Evento online de ciência e tecnologia do IFMS (Instituto Federal de ) foi alvo de invasores ontem (21) e nesta quinta-feira (22), que entraram nas palestras e ficaram atrapalhando os participantes. As lives aconteciam por meio de videoconferência, onde somente quem tinha o link poderia participar.

Segundo uma das participantes da live de hoje, que preferiu não ser identificada, a palestra, que tratava sobre negro, foi interrompida após 15 minutos do início, por volta de 9h. “No começo achei que tinha dado problema na minha internet porque a voz da minha professora começou a falhar e outra voz por cima interrompendo a fala dela”, contou ela ao Jornal Midiamax.

A participante, de 18 anos, disse que após o primeiro invasor começar a falar, mais 10 contas diferentes também entraram na transmissão fazendo algazarra. “Praticamente todas estavam falando tudo de uma vez então não dava nem para entender. Eram vários grunhidos; colocaram funk ‘proibidão' pesado […] espelharam vídeos também”, detalhou ela, que ficou assustada com a invasão.

Entre os vídeos, alguns apareciam carros, outros com o terrorista Osama Bin Laden e um com desenho do presidente dos EUA, . Após cerca de 10 minutos que o encontro virtual foi invadido, os organizadores encerraram o evento.

Na palestra de ontem, que acontecia por meio do Google Meet, e era mediada pela professora Mariana Ardnt, duas contas diferentes tentaram atrapalhar o evento. Durante a fala do palestrante, uma pessoa estava com o microfone aberto, de onde saia um som de conversa.

“Depois que eu fechei o microfone [do invasor], em outra conta, começou a tocar um funk”, explicou ela, que após identificar a pessoa, a retirou da sala. Porém, como o participante fez o cadastro no evento, ela tinha acesso a sala novamente. “O que eu fiz: a pessoa entrava e eu tirava, várias vezes. Foi assim até o fim”, contou.

Em uma das entradas, um vídeo inapropriado foi colocado, porém passou despercebido porque o vídeo do palestrante estava fixado na sala para os demais participantes. De acordo com a professora, depois de um tempo, cerca de 10 pessoas pediram para entrar na videoconferência.

“Não tinha mais como fazer cadastro, eles devem ter pegados outras contas para entrar, mas não conseguiram”, disse ela, que explicou que as contas não conseguiam acessar diretamente a sala porque não se inscreveram para o evento. As contas que conseguiram acesso a sala, diziam, no chat, que eram de um grupo e, de fato, invadiram o evento.

Conforme nota enviada ao Jornal Midiamax, o IFMS informou que a segurança foi reforça para evitar novas ocorrências e que as gravações e dados disponíveis serão repassados à Procuradoria Jurídica e a Diretoria de Tecnologia da informação para identificar os autores, analisar os conteúdos e encaminhamento às autoridades competentes.

“O IFMS lamenta a postura daqueles que tentam tumultuar a realização dos mais de 300 eventos virtuais da Semana de Ciência e Tecnologia – entre reuniões, minicursos, palestras e lives – que levam à comunidade acadêmica conhecimento científico e o resultado das pesquisas realizadas na instituição”, também diz a nota.

Caso parecido

O IFRS (Instituto Federal do Rio Grande do Sul) foi vítima de um ataque hacker no dia 23 de setembro, durante a live “Paratleta em Tempos de Pandemia”, organizada pelo NAPNE (Núcleo de Atendimento das Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas), do Campus Rolante. O evento foi invadido por um grupo que tinha o mesmo nome dos que invadiram o evento mediado pela professora Mariana Ardnt.

Segundo a coordenadora do NAPNE, professora Dra. Ione Canabarro Araújo, o fato ocorreu logo após a fala de abertura do evento proferida por ela. Naquele momento, havia 32 pessoas na sala do Google Meet para ouvir os paratletas Luiz Cláudio Portinho, Mônica Santos e Reinaldo Charão e a treinadora de paratletas Fernanda Michaelsen, em homenagem ao Dia de Luta das Pessoas com Deficiência (21/9) e ao Dia dos Paratletas (22/9).

O NAPNE e os Núcleos NEABI (Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas), e NEPGS (Núcleo de Estudo e Pesquisa em Gênero e Sexualidade) emitiram uma nota de repúdio ao ocorrido, onde consideram o ataque violento e criminoso.