Na linha de frente do combate à pandemia do coronavírus em , cidade do Mato Grosso do Sul que enfrenta surto da doença, o pneumologista Antônio Carlos Monteiro, de 59 anos, morreu sem conseguir terminar o último plantão no Hospital Evangélico,  onde trabalhava há muitos anos.

“Ele saiu de casa dizendo que faria um plantão de 24 horas, mas não conseguiu terminar, passando mal após 12 horas. Era o último plantão de sua vida”.  O relato é de Sueli Clemencia Batista Monteiro,  esposa do Dr. Monteiro, como era conhecido.

Segundo Sueli, o marido era apaixonado pela profissão. Emocionada, ela ainda guarda lembranças da chegada em Dourados, em 1994. Nesse ano, o médico iniciava os primeiros anos de trabalho no Hospital Evangélico, onde passou boa parte da sua profissão salvando pessoas. Nesse mesmo local ele acabou perdendo a sua própria vida.

“Ele amava aquele Hospital. Foi o primeiro lugar que o acolheu quando nós chegamos em Dourados”, conta a esposa do médico que também não guardou palavras para agradecer aos médicos, enfermeiros, equipes de limpeza,  fisioterapeutas, atendentes, que lutaram, segundo ela, de forma incansável para que seu marido conseguisse sobreviver.

“Gostaríamos de prestar nossa imensa e profunda  gratidão a todos que fizeram parte do tratamento do meu esposo, seja direta,  ou indiretamente, por meio de orações,  palavras de ânimo, conforto e pelas homenagens prestadas”, disse Sueli.

Sorridente e brincalhão

Na despedida dos familiares, limitada pelo protocolo da OMS (Organização Mundial de Saúde) nos procedimentos de sepultamento, alguns balões brancos subiram aos céus, como gesto de ao médico, que segundo os relatos de parentes e amigos eram sorridente e brincalhão.

“Hoje o céu recebe um grande profissional, querido pelo seus pacientes e, principalmente pela . Sempre disposto,  cuidadoso, humilde,  paciente e respeito com seus colegas, tocava seu plantão”, relatou o enfermeiro Wilson Brum sobre o médico, em sua página do Facebook, com quem teve a oportunidade  de trabalhar no HU-UFGD (Hospital da Federal da Grande Dourados).

Morto por coronavírus em MS, médico amava o trabalho e não conseguiu ir ao plantão
Médico é lembrado pelos colegas como bem humorado.(Foto: Arquivo familiar)

Midori Noguti Diniz também enfermeira,  lembra do zelo que o médico dedicava a todos e da responsabilidade que tinha pelo ofício que abraçou enquanto estava vivo. “Quando tínhamos pacientes que ficava sem prescrição por algum motivo, sempre nos ajudava”, lembra

“O dia que tirou alguns dias para folgar , avisou com antecedência para que nenhum paciente ficasse desassistido. E até  no dia que foi internado na UTI, pediu a um colega que assistisse aos pacientes do Cassems para que nenhum ficasse desassistido”, conta Midori.