A Sodepan (Sociedade de Defesa do Pantanal) emitiu uma nota onde afirma que o total descontrole do fogo, durante este período de estiagem, pode ser por causas naturais, como combustão espontânea e raios, causas acidentais, nas margens de rodovias, vidros, metais, acidentes em rede elétrica, ou mesmo por descuido do próprio homem, sendo neste último, necessário responsabilização judicial.

“Não há, portanto, nenhum paralelo com a prática secular de queimadas controladas, realizadas mediante autorização do órgão ambiental, e em época distinta ao período de auge da seca, haja vista de sua proibição para este período”, consta na nota.

Na nota, a Sodepan repudia e qualquer tentativa de imputar a culpa pelos atuais incêndios aos pantaneiros, fazendeiros ou ribeirinhos da região, que em verdade são as maiores vítimas com a destruição da natureza e de sua reputação, massacrada pela mídia.

Após cumprimento de mandados de busca e apreensão na Operação Matáá, que resultou em uma prisão em flagrante na última segunda-feira (14), a Polícia Federal agora aguarda a conclusão do trabalho de perícia para identificar os possíveis responsáveis por queimadas ilegais na região do Pantanal que já devastaram mais de 25 mil hectares do bioma.

Leia a nota abaixo:

INCÊNDIOS QUE CONSOMEM O PANTANAL E A VERDADE

A SODEPAN – Sociedade de Defesa do Pantanal, fundada por Pantaneiros em 1985, veio ao longo de seus 35 anos de existência acumulando conhecimento dos ciclos, dos riscos e do real potencial da região do Pantanal, conhecimento esse repassado por seus diretores e associados, que historicamente atuaram frente a esta ONG, na lida constante pela preservação da cultura do homem Pantaneiro, do desenvolvimento econômico e da preservação ambiental desta região. Com base neste notório conhecimento, vimos por meio desta nota esclarecer que o que ocorre no Pantanal, são INCÊNDIOS, caracterizados pelo total descontrole do fogo, incluindo a sua origem, que devido ao longo período de estiagem e elevada temperatura podem advir de causas naturais, como combustão espontânea e raios, ou de causas acidentais, das margens de rodovias, vidros, metais, acidentes em rede elétrica, ou mesmo por descuido do próprio homem, sendo nesse último caso passível e necessária responsabilização judicial.

Não há, portanto, nenhum paralelo com a prática secular de queimadas controladas, realizadas mediante autorização do órgão ambiental, e em época distinta ao período de auge da seca, haja vista de sua proibição para este período.

Desta forma repudiamos em absoluto toda e qualquer tentativa de imputar a culpa pelos atuais incêndios aos Pantaneiros ou como comumente dito por especialistas de plantão, fazendeiros ou ribeirinhos da região, que em verdade são as maiores vítimas dessa tragédia, seja pela destruição do seu patrimônio, consumido pelas chamas; seja pela destruição de sua reputação, massacrada pela mídia; seja pelas restrições legais e econômicas, impostas por novas políticas ideológicas e de cunho eleitoreiro, que em nada beneficiam o homem a fauna e flora do Pantanal.

Podemos nesse momento imputar sim ao Homem Pantaneiro, que ocupa economicamente o Pantanal por quase 300 anos, a responsabilidade de tê-lo mantido, com recurso próprio, até os dias atuais com 87% de sua cobertura vegetal natural preservada, juntamente com suas centenas de espécies animais.

Prestamos nossa solidariedade a todos os Pantaneiros que lutam na linha de frente dos incêndios, buscando minimizar os danos ambientais e econômicos. Estendemos essa solidariedade aos voluntários, brigadistas, bombeiros, militares e a todos aqueles que de alguma forma colaboram efetivamente com esse esforço de guerra.

Que venham as chuvas, e com ela o fim dos incêndios, das falácias e da imensa seca que neste ano nos assola. Que venham as chuvas para demarcar o final deste ciclo e início do próximo, que promoverá aregeneração do Pantanal em sua plenitude de fauna, flora e sociedade, como sempre.

Campo Grande, 16 de setembro de 2020.

Marcelo Rondon de Barros – Presidente – SODEPAN