A falta de materiais para construção e o encarecimento dos produtos, fizeram com que muitas obras fossem paralisadas em . O milheiro de tijolos, por exemplo, que era comercializado a R$ 550 ao cliente, hoje custa cerca de R$ 900. Diante desse , o setor da pede ao governo para zerar tarifa de importação de materiais.

Segundo o presidente da Acomasul (Associação dos Construtores de ), Adão Castilho, a procura é grande e a oferta é pequena. “A indústria alega que não tem o produto para entregar de imediato e a programação para recebimento pode levar até 60 dias”, afirma.

O presidente explica que dezenas de produtos tiveram reajuste. Além dos tijolos, o cimento e o aço estão 10% mais caros, e os cabos elétricos chegaram a dobrar de . “Hoje, para entregar uma obra o custo final chega a 20% a mais do que a planilha inicial”, diz Castilho.

Falta e encarecimento

O cenário é crítico para a indústria, empresários e construtores. “O tijolo eu vendia a 550, como a cerâmica subiu muito o valor, hoje vendo a 900 o milheiro. Eles repassam o aumento pra gente e temos que repassar para o cliente”, afirmou o empresário Diego Araújo. “Fio eu vendia um rolo 2,5 metros a R$ 130, hoje o rolo sai no mínimo a R$ 250. Fio 10, que era R$ 400 o rolo, hoje sai R$ 1,2 mil”, completou.

Diego afirma que no depósito de materiais para construção Nova Capital, na região das , houve também a falta de produtos, como a telha e ferro. “Telha 3.66 quando tem, está alto o valor e estou há dois meses sem pegar. Tenho 80 telhas para entregar e não chega”, disse.

No Novo Mundo Materiais para construção, no Aero Rancho, a proprietária Vilma dos Santos, também sentiu o aumento. “Tá faltando um monte de coisa, e quando tem, o valor é abusivo”, comentou. Ela afirmou que o preço dos tijolos quase dobrou. “Além disso, pedem 60 dias ou até mais para me entregar”, lamentou.

Vilma disse que, além dos tijolos, não está conseguindo encontrar ferragens e produtos de parte elétrica. “Fechei em um valor, no dia o rapaz falou que não deu para segurar e aumentou ainda mais o preço. Eu tive que aceitar, pois precisava do produto”, destaca. “Eles justificam dizendo que há falta de mão-de-obra, de produto, que mandou funcionário embora por causa da pandemia, que fez acerto, tudo para justificar a alta”, frisou Vilma.

A mesma realidade é vivida pela empresária Erica Lima, do Depósito Guaicurus. “Encareceu tudo e está em falta muita coisa, principalmente tijolo e ferro. Quase que dobraram o valor” afirmou. “Eu vendia a 650 e hoje sai por 950 o milheiro. A barra de ferro que eu vendia a 65, hoje eu compro a 65 e ainda tenho que colocar o meu preço depois. Se eu deixar muito caro, fica com estoque parado”, lamentou a empresária.

Os construtores também tem sofrido, já que, com a falta e encarecimentos das mercadorias, muitas obras foram paralisadas. “Tive de interromper a construção de duas casas porque não tinha tijolos”, afirma o construtor Marcos Cézar Nogueira, que diz nunca ter esperado tanto tempo pelo produto.

Ele encomendou 10 mil tijolos no dia 14 de julho com data de entrega para o início de setembro, mesmo assim a entrega atrasou. “O preço também está abusivo, o milheiro custava cerca de R$ 400 mas agora paguei cerca de R$ 700 – um absurdo”, explica Marcos.

O construtor Francisco Herrero teve de ajustar etapas na obra de uma casa em um condomínio de alto padrão na capital. “Um tipo de tijolo usado nas paredes está em falta, só em novembro. Por isso, estamos antecipando a construção do muro. Ainda não consegui mapear o porquê dessa falta de materiais”, lamenta Francisco.

Pedido para zerar imposto

A situação é a mesma em vários estados do Brasil. Por isso, várias entidades ligadas à construção civil juntaram evidências de possíveis abusos nos preços e entregaram um documento para o governo. A reivindicação é que haja garantia de abastecimento de materiais de construção. Por isso, a sugestão é zerar o imposto de importação do setor por 12 meses, medida semelhante a que foi tomada pela equipe econômica do governo depois da escalada do preço do arroz.