Apesar disso, o investimento nacional no esporte ainda tem muito para onde crescer: de acordo com um estudo da Fifa de 2019, a seleção do Brasil conta com apenas duas categorias base e 475 meninas menores de 18 anos registradas em times de e competindo. Nos , elas eram em 1,5 milhão de meninas, e as categorias de base são oito. 

Apesar do grande poder econômico dos Estados Unidos, a discrepância dos números impressiona, tendo em vista a tradição brasileira no esporte e a capacidade nacional de alavancar jogadoras do mais alto nível profissional nos últimos anos.  

Iniciativas como o recente teste promovido pela casa de apostas Betway internacional com a equipe do Real Betis Féminas revelam consistentemente que o futebol profissional vem ganhando cada vez mais interesse das mulheres e em geral. 

As jogadoras mostraram conhecimento não só dos feitos de seu clube – que ano ele subiu de divisão, quando foi fundado – mas também dados sobre a seleção espanhola e grandes jogadoras contemporâneas, como a brasileira Marta, seis vezes eleita a melhor jogadora do mundo. O quiz mostra como elas estão antenadas no que estão rolando. E com cada vez mais fãs, será normal ver que o nível de atenção e envolvimento de todas as partes irá crescer. 

Esse crescimento na apreciação do esporte provado pelo conteúdo da Betway pode ser percebido de diversas maneiras. A capacidade de enxergar o jogo feminino como um negócio nem sempre ganha a devida atenção.  

Mudança estratégica 

A entrevista do proprietário do Chelsea, Roman Abramovich, à Forbes lançou luz a esse aspecto do esporte. Em 2020, o clube sagrou-se campeão da Superliga Feminina Inglesa, superando o recorde de maior período invicto do torneio (32 jogos) e ganhou a Copa Continental pela segunda temporada consecutiva. 

Aos olhos de Abramovich, a importância crescente da incorporação de equipes de mulheres nos grandes times é uma tendência interessante também do ponto de vista empresarial: 

– Acho que o investimento [no futebol feminino] se paga. Acho que o sucesso delas demonstra o que pode ser alcançado ao dedicar recursos e tem a liderança correta.”    

Além de confiar nos bons resultados do esporte profissional, a implementação de mudanças inclui uma reformulação também na instituição dos grandes times do esporte. O investimento se traduz em uma sede para equipe em Cobham, um estádio e ao financiamento 

Abramovich argumenta que a equipe feminina é uma das “engrenagens” fundamentais da comunidade do Chelsea, composta também pelo time masculino, pelas categorias de base e pelo apoio a ex-jogadores. 

E o Brasil? 

Não é uma novidade que os clubes brasileiros vivem em constante crise econômica e o futebol feminino sofrerá assim como esportes olímpicos em clubes que tradicionalmente montam equipes. 

O cenário melhorou com o maior envolvimento da CBF, federações locais e clubes tradicionais, mas ainda estamos muito distantes de honrar o talento que criamos em nosso território. É normal que jogadoras talentosas tenham que sair do país para ter melhores estruturas e remuneração. 

Entretanto não se pode ser apenas negativo. O trabalho é de longo prazo e qualquer comparação com o futebol masculino é descabida. É claro que os homens terão maiores públicos e audiência, afinal os clubes entram em campo há 100 anos. Os times de futebol feminino só ganharam maior atenção e apoio na última década. 

Com maior exposição, um calendário fixo e recursos a serem investidos, a roda começará a girar e o esporte ganhará tração: teremos mais público, mais patrocinadores, mais atenção e, o principal, mais meninas sabendo que o lugar delas é sim o gramado e que é possível jogar futebol feminino de qualidade no Brasil.