Pular para o conteúdo
Cotidiano

Mapa da carência: saiba quais regiões de Campo Grande mais recebem o Bolsa Família

Periferia de Campo Grande contempla bairros que vivem principalmente de comércio de recicláveis
Arquivo -

A pandemia do coronavírus contribui para o avanço da pobreza em todo o Brasil e a situação não é diferente em Mato Grosso do Sul. Somente em , mais de 33,6 mil pessoas recebem o Bolsa Família como forma de subsistência, em sua maioria, moradores da região do Anhanduizinho que há anos abriga os bairros e favelas mais vulneráveis da cidade, como o Los Angeles e Centro-Oeste.

O levantamento feito pela SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) a pedido do Jornal Midiamax revela que até o ano passado, a cidade possuía 33.653 famílias beneficiadas pelo Programa bolsa Família. De acordo com o levantamento, a distribuição de Bolsa Família na Capital é a seguinte:

  • Anhanduizinho – 10.948 famílias
  • Bandeira – 4.253 famílias
  • Imbirussu – 4.054
  • Lagoa – 5.655
  • Prosa – 3.603 
  • Segredo – 4.879
  • Rural – 261 famílias

Além do Bolsa Família, outro auxílio financeiro disponibilizado na pandemia pelo é o auxílio emergencial. O Midiamax solicitou à prefeitura detalhamento de recebimento do auxílio, mas segundo o município, em razão do benefício ser federal, ainda não há levantamento da distribuição do auxílio por regiões em Campo Grande. 

 

Como é a vida de quem recebe ?

Quem recebe o benefício no bairro José Teruel Filho 2, região dos Los Angeles, vive uma luta constante para sobreviver e definir a prioridade na hora de escolher o que comprar. Liliane Ferreira da Silva, de 27 anos, mora em um barraco de lona e madeira com o marido, e o filho de 8 anos. Vivendo do benefício de R$ 130 por mês, do trabalho de jardinagem do marido e de doações.

“Um mês compro arroz, feijão e mistura. No outro pago uma conta. Tem que escolher a prioridade. É bem difícil viver aqui, quando chove entra chuva por cima, enxurrada e tem um matagal cheio de lixo”. Desabafou

[Colocar ALT]
Moradia da Liliane (Foto: Leonardo de França /jornal Midiamax)

Quando questionada sobre a realidade social que está inserida, o tom de voz angustiante deu uma dimensão do problema. “Esse dinheiro é só para manter, acho que sobreviver, muitas lutas, todo dia uma coisa. Nossa dificuldade é conseguir alimento”, finalizou.

A situação de sobrevivência se repete com a também moradora da região, Tais Cristina Lorenzo de 21 anos, mão solteira de um filho de 1 ano e 2 meses. A mesma vive da venda de material reciclável e com o Bolsa família de R$180.  “Só deus na causa, acho que já vive coisa pior, mas não é fácil.

Com o dinheiro do auxílio, Tais compra fralda, bolacha, batata e mistura. Ela se mudou para o barraco há 4 anos, quando saiu da casa do pai, e desde então vive com dificuldades.  “Estamos precisando de roupa de frio”, disse ela.

Como essas regiões ficaram vulneráveis? 

Sobre o ciclo de pobreza nas regiões periféricas da cidade, o Jornal Midiamax conversou com a professora da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), e do mestrado em Antropologia e Estudos Fronteiriços, Mara Aline Ribeiro.

De acordo com ela, a organização da periferia da cidade pode estar relacionada com a desigualdade social que avança a passos largos nos últimos anos. Outro fator, seria a região já oferecer uma condição de moradia mais precária, com valores mais baratos para morar.

“Às vezes a pessoa morava em outra região, mas o empobrecimento pelo qual a população está passando, a conduz para outros locais, em busca de uma sobrevivência mais barata. No sentido literal, essas pessoas estão apenas conseguindo sobreviver a partir de doações”, explicou.

Em relação ao coronavírus, Mara Aline explica que pandemia acelerou esse movimento. O Brasil já estava em processo de retração econômica, que foi acelerado com a pandemia. “As pessoas perderam o poder de compra, não só as que se encontram em estado de vulnerabilidade, mas quem se classifica como classe média também. A perda do poder de compra antecipou a ida para os locais considerados mais vulneráveis, com condições de favelamento”, disse Mara Aline.

A professora reforça que o país passa por um momento de fragilidade econômica, e que muitas dessas pessoas, tinham algum tipo de renda que foi subitamente retirada com a chegada da Covid-19. “Muitos trabalhavam como autônomos, sem vínculo empregatício, ou em subempregos: vendedores de salgado na rua, diaristas, manicures. O retorno desses trabalhadores às atividades econômicas será lento e gradual. Até lá, muito necessitará ser feito para atender essa população relegada à própria sorte”, finalizou.

Ações da SAS

a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) por meio da Superintendência de Proteção Social Básica, neste momento de pandemia da COVID-19, tem planejado e articulado com os Centros de Referência de Assistência Social – o atendimento às famílias que estão enfrentando situações de risco social e extrema pobreza priorizando os benefícios eventuais (cesta básica, auxílio documento e auxílio funeral) e a inclusão e atualização do Cadastro Único para acesso aos programas sociais de todas esferas de governo. Os CRAS atendem de segunda a sexta e contam com equipe técnica para promoção destes atendimentos. 

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Em MS, mais de meio milhão podem ser beneficiados pelas novas regras da tarifa social de energia

Trump ordena que líder supremo do irã se renda: “paciência se esgotando”

Ex-atriz de Malhação anuncia que é ‘promovida a vovó’ e parabeniza enteado

Vista aérea de Três Lagoas. Prefeitura fechou contrato para construir 50 casas populares (PMTL, Divulgação)

Após aditivo, recapeamento de bairro irá custar R$ 2 milhões em Três Lagoas

Notícias mais lidas agora

Pela segunda sessão consecutiva, CNMP julga denúncias de corrupção no MPMS

Após vistoria apontar ‘cheiro intenso’, JBS insiste que adotou medidas antifedor

concessão morenão

Concessão de até 35 anos é alternativa para Morenão, aponta presidente de Comissão

Homem que se apropriou de lote de gado em fazenda é preso com arma e munições

Últimas Notícias

Política

Aquidauana terá sinais de TVs públicas nos próximos meses

Moradores terão acesso a canais como TV Brasil, TV Educação, TV Saúde, Canal GOV e das emissoras da Rede Legislativa

Cotidiano

Em sete dias, 468 casos de síndrome respiratória foram confirmados em MS

Dos 22 óbitos, 6 foram por influenza; idosos são as principais vítimas de doenças respiratórias no estado

Transparência

R$ 7,6 milhões: TCE-MS barra licitações de Aral Moreira e Itaquiraí após irregularidades

Certames estão previstos para esta quarta-feira (18)

Brasil

Restrições ao uso do medicamento Elevidys não se aplicam ao Brasil

Medicamento foi suspenso após duas mortes por insuficiência hepática