Vítimas do Covid-19 no hospital referência de MS levam média de 10 dias para morrer em UTIs
No HRMS, infectados pelo vírus morrem cerca de 10 dias dias após serem internados em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva).
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Referência no tratamento do coronavírus no Estado, o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) enfrenta diariamente a luta contra o tempo para salvar pacientes da Covid-19. Realidade que nem sempre acontece, pela gravidade do estado em que os acometidos chegam na unidade. No hospital, infectados que não resistem ao vírus morrem cerca de 10 dias após serem internados em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva).
Levantamento inédito em Mato Grosso do Sul obtido a pedido do Jornal Midiamax revela que nos últimos sete dias, 30 pessoas foram vítimas da doença e não resistiram ao coronavírus mesmo com internação no HR. Os dados mostram que sul-mato-grossenses estão morrendo por Covid-19 cada vez mais rápido nas UTIs.
O HRMS permitiu acesso às informações do tempo de internação dos pacientes que faleceram entre 18 e 24 de março. O Hospital Regional atendeu 42% dos infectados que não resistiram ao coronavírus na última semana em Campo Grande.
De acordo com os boletins da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), compilados pela reportagem, 106 pessoas faleceram por Covid-19 na Capital neste período. Todas estavam internadas por causa da doença. Assim, 71 estavam hospitalizadas em leitos públicos e 35 em leitos privados.
Além disto, das pessoas que deram entrada no HRMS por Covid-19 e faleceram, 80% foram internadas direto em UTIs. Ou seja, das 30 vítimas, 24 foram hospitalizadas imediatamente em leitos considerados como a última alternativa para tratamento do coronavírus.
Apenas cinco infectados ficaram hospitalizados com outras alternativas antes de entrarem na UTI. Existe ainda um paciente que não chegou a ficar nem 24h internado e a morte consta como ‘zero’ o tempo de permanência na instituição.
Mortes mais rápidas
Mato Grosso do Sul registrou superlotação dos leitos UTI Covid-19 em praticamente todo o mês de março. Após o recorde de mortes e ampliação de leitos, houve respiro dos hospitais que beiravam o limite de internações. No entanto, nesta última sexta-feira (26), o Estado registrou 100,37% de ocupação destes leitos. Dois pacientes eram atendidos além da capacidade e outros 161 aguardavam vagas.
Assim, a sobrecarga do sistema de Saúde pode ajudar na morte rápida destas pessoas. De acordo com o enfermeiro Everton Lemos, doutor em infectologia e colaborador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), “sem a oferta de assistência em tempo oportuno, a chance de evolução para óbito, sem dúvida aumenta”.
O especialista explica que comorbidades e problemas de saúde podem ser fatores para adiantar o falecimento de pacientes que foram internados por Covid-19. Porém, também destaca que com variantes do coronavírus circulando pelo Estado, mais pessoas podem ser infectadas e até mesmo quem já sobreviveu a Covid-19, pode passar pela doença novamente. “Isso mantém o ciclo de transmissão, contribuindo para as elevadas taxas da doença no estado”, ressalta.
Ou seja, quanto maior o número de infectados, mais pessoas precisarão de UTIs. Então, Everton esclarece que isto gera superlotação e por consequência, demora no atendimento. Assim, isto acaba “reduzindo o tempo de permanência da UTI, devido o desfecho de óbito”.
Como mostrado pela reportagem, 80% dos pacientes que morreram por Covid-19 internados no HRMS deram entrada diretamente nas UTIs. A superlotação dos leitos está diretamente relacionada ao padrão de internação imediata. Pois, segundo o especialista, “quando o paciente grave, consegue a vaga para internação, ele já apresenta uma evolução descompensada, necessitando de cuidados intensivos”.
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