Tradicionalmente o Natal é o momento do ano em que a família toda se reúne para festejar, mas em tempos de Covid-19, o feriado do campo-grandense deve ser mais contido em 2020. Este é um alerta que as autoridades de saúde também fazem: evitar reuniões. 

Marinalva Lima, de 60 anos, pretende comemorar o Natal em casa, a sós com o marido. Geralmente ela passa as festas de final de ano com os familiares, mas esse ano vai se resguardar.

 “Esse ano vamos ficar meio separado. Cada um na sua casa; [O coronavírus] está pegando até em criança, melhor se prevenir; tentar fazer um natal diferente”, disse ela ao Jornal Midiamax.

Sem aglomerar: campo-grandense pretende passar o Natal em casa e sem reunião familiar
Roberto vai tentar sair do normal em casa com a esposa e filha no Natal (Foto: Marcos Ermínio, Jornal Midiamax)

O mesmo deve fazer Roberto César, de 39 anos. Ele comprou o presente o presente da filha Melinda, de 6, na manhã deste sábado (19), e disse pensar em algo diferente para a data.

“Infelizmente vai ter que ser algo diferente, mas vamos tentar sair do cotidiano mesmo assim”, revelou. Mesmo pensando em algo diferente, Roberto vai ficar em casa com a esposa e a filha. 

Já a vendedora Juliely Spiler, de 28 anos, ainda não definiu os planos para a ceia de Natal. Ela perdeu a mãe há quatro meses e desde então mora sozinha. “Esse ano vai ser complicado. Ninguém está muito animado para passar junto”, comentou ela, que tradicionalmente se reunia com a família. 

Já para Juliely Spiler, as pessoas estão receosas, mas vão acabar se reunindo mesmo assim. “É normal aglomerar essa época do ano. O brasileiro está acostumado”, completou. 

Sem aglomerar: campo-grandense pretende passar o Natal em casa e sem reunião familiar
Juliely Spiler disse que brasileiro é acostumado a se aglomerar no Natal (Foto: Marcos Ermínio, Jornal Midiamax)

Seguindo no grupo dos que vão ficar em casa, Rozeli Pereira, de 48 anos, vai ficar ao lado do marido no lar. No Centro da Capital, ela estava acompanhada do sobrinho Lucas, de 8 anos. 

Por sua vez, este disse que o plano é ir jantar na casa de uma das avós e depois vai para a casa da outra. 

Recomendação

Para Christinne Maymone, secretária-adjunta da SES (Secretaria de Estado de Saúde), “o momento é de amarmos a nossa própria vida e a vida de quem amamos”.

Alguns países estão adotando um padrão para estas reuniões, de no máximo de 10 pessoas do mesmo núcleo familiar. Mas de acordo com Maymone, é preciso levar em conta o tamanho do local onde se pretende reunir.

“Em um espaço pequeno, de 3×2 m², por exemplo, é muito difícil acomodar oito pessoas sem aglomeração”, explica, ressaltando que é preciso usar o bom senso sempre. De acordo com ela, mesmo em espaços mais amplos, é bom  manter as regras de biossegurança – distância de 1,5 m, máscara e higiene das mãos. “Retire a máscara quando for comer, mas mantenha a distância”, sugere.

A grande preocupação da secretária-adjunta é com a proteção e o cuidado com as pessoas mais vulneráveis, como os idosos.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) defende que evitar reuniões familiares seria a “aposta mais segura” para este Natal. Em recente entrevista coletiva, Maria Van Kerkhove, líder técnica da Covid-19 na OMS, defendeu que as famílias prefiram reuniões virtuais neste ano.

Mesmo reconhecendo a dificuldade que as pessoas terão em adotar esta conduta, Kerkhove alerta que as famílias devem tomar essa decisão avaliando a chance de estar, inadvertidamente, causando situações de alto contágio.

Espaços fechados, mal ventilados e com aglomerações regadas a álcool (que tende a nos fazer relaxar nas medidas de precaução) é uma receita perigosa para o alastramento da Covid-19, de acordo com especialistas.