Com 853 pessoas infectadas pandemia da Covid-19, as comemorações do Dia do Índio, pelo segundo ano consecutivo, na maior reserva federal de Mato Grosso do Sul, ficam reduzida às celebrações entre parentes, como acontece nesta segunda-feira (19), na Aldeia Jaguapiru e também na Bororó.

Apesar de instituída por decreto governamental, a data é considerada sagrada pelos mais de 18 mil indígenas que habitam as três principais aldeias e algumas retomadas (assentamentos) existentes em Dourados. ” Vamos celebrar sim, mas com pouca gente e com todos cuidados que a doença requer”, conta o rezador da Aldeia Jaguapiru, Getúlio Juca, que às 9h se reúne com alguns parentes.

O rezador   afirma que sente se sente mais seguro depois de receber a segunda dose da vacina. Entretanto, ainda sob os impactos da “fakes news”, nas aldeias de Dourados,  mais de 30% dos indígenas ainda não tomaram nem a primeira dose, conforme dados do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena).

“Esse vírus é muito perigoso. Já levou muito dos nossos parentes e também muita das nossas lideranças. É um inimigo invisível que precisa ser combatido e que tem feito muito mal a essa nossa gente sofrida, mas que celebra a  vida e a sua cultura, mesmo em tempos difíceis, como esses de pandemia” explica Seo Juca.

Em relação à segunda dose, os dados do Dsei revelam que a situação é ainda pior, com índices ainda mais baixos, uma vez que até o momento apenas (47,8%), totalizando 4.651 pessoas. Entretanto, das cidades que compõem o pólo base de Dourados, Rio Brilhante é o que tem o menor índice de aplicação do imunizante, com somente 30% de indígenas vacinados.

Mesmo enfrentando dificuldades que atravessam décadas, como falta de moradias, alimentação e até mesmo água potável, segundo o professor e pesquisador da (Universidade Federal da Grande Dourados), Neimar Machado de Sousa, só o fato de estarem vivos já é um motivo para celebração.

“É o feriado (nas aldeias) mais comemorado pelos povos indígenas. São alegres em meio às dificuldades. E é desta característica psicológica que vem a sua força. Os povos indígenas tem um grande futuro pela frente. Há muitos jovens e crianças nas comunidades e isso é sobretudo um fator de esperança”, afirma o professor da UFGD, que acompanha de perto a realidade indígena local.