Lançada há 10 meses, a nota de R$ 200 veio para suprir a demanda crescente do dinheiro em espécie, causado pelo entesouramento em tempos de crise e melhorar as transações. Entretanto, há quem diga que nunca viu essa cédula circular em Campo Grande, e quem viu, sofre com o dilema diário do troco e da desconfiança, devido ao raríssimo contato com a nota “misteriosa”.

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Para Yan Felipe, a estratégia é ter o caixa preparado (Foto: de França / Jornal Midiamax)

Para a gerente de uma loja de roupas na 14 de Julho, Kelly Martins, o “Lobo-guará” é uma peça difícil de ser encontrada na carteira do consumidor e, quando vista, dificulta a vida das funcionárias do caixa.

“A gente quase não vê, é muito difícil pegar uma nota de R$ 200. Quando o cliente vem com ela e compra uma peça de R$ 30 ou de R$ 50, ele leva todo o troco do caixa”, relata.

Com média de vendas em valores um pouco maiores, uma ótica na mesma rua também enfrenta dilema com a nota de R$ 200. Lá, um vendedor afirma que viu a cédula mais através dos meios de comunicação que circulando no comércio local.

“Pegamos duas ou três. Foram meses para pegar outra. Aqui usamos muito cartão. Nem dá para dizer que a nota facilitou o comércio, tem que ter troco do mesmo jeito”, explica Marcos Antônio, vendedor.

Para o sócio proprietário de um restaurante na Afonso Pena, Yan Felipe, a circulação da cédula acaba criando situação difícil para tempos de baixo capital de giro. Para ele, a solução é vir trabalhar sempre com troco sobrando e rezar para não entrar uma delas.

“Eu sempre venho com o caixa certo, mas tem hora que atrapalha bastante. Ela não ajudou. Se você não tiver troco na hora, se lascou mais ainda”, diz. Yan acrescenta que, em seu comércio, a frequência da nova nota ainda é pequena: enquanto a cédula de R$ 100 aparece todo dia, a de “Duzentão” é rara, causando até certa desconfiança quando surge. “Essa semana, mesmo, não peguei nenhuma”, finaliza.

“Nunca nem vi”

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O professor Saymon Ajala  nunca viu uma nota de R$ 200,00 Leonardo de França / Jornal Midiamax) 

O Jornal Midiamax também indagou os frequentadores do Centro de Campo Grande sobre a aparição das novas cédulas do lobo-guará. Segundo os relatos, a frequência que a nota surge nas bolsas e carteiras também segue baixa.

Para o professor Saymon Ajala, de 49 anos, o mais próximo que ele chegou de um exemplar foi através de uma propaganda. “Não conheço nem o tamanho. Vi na prateleira de uma loja, escrito em um banner. Eu nunca saquei e nem vi uma delas”, comenta.

Para Ângela Schautz, de 48 anos, a única aparição da cédula de R$ 200 foi há dois meses – e quase acabou em uma tragédia financeira. “Fui abrir a carteira e ela caiu no chão. Um rapaz falou: ‘Dona caiu seus dois reais'. Acho que ele confunde a cabeça das pessoas menos informadas, principalmente dos idosos”, avalia.

Para quem estava comprando, mas que também é comerciante, a aplicação dessa nota foi bem feita na propaganda, mas não agradou muita gente. “Ficaram falando que ia melhorar, que daria para andar com menos dinheiro. Para mim, ela mais atrapalhou que ajudou. Pela questão de troco, se R$ 100 já era difícil R$ 200 é mais ainda”, finaliza Danilo Marques.

O Banco Central

O BCB (Banco Central do Brasil) informou ao Jornal Midiamax que a distribuição das notas é feita conforme a demanda. Qualquer nova denominação de cédula entra em circulação de forma gradual, e conforme a necessidade. O BCB afirmou, porém, que o ritmo de utilização da cédula de R$ 200 vem evoluindo em linha com o esperado, e que deverá seguir em emissão ao longo dos próximos exercícios. O banco também informou que os usuários podem detalhar na os dados sobre o dinheiro em espécie que atualmente está em circulação no país, na página do Banco Central.