Mesmo com aumento de casos de coronavírus em Mato Grosso do Sul, inclusive nos povos indígenas, profissionais de Saúde foram demitidos. Ao todo, 17 profissionais que atendem indígenas de Dourados, a 229 km de Campo Grande, foram desligados das atividades.
O caso foi exposto após denúncia do Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil ), nesta terça-feira (05). Em publicação, foi lembrado que o Polo Base de Dourados registrou os primeiros casos de coronavírus entre povos Guarani e Kaiowá. Além disto, a região também teve os primeiros óbitos desta população.
De acordo com a Articulação, este é “um caso de racismo institucional, pois os profissionais demitidos são, principalmente, indígenas que atuam na saúde indígena”. Entre os desligados, está a enfermeira Indianara Kaiowá, que era coordenadora técnica do Polo Base.
A profissional esteve na linha de frente do combate à pandemia, atendendo indígenas que foram infectados por coronavírus. Em 15 dias, 410 indígenas sul-mato-grossenses foram infectados por coronavírus. Assim, MS já registrou 3.453 casos confirmados de Covid-19 em povos nativos.
Os dados são levantados pela Sesai (Secretaria de Saúde Indígena). O recorte de casos foi considerado de 14 a 29 de dezembro.
Motivo das demissões
Segundo relatos da Apib, existe conflito entre os profissionais e o coordenador da Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) de MS, Joe Saccenti Júnior. Assim, “qualquer profissional da saúde indígena que comente ou questione as decisões tomadas pelo DSEI recebe advertência e/ou demissão”.
O coronel foi nomeado pelo Ministério da Saúde em setembro de 2020. Questionado pela Articulação, Joe negou a situação. Então, afirmou que “apenas psicólogos e técnicos de enfermagem contratados exclusivamente para atuar no combate ao Covid-19 foram desligados”.
Além disto, a Apib destacou que os profissionais seguiram no combate ao coronavírus de forma quase independente. Pois a Casai (Casa da Saúde Indígena) da região permaneceu sem liderança oficial durante um período da pandemia.