Campo-grandenses que utilizam a plataforma de transporte podem enfrentar dificuldade para encontrar um carro disponível na próxima quarta-feira (8). Nesta data, uma manifestação mundial convoca todos os motoristas do aplicativo a não rodarem pela empresa.

O motivo da paralisação é a grande estreia da Uber no mercado de ações, quando títulos da companhia serão ofertadas na Bolsa de Valores de Nova York, nos Estados Unidos.

É o momento de ouro da startup que revolucionou a mobilidade urbana no mundo inteiro, já que a expectativa é que US$ 10 bilhões sejam levantados com a venda dos papéis na Oferta Pública de Ações (IPO, em inglês). A Uber estima, inclusive, que a empresa passe a valer no mínimo US$ 84 bilhões nessa estreia, podendo ultrapassar os US$ 100 bilhões.

Porém, os motoristas do aplicativo não parecem estar muito satisfeitos com a novidade. Isso porque a empresa é acusada de cobrar taxas abusivas dos motoristas. A reclamação mais comum é que as taxas permitem faixa de lucro muito pequena para os motoristas associados, principalmente com o alto preço de combustível.

Em Campo Grande

Apesar de ser mundial, a paralisação pode ser sentida por passageiros da Uber em . A Aplic (Associação dos Parceiros de Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motoristas Autônomos de Mato Grosso do Sul) articula paralisação de pelo menos 12 horas pela plataforma – as demais funcionariam normalmente, conforme afirma Paulo Cesar Teodoro Pinheiro, presidente da associação desde 2017.

Motoristas da Uber planejam 'greve mundial' na quarta, inclusive em Campo Grande
Buzinaço de motoristas da Uber em Brasília, em 2017, pela regulamentação da plataforma no país (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

“É uma manifestação mundial, não foi algo criado por nós. Será motivada pela abertura da empresa no mercado de ações. Se isso acontece, é porque o lucro é exorbitante, mas nós, os motoristas, somos essenciais para o serviço funcionar e praticamente bancamos a plataforma”, conta.

Segundo ele, a Uber tem a maior cobrança de taxa, que varia, em média, de 25% a 30%, a depender da natureza da corrida. Todas as despesas restantes, de manutenção do carro ao combustível, são arcadas pelo motorista. “Queremos que essa política seja revista, assim como é nos demais aplicativos”, aponta Pinheiro.

A expectativa é que nesta quarta-feira (8) os motoristas que rodam pela Uber na Capital desliguem o aplicativo, num período de 12 a 24 horas, a partir do pregão na bolsa de Nova York. A Aplic não especificou quantos motoristas devem aderir ao movimento, mas afirmou que articula estratégia junto aos associados à entidade e demais motoristas da plataforma, que participam de cerca de 50 grupos de WhatsApp em Mato Grosso do Sul.

Números no Brasil

De acordo com documento submetido à Comissão da Valores Mobiliários dos Estados Unidos, que autoriza o ingresso da empresa no mercado de ações, o Brasil é o segundo maior mercado da Uber no mundo, ficando atrás apenas dos EUA. Os dados até então eram inéditos e dão pela primeira vez a dimensão do impacto da empresa no mercado.

Pelos lados de cá, A Uber faturou quase US$ 1 bilhão em 2018 – um crescimento de 115% em relação a 2017. No documento, a empresa afirma que 24% do faturamento da empresa com transporte vem de cinco metrópoles mundiais, dentre as quais está São Paulo.

De acordo com a Aplic, a estimativa é que de 9 mil a 10 mil motoristas trabalhem, atualmente, nas plataformas de caronas remuneradas somente na Capital – um número que flutua bastante, já que são ao menos 10 aplicativos, e todos os dias entram e saem novos usuários.

A reportagem buscou contato com a Uber do Brasil e aguarda posicionamento.