O diretor-presidente da MSGás, Rudel Trindade, descartou, durante coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (12), que haja risco de desabastecimento de gás natural bombeado pela Bolívia a Mato Grosso do Sul, em decorrência da crise política enfrentada pelo país vizinho.

Contudo, investimentos em fase de negociação podem ser prejudicados caso a situação não seja normalizada. Entre os impactos, são listadas a operacionalização da AFN3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3) em Três Lagoas e as tratativas para construção de usina termelétrica em Ladário.

“Não ha risco até o momento, mas como a parte administrativa da Bolívia não está funcionando poderá ter impacto nos processos burocráticos de modo geral”, afirmou Rudel.

Na negociação para retomada da obra da empresa de fertilizantes em Três Lagoas, já estava prevista a venda diária de 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural da Bolívia durante 20 anos, a partir de 2023, para o grupo russo Acron que irá assumir as operações. Apenas com a fábrica de fertilizantes, MS perderá R$ 9,2 milhões mensais se não conseguir concretizar os contratos para fornecimento do gás natural pela Bolívia.

Já em Ladário, a construção da termelétrica pelo grupo baiano GPE (Global Participações em Energia) que tem previsão de R$ 900 milhões em investimentos também depende da aquisição de gás natural vindo da Bolívia, via ramal do gasoduto que abastece o Brasil. Somente na usina o consumo estimado será de 1,2 milhão de metros cúbicos por dia.

Como ainda há prazo para o início das operações em nenhuma das duas unidades, a expectativa é que a situação instável do país vizinho seja normalizada sem afetar a economia sul-mato-grossense.

Plano de contingência

Segundo a MSGás, o fornecimento de gás natural não térmico para MS está em 600 mil metros cúbicos por dia. Caso haja risco de interrupção no fornecimento, existe um plano de contingência com o Governo Federal. Para isso, a MSGás mantém conversas com o Ministério de Minas e Energia, com a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e Petrobrás. Caso falte gás vindo da Bolívia, a Petrobrás deverá injetar em MS quantidades necessárias oriundas de São Paulo.