Jennifer recebe alta, mas fraturas impedem mochileira de deixar MS e finalmente chegar em casa
Enquanto tenta aceitar morte do namorado, família espera doações para conseguir fretar voo para o RS
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Depois de mais de 20 dias internada, a mochileira Jennifer dos Santos, de 19 anos, teve alta médica e continua a recuperação em Campo Grande. Hospedada em uma casa cedida próxima ao hospital por conta dos curativos, ela precisa permanecer na Capital por alguns dias, mas não vê a hora de voltar para casa. A jovem sofreu um grave acidente em novembro, com o namorado Tiago Escarcell Bohrer, de 32 anos, que acabou falecendo.
Mesmo após receber alta, Jennifer ainda não pode voltar para casa, em Pelotas. A jovem precisa fazer curativos na perna e no pé, que devem ser realizados no ambulatório do hospital. Para isso, ela recebeu ajuda de uma mulher que conheceu no próprio hospital, que a deixou permanecer em uma casa próxima à Santa Casa. Depois do acidente, Jennifer e a família têm vivido com a solidariedade das pessoas e se preocupam sobre como será a volta para Pelotas.
Depois de fazer os curativos, o objetivo é conseguir o histórico para que Jennifer possa continuar o tratamento no Rio Grande do Sul. A mochileira conta que sonha chegar em casa a tempo do Natal, mas não deve ser tão fácil.
Devido aos problemas no quadril, Jennifer não pode ficar completamente deitada. Mas, ela também não pode ficar sentada. Para voltar ao RS, a única alternativa é conseguir um voo específico para seu transporte.
Na época do acidente, quando Tiago ainda estava internado, o casal recebeu doações no quantitativo de R$ 13 mil, que ficaram com uma tia do rapaz. Com a morte do namorado, a jovem ainda não sabe quanto deve receber e se será o suficiente para conseguir o voo para casa.
Enquanto estão em Campo Grande, Jennifer, o irmão e a mãe se ‘viram’ como dá, com a ajuda das pessoas. “Quando cheguei em Campo Grande, já comecei a receber ajuda de quem soube do acidente. Desde me pegarem no aeroporto, doação de alimento, comida, frutas, tudo foi pela solidariedade”, relata a mãe Angélica Santos Pereira, de 49 anos, que veio a Campo Grande acompanhar o tratamento da filha.
A saudade e as lembranças de Tiago
Durante todo o período internada, o momento mais difícil para a mochileira foi quando recebeu a notícia de que o namorado Tiago havia morrido devido às complicações do acidente. Mãe da jovem, Angélica conta que os médicos aconselharam não contar no primeiro momento. Porém, mesmo uma semana depois, o baque foi pesado para Jennifer. “Ela passou mal, quase infartou”, relata.
Até agora, Jennifer não consegue expressar o que aconteceu no momento do acidente. Ao ser questionada pelo assunto, as lágrimas surgem nos olhos, mas as palavras não saem da boca. A saudade e a dor ainda são muito intensas.
Por enquanto, Jennifer foca em se recuperar e, mesmo deitada, brinca com as bolinhas utilizadas para fazer malabarismos. Ela conta que tudo que aprendeu foi com Tiago, que era um profissional na arte. Ao lembrar dele e contar sobre as brincadeiras que faziam, ela consegue até sorrir, apesar da falta que ele faz. “Era ele que sabia fazer, era experiente. Eu estou só aprendendo”, diz.
Como ajudar? Pessoas que quiserem contribuir com doações podem entrar em contato pelo telefone 53 9902-8366.
O acidente
O acidente aconteceu na rodovia BR-060, em Paraíso das Águas, que fica a 277 quilômetros de Campo Grande. O casal percorreu o Brasil em um mochilão, em cima de uma moto Honda Titan. Mato Grosso do Sul seria o último Estado a ser visitado pelo casal, antes de retornar para Pelotas (RS). Porém, na tarde do dia 16 de novembro, por volta das 15h, o motociclista Clovis Zolet, de 63 anos, estava numa moto BMW junto com um comboio de motos, quando tentou fazer uma ultrapassagem em local proibido, no km-97 e bateu de frente no veículo em que o casal estava.
Com a batida, o casal foi arremessado às margens da rodovia e Tiago teve a perna amputada no local com a colisão. Jennifer teve fraturas pelo corpo, sendo os dois socorridos em estado grave para uma unidade de saúde e depois levados para a Santa Casa de Campo Grande em vaga zero. Clovis acabou atropelado pelo último eixo da carreta que tentava ultrapassar e morreu no local.
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