A Comissão Externa da Câmara Federal que acompanha as queimadas em biomas brasileiros (Cexquei) debateu o fenômeno da decoada, que pode matar milhares de animais, principalmente peixes.

Em reunião realizada na última semana, os parlamentares discutiram o tema, levantando preocupação com a volta das chuvas, pois isso levará um grande volume de cinzas para os rios, contribuindo com a morte de peixes e outros animais.

Se por um lado a água da chuva trará alívio ao solo e clima, por outro, trará preocupações pós-queimadas, já que indiretamente “contribuirá” com um fenômeno conhecido por dequada ou decoada – que é quando a massa orgânica que cobre o solo é levada pela chuva até os rios e entra em decomposição. No caso, as cinzas pegam carona com a chuva e acabam indo parar nos rios, lagoas (baias) ou córregos (corixos).

Reportagem publicada pelo Jornal Midiamax já havia alertado sobre a tragédia ‘extra' que pode assolar o Pantanal.

A comissão debateu não somente meios para viabilizar o combate às queimadas, mas medidas preventivas. Foi sugerido que os ministérios do Meio Ambiente, da Defesa e da Justiça, com as secretarias dos dois estados [MT e MS], construam políticas públicas para enfrentar o problema.

Para evitar que haja novamente uma situação tão alarmantes como a que o bioma enfrenta este ano, os deputados levantaram alguns problemas como falta de equipamentos de combate a incêndios e número reduzido de brigadistas.

Atualmente, sabe-se que o Pantanal abriga mais de 300 espécies de peixes, variedade que pode estar em cheque por conta da degradação do bioma. Piraputanga, piau, pacu, pintado, lambari a até mesmo o famoso dourado, símbolo da biodiversidade aquática do Pantanal, são algumas das espécies que podem sentir os impactos da decoada.

“É preciso de uma política preventiva para promover ações de manejo integrado do fogo, ou seja, investir em setores como o [], ao invés de se fazer cortes absurdos, visto que se antes haviam recursos em torno de R$ 35 milhões, hoje o que se vê é um corte que viabilizou apenas cerca de R$ 9 milhões para este ano, ou seja, um quarto do valor, comumente, destinado na prevenção de incêndios”, sugeriu o biólogo  José Sabino, doutor em Ecologia e professor da – que também coordena o projeto “Natureza em Foco”.