Na favela, famílias se viram como podem para enfrentar maior frio do ano
“A gente se vira como pode”, a frase mais falada pelos moradores da Favela da Conquista, localizada no Jardim Noroeste em Campo Grande, quando questionados sobre como vão se aquecer diante da previsão da queda nas temperaturas que atingem Mato Grosso do Sul nesta quinta-feira (04) e deve permanecer até o domingo (07). Na favela […]
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“A gente se vira como pode”, a frase mais falada pelos moradores da Favela da Conquista, localizada no Jardim Noroeste em Campo Grande, quando questionados sobre como vão se aquecer diante da previsão da queda nas temperaturas que atingem Mato Grosso do Sul nesta quinta-feira (04) e deve permanecer até o domingo (07).
Na favela da Conquista, os cobertores, toalhas de mesa, cortinas, lençóis funcionam como proteção nas paredes para barrar os ventos, e uma cama acaba sendo dividida entre todos para que possam se manter aquecidos.
Caminhando pelos corredores da comunidade, a equipe de reportagem encontrou com Maicon Ribeiro dos Santos, 28 anos, que veio de Uberlândia, Minas Gerais, a aproximadamente 6 anos em busca de emprego. Com um irmão já morando na favela ele acabou se abrigando, casou e ali vive com a esposa e mais três filhos, a mais nova com apenas 1 mês de vida.
“Eu vim de Uberlândia procurar emprego, aí me instalei aqui. A gente vai fazendo um serviço aqui outro ali, e se vira como pode pra se manter”, conta o mineiro sempre sorridente e muito simpático.
Sobra a frente fria que estacionou no estado nesta quinta-feira, Maicon disse que o jeito é colocar as cobertas na parede e o que mais puder para se manter aquecido. “A gente vai se virando como pode né. Agora a gente põe coberta nas paredes para ficar menos gelado, vai se mantendo aquecido assim”, explica.
Caminhando mais alguns metros por dentro da favela da Conquista, é possível ver os resquícios de alguns barracos derrubados, e as crianças curiosas indo de um lado para outro. O local abriga aproximadamente 200 famílias, em uma área de risco, e nessa época de frio quem mais sofre são os pequenos.
“As crianças sofrem mais né. Aqui tem muita criança. Se a senhora andar ai pra dentro vai ver o tanto de criança que tem. A gente fica bem preocupado com elas”, conta Claudenir da Silva, 43 anos.
Também com a frase ‘a gente se vira como pode’, Claudenir conta que no barraco onde vivem ela e mais 8 pessoas, o jeito é dormir todo mundo junto para se aquecer. “A gente divide a mesma cama. A gente sempre aceita doação de casaco, coberta, mas quando não vem a gente vai se virando assim”, explica.
Na pequena residência improvisada, moram 6 adultos e duas crianças – uma de 6 anos e outra de 1 ano. Claudenir que faz diárias para se manter com a família, conta que a pouco mais de um mês precisou para de trabalhar após um problema na coluna e que dá saiu da aldeia e sem conseguir pagar aluguel se instalou na comunidade a mais ou menos 6 anos.
A vizinha de Claudenir, Silvanja Sabino, 33 anos, passa pela mesma superlotação no barraco onde moram 9 pessoas e conta que as dificuldades maiores são nos tempos de chuva e frio. “A chuva e o frio são terríveis aqui. Às vezes falta coberta, falta agasalho, a gente dorme junto pra ficar aquecido. Uns passam mais frio, outros ficam mais quentes. Já morreu gente aqui por conta do frio. Não é fácil”, disse.
Considerado o maior frio do ano, vale lembrar que neste final de semana a previsão mostra que as temperaturas podem chegar aos 4°C em Campo Grande, e aos 0°C no sul do Estado. A Defesa Civil Nacional inclusive, emitiu uma recomendação pedindo maior atenção às pessoas em situação vulnerável, como os moradores de favelas e pessoas em situação de rua, além dos idosos, crianças e pessoas doentes.
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