Apenas 16% dos passageiros aprovam transporte coletivo em Campo Grande, aponta pesquisa
Que a qualidade do transporte coletivo urbano deixa a desejar em Campo Grande, todo mundo já sabe. Agora, uma pesquisa do Ibrape (Instituto Brasileiro de Pesquisas de Opinião Pública) mapeou os principais problemas apontados pelos passageiros, e a opinião dos campo-grandenses de acordo com os bairros onde vivem. Os índices confirmam a insatisfação dos contribuintes […]
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Que a qualidade do transporte coletivo urbano deixa a desejar em Campo Grande, todo mundo já sabe. Agora, uma pesquisa do Ibrape (Instituto Brasileiro de Pesquisas de Opinião Pública) mapeou os principais problemas apontados pelos passageiros, e a opinião dos campo-grandenses de acordo com os bairros onde vivem.
Os índices confirmam a insatisfação dos contribuintes que bancam o sistema, garantem os lucros das empresas de ônibus, mas em troca recebem serviço ruim. Com uma série de reportagens ao longo desta semana, o Jornal Midiamax vai detalhar como o campo-grandense avalia os ônibus urbanos, de acordo com a pesquisa.
Segundo os dados do Ibrape, 61% dos entrevistados reprovam o serviço de ônibus, contra 21% que consideram regular e 16% que aprovam. Nos extremos da cidade, como as regiões Norte e Sul, a rejeição é ainda maior. Só no Centro, onde as pessoas dependem menos do serviço, é que as opiniões ficaram divididas entre quem aprova ou reprova os ônibus da Capital.
As regiões mais periféricas da cidade, Norte e Sul, são as que mais sofrem com a qualidade do serviço de ônibus e enfrentam diversos problemas, como os atrasos constantes, a lotação e uma demora para chegar ao centro, que torna o trajeto uma verdadeira viagem.
Na região Norte da cidade, a maioria (69%) reprova o transporte público, o maior índice de rejeição na cidade. Os ônibus também não agradam quem mora na região Sul, com 65% de reprovação entre os entrevistados.
A rotina da técnica de enfermagem Cleice Borges, de 41 anos, é um retrato das condições do transporte na região Norte, distante do centro da cidade. Na rua Jorge Budib, no Jardim Campo Belo, ela chega a esperar quase uma hora no ponto por um ônibus, situação que fica ainda mais complicada nos fins de semana. “Eles não têm um horário certo, os ônibus sempre chegam atrasados. Muitas vezes eu tenho que sair daqui antes do amanhecer, então dá muito medo de ficar esperando no ponto”, diz.
Para Cleice, a saída seria colocar mais ônibus nas ruas, já que os intervalos entre um veículo e outro são grandes. Além disso, não há um ônibus direto para a região central, logo a técnica de enfermagem leva uma hora e meia para chegar no hospital onde trabalha, sendo que no fim de semana a ‘viagem’ chega a duas horas.
Para a cuidadora Rosana Cristina Lemes, de 40 anos, os ônibus fazem parte da rotina diária, já que ela trabalha de segunda a segunda. Assim como Cleice, ela também reclama da demora. “Em dia de semana é uma hora de intervalo entre um ônibus e outro. Fim de semana, quando eu também trabalho, demora ainda mais. É um perigo constante ficar esperando na rua, mas não tem saída, porque o ônibus ainda é mais barato do que Uber”. Na avenida Gualter Barbosa, outro problema é a falta de pontos cobertos, quando os usuários devem esperar no local, independente da condição do clima.
Também da região Norte, o vigilante Fernando Bogarim, de 30 anos, afirma que o principal problema da região é a lotação. “A gente chega cansado do trabalho, é complicado. Pior ainda é para os idosos, grávidas ou quem tem criança, ninguém respeita, ninguém dá o lugar”. Fernando também chama a atenção para as condições dos terminais. Para quem passa quatro horas por dia dentro de um ônibus, água e um banheiro nos terminais são essenciais, mas isso não acontece.
Moradora do outro extremo da cidade, no bairro Moreninhas, a auxiliar de perecíveis Talita Duarte, de 22 anos, também enfrenta problemas como o atraso dos ônibus. “Demora muito para passar e costuma lotar muito nos horários de pico”. Para Talita, uma alternativa seria colocar mais ônibus nas ruas de uma região tão populosa como as Moreninhas.
Já o operador de máquinas Aparecido Barbosa, de 62 anos, reclama do desconforto que é atravessar a cidade em um ônibus. “Eles deveriam colocar ar condicionado nos ônibus, é muito quente e as janelas não dão conta. Também falta um planejamento dos horários entre as principais linhas, eu chego no terminal e o meu segundo ônibus já está indo embora, aí eu fico mais um tempo esperando”, ressalta.
Entenda a pesquisa
A pesquisa desenvolvida pelo Ibrape foi realizada entre os dias 18 a 25 de março e ouviu mais de 500 usuários do transporte público. Foram ouvidos apenas pessoas que usam os ônibus com a frequência de todos os dias a uma vez por semana.
As entrevistas foram feitas pessoalmente nos terminais, pontos e paradas de ônibus, com a população que circulava pelo local ou na casa dos moradores do bairro. A margem de erro é de até 4 pontos percentuais para mais ou para menos. O intervalo de confiança estimado é de 94%.
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