O Plano Estadual de ção contra a Covid-19, a ser apresentado oficialmente nesta segunda-feira (18), prevê o alinhamento de Mato Grosso do Sul com o PNI (Plano Nacional de Imunização) do Governo Federal, que chamou para si a distribuição de vacinas. Assim assim, admite a possibilidade de o Estado adquirir por contra própria os imunizantes.

Outra característica do programa é a centralização da distribuição a partir da Rede de , na Coordenadoria Estadual de Vigilância Epidemiológica, valendo-se não dos 9 NRSs (Núcleos Regionais de Saúde), mas sim de uma força-tarefa com participação da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) que entregará as vacinas em 597 salas de imunização por todo o Estado.

O PNI, até o momento, deve utilizar 2 vacinas: a da Oxford/AstraZeneca, produzida em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), e a , fabricada pela chinesa Sinovac e o Instituto Butantan. Ambas apresentaram pedido emergencial para utilização, que deve ser analisado pela Anvisa (Agência Nacional de ) neste domingo (17).

Inicialmente, a CoronaVac seria aplicada pelo Governo de , mas um pedido do Ministério da Saúde solicitou a entrega imediata das doses já prontas –o Butantan pretende saber quantas doses devem ser mantidas no Estado vizinho, que bancou politicamente a produção do imunizante, para início da campanha localmente.

A SES (Secretaria de Estado de Saúde) explica que vem dialogando com o Ministério da Saúde, dentro do PNI, para manter ações unificadas, seguindo diretrizes apresentadas em 7 de dezembro e oficializadas no dia 16. Enquanto aguarda a fabricação e entrega nacional das vacinas, o Estado se comprometeu a elaborar o plano local de vacinação –que inclui fases, fomento de estratégias, detecção de fragilidades no processo, transporte e logística e compra de insumos (como seringas e agulhas) para a vacinação em Mato Grosso do Sul.

As autoridades já anteciparam que o plano é mutável, podendo ser alterado de acordo com novas diretrizes do Governo Federal “e à luz de novos conhecimentos científicos”.

Universo de pessoas a ser vacinada deve ser oficializado nesta segunda

À reportagem, a assessoria da SES antecipou que o universo de pessoas a serem vacinadas no Estado (quase 900 mil, divididas em diferentes fases) foi calculado pelo Ministério da Saúde e pode ser alterado ainda nesta segunda-feira, quando ocorrerá reunião para discutir a imunização e, mais especificamente, os públicos considerados prioritários.

O Plano Estadual segue avaliação de que, para interromper a circulação do vírus, entre 60% e 70% da população deverá estar imune à Covid-19 (dentre uma taxa de infecção que chega a 3, isto é, uma pessoa contagia outras 3). Contudo, diante da não existência de ampla disponibilidade de vacina no mercado mundial, centralizará a estratégia na “redução da morbidade e mortalidade” causada pelo coronavírus.

Para isso, a estratégia será centralizada em grupos populacionais considerados mais suscetíveis ao agravamento do quadro clínico e morte em caso de infecção.

O Governo do Estado ainda reconhece que há “uma grande maioria da população altamente suscetível à infecção pelo SARSCov-2 que é responsável pela força de trabalho nos serviços de saúde em todos os níveis do SUS e pela força de trabalho em serviços essenciais, sendo, portanto, justificada as priorizações destas populações”.

Plano Estadual prevê imunizar quase 900 mil pessoas de 3 grupos prioritários e ‘excluídos’

A fase 1 do PNI elenca como prioridade na vacinação os trabalhadores de Saúde, idosos acima dos 75 anos, pessoas com mais de 60 anos em asilos e instituições psiquiátricas, populações indígenas e povos tradicionais ribeirinhos. No Estado, esse grupo totalizaria hoje 211.633 pessoas, demandando assim 423.266 doses de vacinas –considerando-se as duas aplicações necessárias para CoronaVac e Oxford.

Na fase 2, estão pessoas entre 60 e 74 anos, totalizando 273.614 pessoas e 547.228 doses. Na fase 3, constam pessoas com comorbidades que tenham maior chance de agravamento da doença (renais crônicos e portadores de doenças cardiovasculares, entre outros). Estas representam 228.049 pessoas e 456.098 doses.

Contudo, há grupos não elencados pelo Ministério da Saúde que merecem atenção –população acima de 80 anos, trabalhadores da Educação, integrantes das forças de Segurança e Salvamento, funcionários do sistema penitenciário, portadores de deficiência física severa, trabalhadores do transporte e detentos. Estas somam 177.327 habitantes, exigindo 354.654 doses de vacinas.

No total, Mato Grosso do Sul projeta a necessidade de imunizar, nas três primeiras fases, 890.623 moradores, valendo-se de 1.781.246 doses de vacinas.

O plano de vacinação do Estado, segundo seu plano, ainda prevê a criação de uma estratégia de aplicação das doses, a ser definida com as 79 prefeituras, executoras locais das ações junto à população.

“Mesmo assim, em caso de dificuldades nesta ação por parte do Ministério da Saúde, não se descarta a possibilidade de aquisição direta de imunobiológicos devidamente validados para uso no território brasileiro, se tal movimento se tornar imprescindível”, alertou a SES.

A medida se assemelha à adotada pela Prefeitura de Campo Grande, que reservou R$ 20 milhões para a compra de vacinas contra o coronavírus fora do PNI e que venham a ser aprovadas pela Anvisa. O Plano Estadual, contudo, não informa possíveis valores.

Rede de Frio Estadual conta com 1 câmara refrigerada operante e outra danificada

A capacidade atual de armazenamento de vacinas no Estado, tanto de rotina como para campanhas, é de 2.250.000 doses. Elas são guardadas pela Rede de Frio Estadual, que conta com uma câmara refrigerada de 100 metros cúbicos com temperaturas de 2 ºC a -8 ºC operante e outra, com 50 m³, para iguais temperaturas.

Esta última, porém, está inativa, “esperando reparo” e com processo em andamento, informou a SES.

Há, ainda, parceria com o Hospital Universitário da (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), onde há 3 unidades capazes de armazenar imunizantes a temperaturas de até – 86 ºC –dentre as vacinas desenvolvidas no mundo, algumas dependem de temperaturas ultrabaixas, como a da Moderna (-20 ºC por até 6 meses), Sputinik-V (-18 ºC) e da Pfizer/BioNTech (- 70 ºC).

A Rede de Frio também conta com 9 Núcleos Regionais de Saúde, responsáveis normalmente pelo recebimento, armazenamento e distribuição de vacinas, com câmaras refrigeradas “adequadas para esse acondicionamento”.

Apesar disso, visando a reduzir o tempo de distribuição das vacinas “devido à imensa comoção pública que gera em torno da expectativa de vacinação contra o coronavírus” e para dar segurança no transporte e entrega de imunizantes e insumos, “por se tratar de carga de alto custo e demanda”, os NRSs não serão usados.

Em vez disso, Corpo de Bombeiros, polícias Civil e Militar e a Ceve (Coordenadoria Estadual de Vigilância Epidemiológica) assumirão diretamente a missão, diretamente da Rede de Frio. As vacinas serão entregues às Secretarias Municipais de Saúde visando a abastecer 597 salas de vacina em todo o Estado, “instância final da Rede de Frio”.

Tais salas deverão manter as vacinas nas temperaturas recomendadas (de 2 ºC a até 8 ºC), a fim de garantir que não se estraguem, até sua aplicação, sob responsabilidade dos municípios.