Revitalizada, a ‘nova’ 14 de Julho completa 1 ano de inaugurada neste domingo (29) em . A obra no coração comercial da cidade gerou muitas polêmicas e críticas no decorrer do processo, mas hoje se tornou um dos pontos de encontro das famílias, o ‘shopping a céu aberto’ dos consumidores e grande aposta nas vendas para os comerciantes.

A beleza da rua revitalizada chama a atenção não só dos moradores da Capital como do interior, disse o vendedor de churros Marcos Gomes, de 50 anos. Vendedor na praça há mais de 20 anos, ele disse que a beleza da rua pode reviver o Centro da cidade.

“Ficou muito bonita, excelente. A cidade ficou mais bonita com ela. O pessoal do interior vem visitar a 14 e notamos que o movimento do comércio dobrou depois dessa obra”, disse.

VÍDEO: Revitalizada há 1 ano, 14 de Julho é esperança de boas vendas e atração turística em Campo Grande
Foto: Leonardo de França, Midiamax

Apesar de um centro novo e atrativo, os comerciantes precisaram lidar com a pandemia do coronavírus e acreditam que, se não fosse a doença que se alastrou na cidade, a economia no Centro seria ainda melhor depois da obra.

“Inauguramos a terceira loja 20 dias depois da inauguração da 14, contando que o movimento seria melhor. De dezembro de 2019 até março de 2020 tivemos um aumento nas vendas de 15% a mais do que 2018, mas fica difícil dizer se melhorou devido a pandemia”, disse Djalma Santos, de 44 anos, gerente administrativo de uma loja de acessórios.

Com um ambiente mais aconchegante aos consumidores, o comerciante comenta que muitos vão ao centro até mesmo para ‘turistar’. “As pessoas vêm à noite para tirar foto, melhorou para pedestre com a calçada, lugar de descanso, árvores que vão dar copas, vem muita família. O comércio melhorou, as lojas se adequaram”, disse.

Atração para as famílias

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Foto: Leonardo de França, Midiamax

A revitalização do Centro também gera lazer para os moradores que levam a família para passear e aproveitam para fazer compras.

Com os dois filhos pequenos brincando no calçadão, Renata Lopes, de 38 anos, disse que a segurança da 14 de Julho possibilita momentos de passatempo com a família. “É um lazer vir ao Centro agora, momento em família, está mais segura”, disse.

Tatiane Vilamaior, de 31 anos, disse que o espaço após a obra permitiu que ela fosse ao Centro com o filho, um bebê de 1 ano e 7 meses, com o carrinho e disse que antes só ia aos shoppings centers.

“Eu como mãe, consigo andar com carrinho e motoquinha, para atravessar ficou muito mais prático. É uma coisa que antes não conseguia, não tinha como ficar parado. O espaço está mais seguro, os carros passam mais devagar. Tem menos poluição visual”, disse a autônoma.

Dá para ‘namorar’ o Centro

Transitando entre o posto de comerciante e de moradora do Centro, Nádia Luz, de 37 anos, é só elogios a 14 de Julho após a reforma. Moradora de Campo Grande há 7 anos e na 14, há 2, ela disse que ama admirar a cidade durante a noite e que dá até vontade de ‘namorar’ a cidade.

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Foto: Leonardo de França, Midiamax

“Pessoas vem tirar foto, tem até sessão de . Vem famílias com cachorro e a criança de bicicleta do lado. Antes da reforma era perigoso, agora as pessoas se sentem seguras, tem policiamento com viaturas”, disse Nádia.

Ela é proprietária de uma loja de artesanatos e aguardou ansiosamente o fim da reforma da rua pois sabia que valeria a pena, comentou.

“Segurei o prédio por 5 meses, pagando aluguel de portas fechadas. Estava reformando, pensei na vitrine, pintei, troquei o toldo, nova fachada, apostando que ia dar certo. Pensei em entregar um lugar que as pessoas gostem de ficar. As lojas tinham a obrigação de ficar bonita”, disse ela.

