Ferramenta usa inteligência artificial para parar de fumar

Preocupada com o tabagismo, considerado o maior risco controlável para doenças cardiovasculares e principal causa de óbitos no Brasil, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) lançou uma ferramenta que utiliza inteligência artificial para ajudar as pessoas que desejam se livrar do vício e parar de fumar, tendo em vista que no atual período de isolamento […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Preocupada com o tabagismo, considerado o maior risco controlável para doenças cardiovasculares e principal causa de óbitos no Brasil, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) lançou uma ferramenta que utiliza inteligência artificial para ajudar as pessoas que desejam se livrar do vício e parar de fumar, tendo em vista que no atual período de isolamento social, muitos indivíduos até ampliam o uso do tabaco, o que é bastante negativo para a saúde.

De acordo com o Cardiômetro da SBC, o fumo ocasiona mais de mil mortes por dia. Além disso, fumantes têm de duas a três vezes maior risco de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), doença isquêmica do coração e doença vascular periférica, e de 12 a 13 vezes mais risco de ter doença pulmonar obstrutiva crônica.

Estudo feito pelo Centro de Pesquisa e Educação para Controle do Tabaco da Universidade da Califórnia (UCLA), nos Estados Unidos, revela que tanto o tabagismo quanto o uso de cigarros eletrônicos aumentam a gravidade das infecções pulmonares e os fumantes têm 2,25 vezes mais chances de complicações graves decorrentes da covid-19 do que os não fumantes.

Assistente virtual

Para ajudar no enfrentamento da crise e transmitir à população que existem medidas que podem ser adotadas para parar de fumar ou, pelo menos, reduzir esse consumo de tabaco, a SBC disponibilizou em seu site um assistente virtual (chatbot), que simula um ser humano conversando com a pessoa interessada.

A coordenadora de ações relativas ao tabagismo da SBC, Jaqueline Scholz, explicou que já usava o programa de mensagens no tratamento do tabagismo e resolveu adaptá-lo para que a SBC consiga captar a pergunta do paciente e o que ele quer saber, direcionando-a para uma resposta mais adequada. “Como se fosse uma coisa mais interativa. Essa inteligência artificial usou o meu conhecimento adquirido ao longo de muitos anos no tratamento de fumantes, e transferiu para esse sistema. Espero que isso possa ajudar as pessoas nesse momento em que o isolamento é necessário, quanto menor a circulação melhor, mas que elas possam tomar uma providência nas suas casas ou onde estiverem”.

A ferramenta oferece técnicas para cada estágio do fumante. “O chatbot vai respondendo e orientando o paciente nesse sentido. Ele vai tendo essa interação e a gente espera poder responder boa parte das perguntas”. Segundo Jaqueline, o trabalho já está bem desenvolvido e poderá atender as pessoas de forma satisfatória.

O Brasil conta, atualmente, com cerca de 20 milhões de fumantes.  “A gente tem que ajudar essa massa crítica, principalmente agora, com essa pandemia (do novo coronavírus), em que os fumantes agravam o fator de risco. A SBC está dando os instrumentos para as pessoas possam saír dessa condição de risco, não só pela covid, mas pela saúde como um todo. O cigarro abrevia a vida, está relacionado a inúmeras outras doenças e, com certeza, o melhor que o fumante pode fazer pela saúde dele é deixar de fumar”, disse a cardiologista.

Substâncias nocivas

Na avaliação do clínico-geral José Veríssimo Júnior, especialista em prevenção e tratamento da dependência química, além da nicotina, o tabaco tem milhares de substâncias químicas nocivas à saúde, que atingem principalmente o sistema cardiorrespiratório, gerando dificuldades respiratórias, circulatórias e de pressão arterial. “Também são responsáveis pelo câncer na garganta, pulmão e da bexiga, que é um tipo de câncer quase que exclusivo de fumantes”, observou.

O tabaco também age no metabolismo, gerando em muitos casos a perda de peso. Veríssimo destacou que o fumante tem o seu sistema imunológico afetado, permitindo assim a ação de outras doenças, como a covid-19. Segundo ele, “parar de fumar não é difícil”. “A combinação de remédios, que não alteram o sono ou o apetite, com acompanhamento psicológico, é muito eficaz”. Grupos como Tabagistas Anônimos ou instituições como o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) têm programas que também podem ajudar aos interessados que desejam parar de fumar.

Conteúdos relacionados