Morando nas ruas de Campo Grande, imigrantes precisam recomeçam do zero: ‘fiquei desesperado’

Somente em agosto, unidade de acolhimento fez 194 atendimentos

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Pessoas em situação de rua podem procurar ajuda em centros de atendimento
Pessoas em situação de rua podem procurar ajuda em centros de atendimento

Com perspectivas de melhora de vida, mas com bolso vazio, muitos migrantes e imigrantes chegam à Campo Grande e acabam indo para a rua. Sem emprego e sem dinheiro, a rua se torna morada provisória para muitas pessoas.

Vivendo na capital sul-mato-grossense há seis meses, a venezuelana Gabrielys Antonella Smith chegou à cidade para procurar uma vida melhor, mas as coisas não aconteceram de imediato. “Quando vi eu estava na rua. Foi quando procurei a Policia e pedi ajuda. Hoje estou trabalhando, namorando, reconstruindo a minha vida”, contou.

Mulher trans, Gabrielys conta que tem recebido muito apoio no Brasil e as oportunidades que está tendo aqui não tinha em seu país de origem. “O Brasil é um país muito acolhedor e aqui tem leis que protegem as mulheres trans. Aqui eu tenho muito mais respeito que no meu próprio país”, relatou, frisando o apoio que recebeu na UAIFA (Unidade de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias).

O também venezuelano Luiz Alonso Maleno Ruiz há dois meses veio Campo Grande após romper com a esposa em Cuiabá (MT), onde moraram. “Eu ia para o Paraná ficar na casa de uma amiga da minha ex-companheira. Vendi todas as minhas coisas: fogão, geladeira, butijão de gás; e peguei o ônibus. Quando cheguei no Terminal Rodoviário daqui ela mandou uma mensagem dizendo que não poderia mais me receber. Eu fiquei desesperado, porque não tinha mais onde morar”, contou.

Foi quando a assistente social do terminal o encaminhou para a Casa de Passagem Resgate, instituição mantida parcialmente pela prefeitura. Lá, Luiz recebeu moradia, refeições e, inclusive, começou a trabalhar no local. “Agora eu consigo mandar dinheiro pro meu filho que está na Venezuela. Eu me sinto bem aqui, tenho amigos. O meu sonho é trazer meu filho da Venezuela. Ele só tem 8 anos”, revelou.

Apoio público

Campo Grande tem quatro unidades de acolhimento de pessoas em situação de rua, migrantes e imigrantes. São duas UAIFAs, cada uma com capacidade para atender até 100 pessoas ao dia; mais a Casa de Passagem Resgate, que é cofinanciada e tem capacidade para 80 vagas (migrantes e imigrantes) e a Casa de Apoio São Francisco de Assis, que também é cofinanciada e atende até 50 pessoas.

Segundo a prefeitura, na UAIFA 1 (antigo Cetremi) passaram 194 pessoas durante o mês de agosto. De março a agosto deste ano já foram realizados mais de 3,2 mil atendimentos nas unidades de acolhimento institucional da SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social), além de 2036 atendimentos a migrantes e imigrantes.

Também foram realizados 926 encaminhamentos para o mercado de trabalho e fornecidas 1.447 passagens a pessoas em situação de rua e estrangeiros que puderam retornar às suas cidades de origem, restabelecendo os vínculos familiares.

Quem não tem documentos, tem acesso ao serviço. A assistência social faz uma Busca Ativa para ver se a pessoa tem RG, CPF, carteira de trabalho. Caso ela tenha, é pedido 2º via, ou encaminhado para fazer os documentos. No caso de estrangeiros, eles são levados à Receita Federal e Polícia Federal para se regularizarem a estada no país.

Quem conhece alguém que precisa do serviço de acolhimento é só acionar o Seas (Serviço Especializado em Abordagem Social) pelos telefones (67) 98404-7529 ou 98471-8149. O serviço funciona 24 horas por dia. Ao acioná-lo, as equipes informarão sobre a estrutura das unidades de acolhimento e onde o usuário pode receber atendimento.

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