Enquanto para maioria dos campo-grandenses a chuva e o frio são um alívio após um longo período de estiagem, para famílias que vivem na a mudança no tempo é motivo de preocupação em . Sem doações durante a pandemia, a frente fria preocupa pela falta de agasalhos e pela lama que entra dentro dos barracos na favela Estrela do Amanhã, localizada no Jardim Noroeste. 

Para quem vive na favela, chegada da frente fria é motivo de preocupação em Campo Grande
Neuza veio com os dois filhos para Campo Grande, em busca de oportunidades. (Foto: Henrique Arakaki)

Neuza Salvador, de 49 anos, é mãe de duas crianças, de 8 e 5 anos. Ela conta que morava em Miranda e veio a Campo Grande por melhores oportunidades. Ela trabalha na feira do Mercadão Municipal todos os dias, exceto quando chove. 

O marido ainda mora em Miranda, mas há dois meses Neuza veio para Campo Grande na tentativa de conseguir uma renda melhor para a família, que já enfrentava dificuldades desde o começo da pandemia. “Quando chove não posso deixar as crianças sozinhas e é um dia de trabalho perdido. Tenho que ficar em casa tirando a lama e limpando”, explica.

Na manhã desta quinta-feira, o de dois cômodos feito de madeiras ainda estava com resquícios da chuva da madrugada. A estratégia é manter os poucos móveis erguidos em pallets. “Essa noite eu nem dormi com medo da água entrar aqui. A gente coloca madeira, mas não tem como, a chuva entra e fica cheio de barro”.

Também moradora da Favela Estrela do Amanhã, Maria Aparecida Almeida, 57, mora com o esposo em um barraco também de madeira. Eles até gostariam de reformar a casa, como outros vizinhos já conseguiram, mas dependem de doações. Maria estava a caminho da igreja, e atribui  a Deus a esperança de um dia conseguir comprar os tijolos. “Meu marido é diabético e agora na pandemia combinamos que ele não vai sair de casa”.

Para quem vive na favela, chegada da frente fria é motivo de preocupação em Campo Grande
Mesmo sem emprego, Maria tem esperança de tempos melhores. (Foto: Henrique Arakaki)

Maria conta que a situação ficou ainda mais difícil durante a pandemia. Com a chegada do frio, as doações de agasalhos que eram frequentes, agora são raras. Além de roupas, os moradores ainda recebiam o chamado ‘sacolão', com alimentos para quem precisa, mas estas doações também ficaram cada vez mais escassas.

“Tá difícil conseguir trabalho na pandemia, o que ajudava eram as doações. Agora, por causa da pandemia, não vem ninguém por causa disso”, diz. Assim como outros moradores, ela não teve dinheiro para comprar os tijolos, por isso ainda vive em um barraco de madeira. Logo, a chuva também se torna motivo de preocupação.