Uma conversa entre calouros recém aceitos pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada) no curso de Direito da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) resultou em uma denúncia de na noite desta quarta-feira (6). Em um grupo de WhatsApp para recepção e apresentação dos novatos, um dos calouros enviou uma figurinha de teor racista, causando indignação entre os outros acadêmicos.

A figura com a imagem de um menino negro sendo agredido com um cassetete com os dizeres ‘cala a boca preto filho da p****’ não foi bem aceita pelos acadêmicos do curso. Para um dos estudantes, a atitude escancara o racismo estrutural na sociedade, muitas vezes disfarçado de brincadeira. “Há um genocídio da juventude negra no nosso país e atitudes como essa só reforçam esse racismo sistêmico. Eu enquanto aluno negro fiquei boquiaberto com tal atitude do colega e espero que a justiça e que a universidade tome as devidas providências, pois se trata de um crime”, explica Carlos Lourenzzo, 24 anos.

O calouro, de 19 anos, é do Mato Grosso, explica que a figura foi enviada por engano e que ainda não conhece os colegas pessoalmente. Segundo ele, a mensagem não foi enviada para alguém em específico no grupo e que logo que mandou, já apagou. “O pessoal estava mandando figurinhas, eu mandei errado e logo apaguei. Na hora quase ninguém viu porque foi por engano mesmo, mas a situação tomou essa proporção porque alguém tirou o print e isso foi divulgado”.

O print foi publicado em um grupo privado na rede social Facebook e causou revolta entre outros acadêmicos do curso. “Inaceitável, ninguém pode ser conivente com isso”, escreveu um outro estudante. O calouro conta que pediu desculpas aos colegas ofendidos. “Como alguns colegas se sentiram ofendidos, pedi desculpas, fui no privado conversar. O teor da figurinha foi racista, mas minha intenção não foi de ofender ninguém”, defende.

Mesmo com a retratação, os acadêmicos de Direito afirmam que não vão esquecer a atitude. “Racismo de nenhuma forma se resolve com ‘se arrependeu’”, escreveu outra aluna. Para o estudante Carlos, as desculpas não apagam o que aconteceu e o caso deve ser visto como um crime. Depois da repercussão, o caso foi registrado nas ouvidorias da UFMS e do MP-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

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