fazer para ficar preso no jogo”, resume Glaucia.

É o caso do Joaquim Ferraz Arce dos Santos, de 14 anos, e que joga há 7 anos. O jovem passa, em média, 3 horas por dia jogando games como Free Fire, GTA e Roblox. Apesar de passar horas na frente das telas, ele sabe o limite entre a diversão e o vício. “Não creio que esse [vício] seja o meu caso”, disse, completando que os pais não limitam o tempo dele para jogar.

Como identificar e ajudar quem é viciado em games?

De acordo com um estudo da de Oxford, as crianças e adolescentes que jogam por mais de uma ou duas horas diárias e sofrem para cumprir com atividades cotidianas, podem estar precisando de aconselhamento psicológico.

“Os pais identificam facilmente que o filho está viciado porque a e o adolescente param de ter uma rotina normal, aquilo passa a ser excessivo”. Para a psicopedagoga, adotar a mesma postura da China pode ser uma boa estratégia. “Esse é o caminho, sim, tendo em vista que a criança e o adolescente não têm maturidade emocional para tomar decisões em benefício próprio. Então, o ideal é que haja uma conversa e esses jogos sejam limitados aos finais de semana ou 1h até 2h no máximo por dia para que não se torne algo que comece a ultrapassar a rotina e atrapalhar outras atividades e funções sociais”, finaliza.