Dia do Nordestino: migrantes chegaram a MS na década de 40 e deixaram heranças que vão de gírias a comida

Até os dias atuais, muitos ainda procuram o Estado em busca de oportunidades

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Eronildo vive há 35 anos em MS
Eronildo vive há 35 anos em MS

O Dia do Nordestino é comemorado nesta sexta-feira (8) para celebrar o povo que marcou presença forte em Mato Grosso do Sul, deixando fortes traços da cultura daquela região em nosso Estado. Talvez você não saiba, mas muitas gírias e até pratos comuns por aqui foram trazidos por eles.

O historiador e professor universitário, Eronildo Barbosa — paraibano que se fixou em MS há 35 anos — explica que os primeiros nordestinos chegaram a Mato Grosso do Sul na década de 40, atrás de terras e oportunidades. “A partir da construção de um grande complexo agrário federal em Dourados”, que resultou no surgimento de assentamentos no sul de MS.

“Nessa época, vieram paulistas, paranaenses e mineiros. Eles tinham mais recursos, porém, os nordestinos vieram na condição de camponeses. Na região de Dourados, o plantio era todo feito pelas mãos dos nordestinos”, conta Barbosa.


Eronildo é historiador e professor universitário (Foto: Leonardo de França, Midiamax)

A partir disso, os nordestinos continuaram migrando para MS em busca de oportunidades através de outros programas de reformas agrárias como em Terenos e Rochedo também. “Aos poucos foram se espalhando, criando gerações e Campo Grande era a cidade que recebeu parte deles”, conta o professor.

Com o potencial agrário de MS sendo desenvolvido, o povo nordestino continuou chegando, inclusive nos dias atuais como é o caso de Chapadão do Sul, que recebeu muitos trabalhadores nordestinos recentemente. O município localizado no nordeste de MS, além de ter mais proximidade com a região Nordeste do país, também já possui grande comunidade nordestina, principalmente no bairro da Esplanada. 


Trabalhadores do Nordeste também estão presentes nas obras de fábrica de celulose em Ribas do Rio Pardo – Foto: Leonardo de França / Midiamax

O mesmo ocorre em Três Lagoas e até na grande obra da fábrica de celulose em Ribas do Rio Pardo. “Três Lagoas tem composição nordestina imensa devido às obras na região de Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. Se for ali, vai encontrar gama de trabalhadores do nordeste”, pontua Barbosa.

Herança na cultura

O povo nordestino é conhecido por ser praticamente um país dentro do Brasil, com suas próprias tradições e características singulares. Muitas dessas heranças enraizaram e fazem parte da cultura sul-mato-grossense.

Você fala ou já ouviu pessoas por aqui dizendo que alguém é ‘avuado’ por ser muito distraído ou que está querendo saber que ‘bafafá’ é esse ao se referir à confusão ou tumulto? Tal lugar fica no ‘caixa-prego’, aquele sujeito é um ‘enxerido’ ou ‘nó cego’ também são termos usados por aqui trazidos do Nordeste.

Na culinária, os nordestinos também fizeram bonito e pratos típicos da região ainda são muito apreciados em MS como carne de bode, carne de sol, muguzá, rabada, buchada de bode e a famosa tapioca.


Buchada de bode também é apreciada em terras sul-mato-grossenses

A música foi muito bem aceita e a seleção de forró não pode faltar em um bom baile sul-mato-grossense. Outra coisa boa que o sul-mato-grossense ama e vem do nordeste é a tradicional festa caipira de São João. Em Corumbá, a festa se tornou patrimônio imaterial e recebeu influências nordestinas como as famosas procissões.

 

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