Manifestantes que participam da 27ª edição do Grito dos Excluídos já começam a se concentrar na Praça Ary Coelho, na região central de Campo Grande. A manifestação, que reúne movimentos sociais e sindicais, é tradicionalmente realizada nesta data desde 1995, sempre após desfiles cívicos de 7 de setembro. Este ano, o evento torna-se retrato da polarização política que o Brasil atravessa e atrai também quem é contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Um dos organizadores, o presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de MS), Jaime Teixeira, destacou a tradição do evento, que tem como tema a “luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda”.

“Há 27 anos reunimos os movimentos sociais e sindicais por pautas como o respeito aos direitos humanos e sociais. Neste ano, queremos denunciar essas violações e as desigualdades. Enfrentamos uma caristia muito grande, que impacta principalmente a renda dos mais pobres”, detalha.

O aposentado Plínio Presstani chegou por volta das 14h30 à Praça Ary Coelho. Ao Jornal Midiamax, ele detalhou que defende o estado democrático de direito sem retorno do governo militar. “É uma luta constante contra a política de desgoverno, de um projeto fascista de militarização das instituições. É uma luta por um país mais democrático, onde as pessoas possam exercer sua liberdade, sendo gay, negro, sem violação dos direitos. Atualmente, temos um modelo político onde só os ricos se expressam”, detalha.

Verde-amarelo

Associadas aos movimentos conservadores, as cores da bandeira, o clássico verde-amarelo é utilizado em faixas e cartazes, para a surpresa de muitos. Entre os presentes, uma das pessoas que aderiu a essas cores foi a professora Kelly Ribeiro, de 40 anos.

“Essa bandeira é de todos, não é apenas de um partido ou de uma organização. Ela é de todos os brasileiros, é do povo, que luta pela igualdade, pela garantia do arroz e do feijão, da casa própria, pelas igualdades e direitos, que estão concentrados apenas na mesa de poucos”, declarou.

Gestor da praça, Elvis Targino, de 38 anos, destacou à reportagem que este é o primeiro ano que o interior da praça — que é cercada — é utilizado para a manifestação, desde a reforma do local. “Espero que seja um evento tranquilo, que mantenha a ordem, como foi a manifestação de hoje de manhã”, comentou o gestor.

Segurança

Enquanto manifestantes chegam ao local, efetivo da GCM (Guarda Civil Metropolitana) garante a segurança. Houve temor de que a realização dos dois eventos no mesmo dia promovesse conflitos entre manifestantes de diferentes frentes.

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Foto: de França | Jornal Midiamax

No último dia 1º, representantes da Fetems estiveram na Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), onde pediram reforço no policiamento para o ato político. Conforme disse Teixeira, o objetivo do pedido era garantir a segurança de quem estará no evento, sobretudo após ameaças e intimidações sofridas pelo sindicalista no fim de agosto.

O ato desta terça-feira tem saída prevista às 16h, da Praça Ary Coelho, devendo subir pela Rua 14 de Julho, seguindo na Rua Antônio Maria Coelho, retornando pela Rua Pedro Celestino e dispersando na Praça do Rádio, na Avenida Afonso Pena — local em que mais cedo foi a concentração das manifestações em defesa do governo Bolsonaro.