Inauguração oficial

Por volta das 20h do dia 29 de novembro de 2019, foi inaugurada oficialmente a revitalização da Rua 14 de Julho, que integra o pacote de obras do Reviva Campo Grande. O projeto foi lançado há 9 anos, mas só começou a sair do papel em 2017.

O ato de entrega oficial da rua contou com discurso do prefeito reeleito Marquinhos Trad (PSD) e outros políticos, além de queima de fogos que coloriram o céu e atraiu milhares de moradores para o evento. O grupo Balão Mágico foi a atração principal da noite na ocasião.

Antes do discurso, Marquinhos Trad ressaltou que entregou a obra antes do prazo sem qualquer questionamento sobre superfaturamento. O prefeito também listou o que compreendia a obra. “Estamos entregando o paisagismo, o wi-fi gratuito, área para descanso, segurança, lâmpadas de LED, faixa para transporte coletivo e as calçadas largas para as famílias”.

Do papel à obra

Orçado em R$ 49.238.507,65 milhões, o projeto do Reviva Campo Grande foi muito além de dar uma cara nova à principal rua do comércio central. A ideia que baseou todo o projeto – que começou a ser efetivamente construído em 2010 – nasceu da vontade de literalmente ‘reviver’ o centro da cidade, fazendo com que as pessoas voltem a morar no coração da Capital.

O contrato inicial com o BID (Banco Interamericano do Desenvolvimento) era de R$ R$ 49,2 milhões, no entanto, em razão de aditivo publicado em setembro deste 2019, no valor de R$ 11.216.603,21, o valor total da obra ficou em R$ 60.455.110,03.

O Reviva Campo Grande, antigo Reviva Centro, foi fruto de um plano de revitalização da Zona Especial de Interesse Cultural do Centro feito entre 2010 e 2011 com recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para área de mobilidade. Desse processo, saíram 93 projetos que poderiam ser executados no prazo de 20 anos. Entre eles estava a revitalização da 14 de Julho.

Apostando no sucesso de um futuro projeto de revitalização do Centro, o município decidiu à época, utilizar parte desses recursos para dar início a projetos de engenharia, e audiências públicas com campo-grandenses. Todo esse processo ocorreu durante os anos de 2013, 2014 e 2015.

A burocracia envolvendo a liberação de verbas para a realização do projeto era grande e envolveu até autorizações da União e do Senado Federal, em razão dos recursos serem originários de órgão financeiro internacional. A autorização do Governo Federal para a contratação dos recursos saiu no segundo semestre de 2013 e após quase dois anos de estudos de viabilidade, a aprovação do Senado saiu em setembro de 2015.

Uma crise política envolvendo cassação do então prefeito , a gestão de Olarte por mais de 1 ano e a volta de Bernal até o término do mandato em 2016 atrapalhou o andamento do projeto e fez com que o reviva ficasse praticamente engavetado por quase 9 meses.

A assinatura da operação de crédito, ou seja, efetiva liberação dos R$ 49,2 milhões só aconteceu em maio de 2017, já na gestão de Marquinhos Trad (PSD). Com o dinheiro na mão, teve início então processo de da obra e das equipes que gerenciam toda a fase de execução do projeto. A ordem de serviço para o primeiro passo prático do Reviva Campo Grande foi assinada em maio de 2018 e as obras começaram em 6 de julho de 2018.

Após a conclusão da 14, obras nas ruas transversais a ela também terão andamento. A última etapa da revitalização envolve a construção de prédios habitacionais na região da Orla Morena.

A ideia do projeto é que as pessoas voltem a viver no Centro, humanizando um espaço que há muitos anos ficou reservado para lojas e poucos moradores. O prazo final para o uso do recurso internacional e finalização de toda a obra é o primeiro semestre de 2022.