Com clima de ‘liberou geral’, pandemia persiste em MS e especialista alerta para biossegurança

No Centro da Capital, é possível ver que muitos não seguem à risca o ‘manual’ do distanciamento social

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Uso de máscaras nas ruas tem sido deixado de lado por alguns consumidores
Uso de máscaras nas ruas tem sido deixado de lado por alguns consumidores

Mesmo com a recomendação do uso da máscara e o distanciamento social ainda em vigor — estabelecidos por decreto municipal — é comum ver pelas ruas de Campo Grande pessoas sem as proteções e ignorando o distanciamento de segurança nas ruas e comércios. É que os bons indicadores, frutos do avanço da vacinação, contribuem para que muitos abram mão dos cuidados de biossegurança. Mas os especialistas alertam: a pandemia não acabou.

No Centro da Capital, o Jornal Midiamax constatou que o clima é de “liberou geral”, e muita gente não utiliza máscara enquanto circula pelas ruas. Em alguns estabelecimentos, o distanciamento começou a ser ignorado, com os clientes bem próximos uns dos outros em filas.

Ao Jornal Midiamax, o médico infectologista Rodrigo Nascimento Coelho apontou que a flexibilização por parte da população é uma conquista dos avanços obtidos pela vacinação, mas reforçou o que deveria ser regra: as medidas de biossegurança ainda devem ser seguidas.

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Nas lojas, distanciamento em filas é desrespeitado (Foto: Leonardo de França, Midiamax)

Midiamax: Por que as pessoas estão ignorando as regas?

Infectologista: O que está acontecendo é que as pessoas estão ficando, não todas, sem paciência e não aguentam mais usar e seguir o distanciamento, você percebe no seu ambiente de trabalho. As pessoas no seu dia a dia já não querem mais usar, porque já estão imunizadas ou tiveram o vírus, e também percebem que o índice de transmissão já melhorou bastante. Só que a gente precisa aguardar a liberação dos órgãos governamentais. A respeito disso, Campo Grande e o Estado tem uma vigilância epidemiológica muito boa. Então, nós precisamos aguardar que isso seja oficializado.

Por que devemos continuar usando as máscaras?

A Covid-19 é uma doença perigosa e transmitida por via aérea. A máscara cria uma barreira física, ela pode diminuir a chance dessa transmissão. Então, por isso que existe a máscara. As pessoas têm que usar, embora tenha diminuído bastante, as internações não terminaram. Tem gente indo para o CTI (Centro de Terapia Intensivo), claro que é um número muito menor do que em junho, há 4 meses. Mas não está zerado.

Por que é importante se vacinar?

O vacinado pode contrair e transmitir a doença, mas não vai evoluir para a forma grave, porque está vacinado. No momento, a vacina não está impedindo a infecção, ela está diminuindo a chance de evoluir para forma grave.

Ignorar o distanciamento e uso da máscara pode levar a um aumento na taxa de transmissão?

Isso de alguma forma pode gerar um aumento de contágio. É uma doença respiratória e a proximidade das pessoas, somado ao ar contaminado pode aumentar o nível de contágio.

Como provar a eficiência da máscara para um negacionista?  

Eu trabalho há quase 30 anos — por conta da minha especialidade — dentro de isolamentos respiratórios. Seja para tuberculose, meningite e assim por diante, a gente entra com máscara. Não é a Covid-19, a precaução para algumas doenças graves já existe há bastante tempo. Você entra paramentado, é algo natural. As pessoas que vão examinar pacientes contaminados por Ebola no continente africano, por exemplo, todos vão paramentados.

A gente sabe que esse tipo de proteção é importante. As pessoas que alegam que a máscara não tem importância diante de uma doença de transmissão respiratória têm que apresentar os dados científicos para contradizer o que a ciência já vem fazendo há muito tempo. Eu discordo, não vejo embasamento científico na fala dessas pessoas que dizem que a máscara não adianta.  

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