Um levantamento realizado pela Cufa (Central Única das Favelas) revelou que, em Campo Grande, aproximadamente 5 mil crianças moram em 26 favelas.
 
Apesar da ansiedade pelo Dia das Crianças já que é tradição associar a data com presentes, como brinquedos, o levantamento da Cufa também diagnosticou outra necessidade dessas crianças além do carrinho e da boneca: atenção.
 
Em depoimento à equipe da Cufa, a moradora da comunidade Lagoa, Débora da Silva Dias, mãe de duas crianças, sendo uma de 13 anos e a outra de 1 mês, disse que além de todas as dificuldades enfrentadas na , a pandemia revelou mais uma: a falta de espaços públicos seguros e educativos para os seus filhos e demais crianças da periferia.
 
“Passei toda a pandemia dependendo de doações e, além da preocupação de não saber se as minhas crianças teriam o que comer, também tive que lidar com o ensino remoto, ou seja, com o meu filho mais velho em casa. Após as atividades educacionais, o que sobrava era o ócio já que por aqui não há pracinhas, parquinhos ou qualquer espaço público preparado para receber crianças. Na favela, é ainda mais ruim, e até mesmo perigoso, você deixar uma criança sem ocupação”, desabafa.
 
Segundo a psicóloga da Cufa, Tatiana Samper, a necessidade apontada por Débora é a da maioria das mães moradoras das favelas.
 
“Quando a pergunta é o que essas mulheres gostariam que mudasse no bairro onde elas moram, a resposta é a mesma: parquinhos ou uma pracinha para que elas possam levar as crianças em segurança. Isso evidencia que os espaços públicos de hoje não são pensados para as mulheres e para as crianças, ou mesmo não existem. É extremamente importante a existência desses espaços nas comunidades, pois eles criam sentimento de pertencimento e fortalecem os laços entre os moradores”, pontua.
 
Ação
 
E para atender essa necessidade, a coordenadora da Cufa Campo Grande, Letícia Polidorio, realizará no dia 16 de outubro (sábado) a ação BRINCANTE na favela “Alfhavela”, localizada no Jardim Caiobá, das 8h às 12h.
 
“O brinquedo é essencial para as crianças, nós temos consciência disso, porém, observamos no ano passado, com a ação de entrega de brinquedos, que as crianças gostaram muito mais das atividades, brincadeiras, rodas e músicas que fizemos. Isso tem tudo a ver com o momento em que elas estão vivendo, mais de um ano sem escola, a falta de contato, o excesso de televisão. Além disso, são muitas crianças. Então, estamos recebendo brinquedos, mas a ação da Cufa este ano é promover as brincadeiras com atrações infantis para que as crianças da favela sintam que a infância delas está sendo respeitada, para que elas sejam amadas e dignas”, afirma.
 
Para quem deseja colaborar com a Ação BRINCANTE da Cufa, entre em contato com a organização. O telefone é: (67) 99181-8142.