Em abril, o MPT (Ministério Público do Trabalho) notificou quase 30 indústrias frigoríficas de para que seguissem recomendações e práticas sanitárias que ajudassem a conter o contágio e disseminação do novo coronavírus (Covid-19) entre empregados e prestadores de serviços internos e externos. Com a chegada de maio, três frigoríficos no Estado se tornaram centros de contaminação e voltaram a chamar a atenção do órgão.

Nesta semana, segundo sua assessoria, o MPT solicitou nova inspeção da Vigilância em Saúde de na sede do Franca de Alimentos Ltda. Lá, 3 funcionárias testaram positivo para a Covid-19. As atividades do frigorífico foram interditadas por 7 dias a contar de 10 de maio, com isolamento de todas as pessoas que trabalhavam no ambiente das mulheres ou compartilhavam transporte ao trabalho com elas, bem como seus familiares.

A Secretaria Municipal de Saúde de registrou 14 casos de coronavírus relacionados ao frigorífico, entre funcionários e familiares, e monitora outros resultados –até o momento, a cidade teve 17 pacientes com a doença. O MPT pretende verificar se o Franca adotou as ações do plano de contingenciamento apresentado na segunda-feira (18) e espera que a unidade informe o total de funcionários com Covid-19, o tempo de afastamento e se continuará parado.

Segundo município do Estado em volume de casos (118 até esta quarta-feira), Guia Lopes da Laguna viu o coronavírus chegar à cidade no fim de abril, a partir de um motorista que teve contato com 2 dos 311 funcionários do Frigorífico Brasil Global Agroindustrial. Dias depois, o colaborador anunciou ter Covid.

No início do mês, 5 funcionários deram positivo para a doença: um primeiro que testou e 4 que apresentaram febre e, na sequência, foram submetidos a exames que confirmaram a infecção. O Brasil Global suspendeu os trabalhos por 15 dias em 8 de maio e pretende reabrir nesta sexta-feira (22), de forma gradual –com metade do quadro de pessoal.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Guia Lopes, 61 empregados do Brasil Global foram infectados pelo vírus (mais da metade dos pacientes da cidade). Nesta quinta-feira (21), mais 190 serão testados.

O MPT anunciou diligência na unidade para verificar se as medidas previstas no plano de contingenciamento do frigorífico, entregue nesta semana, serão seguidas, e também para obter um panorama sobre o total de funcionários suspeitos e infectados.

Reserva Indígena

Dos 67 casos de Covid-19 confirmados em na terça-feira, 31 ocorreram na Reserva Indígena. Conforme o MPT, a expansão da doença nas áreas das aldeias Jaguapiru e Bororó começou com um funcionário do frigorífico JBS (Seara) que testou positivo para a doença e manteve contato com dezenas de moradores.

Os casos foram confirmados após testagem em parte dos cerca de 18 mil moradores, que, em boa parte, não têm acesso à água encanada e equipamentos de proteção, ou mesmo à alimentação adequada.

O MPT aponta preocupação com a unidade da Seara e também da BRF Foods (Sadia/Perdigão) e apura, junto do Comitê de Gerenciamento de Crise do Coronavírus e da Secretaria Municipal de Saúde se as unidades adotaram protocolos de biossegurança para evitar a proliferação da Covid-19. As empresas devem informar o total de casos confirmados entre seus empregados.

A Procuradoria do Trabalho vem orientando frigoríficos a reorganizarem as plantas, de forma que os funcionários fiquem a, pelo menos, 1,8 metro uns dos outros. Refeitórios e vestiários devem funcionar com escala de entrada e saída, sem compartilhamento de armários, e superfícies de trabalho e equipamentos precisam ser higienizados regularmente –nos setores administrativos, a recomendação é para instalação de filtros que permitam alta eficiência na renovação do ar.

Funcionários que apresentem sintomas da Covid-19 devem ser afastados. O MPT também quer saber se houve negociação para redução da atividade nos frigoríficos aos serviços essenciais em relação ao abastecimento da população e outras medidas tomadas para proteger trabalhadores e colaboradores.