Pular para o conteúdo
Cotidiano

3 histórias inspiradoras de mulheres se destacando em trabalhos que já foram ‘coisa de homem’

De acordo com os dados do Sebrae-MS, nos últimos 19 anos  a GEM (Global Entrepreneurship Monitor) vem demonstrando em suas pesquisas as características dos empreendedores brasileiros e seus negócios no Brasil. Os dados atuais mostram que no pais existem 24 milhões de negócios liderados por mulheres. A pesquisa mostra ainda que elas se destacaram na abertura […]
Arquivo -

De acordo com os dados do Sebrae-MS, nos últimos 19 anos  a GEM (Global Entrepreneurship Monitor) vem demonstrando em suas pesquisas as características dos empreendedores brasileiros e seus negócios no . Os dados atuais mostram que no pais existem 24 milhões de negócios liderados por mulheres.

A pesquisa mostra ainda que elas se destacaram na abertura de novos negócios – foram 14 milhões de empresas abertas por mulheres, superando as iniciadas por 13 milhões de homens.

Mas, mesmo em 2019, quando se fala em empreendedorismo feminino temos uma visão da mulher investindo em seu próprio universo, ainda não lidamos direito com o empreender delas em setores, ainda, vistos como masculinos. Segundo elas, o ainda existe e acaba sendo pior quando vem de outra mulher.

Para celebrar esse dia merecido por elas, o Jornal Midiamax, conta a história de três mulheres que além de donas de casa, mães e esposas se aventuraram rompendo barreiras e assumindo posições de liderança nestes setores. Todas resistiram ao preconceito, entre outras pedras no caminho.

‘Imposição do Destino’

3 histórias inspiradoras de mulheres se destacando em trabalhos que já foram 'coisa de homem'
(Foto: Arquivo Pessoal)

Para a produtora rural, Dora Ledi Bileco, 52 anos, a imposição veio do destino, como ela mesma relata. Nascida no e criada no ambiente do campo, ela veio para Campo Grande ainda adolescente para estudar. Se formou em Arquitetura e Urbanismo e no ano de 1986 casou com o então marido, também criado no meio rural.

Em 2009, infelizmente, após um trágico acidente, Dora se viu viúva, com dois filhos, a propriedade rural, um escritório e um comércio para cuidar. “Além da perda do meu marido, que foi um momento de muita dor. Eu tinha dois filhos pequenos, tinha meu escritório de arquitetura, era dona de uma papelaria e precisei estar à frente da propriedade rural”, conta.

Para Dora, assumir o posto de gestora da fazenda era necessidade. “Eu não poderia delegar a outra pessoa, sem ao menos ter conhecimento de como funciona a empresa. Porque a fazenda é sim uma empresa, é de onde vem o sustento da família”, explica.

Durante dois anos e meio, Dora fez jornada quadrupla. “Eu fiquei dois anos e meio morando na propriedade com meus filhos, e trabalhando ainda como arquiteta e cuidando da papelaria, mas precisei decidir. Não dava para continuar cuidando de tudo, então eu vendi a papelaria, doei todo o estoque, fechei o escritório e assumi de vez a fazenda”.

Dora conta que já passou por todo tipo de preconceito desde quando assumiu. Até mesmo situações de violência, que não gosta muito de comentar. “Eu não quero que vejam a Dora como coitadinha. Mas já precisei de força policial para tirar funcionário da fazenda que queria me agredir. Já lidei com todo tipo de assédio. Mas resisti e hoje me sinto realizada e não me vejo fazendo outra coisa”.

3 histórias inspiradoras de mulheres se destacando em trabalhos que já foram 'coisa de homem'
(Foto: Arquivo Pessoal)

“Mas o pior preconceito mesmo que passei, e ainda passo, é o das mulheres. O pior machismo vem das mulheres. O pior abandono é o das mulheres, que deviam estar ao nosso lado. Eu perdi meu marido, precisei assumir a posição de gestora da propriedade, e as amigas que estavam sempre dentro da minha casa com seus maridos me abandonaram. Uma mulher é vista como inimiga, ou ameaça, não devia ser assim”, conclui.

A escolha pela sobrevivência

Se arriscando na área da prestação de serviços, para a encanadora Viviane Aparecida da Silva, 40 anos, empreender nessa área foi uma escolha de sobrevivência. Há 11 anos ela se viu em um empasse. Divorciada, mãe de dois filhos e sem emprego.  Segundo ela, não podia escolher muito. Então, em uma empresa de construção de casas pé moldadas descobriu que realmente gostava do canteiro de obras.

“Eu comecei como servente de obras, mas fazia serviços pequenos de limpeza. E um dia quando voltei do almoço, o meu encarregado me mostrou uma pecinha me perguntando se eu sabia o que era. Eu respondi que não sabia, mas que provavelmente era um cano (risos).  Nesse momento ele começou a me passar os projetos para desenhar nas paredes. Mas eu continuei como servente, então decidi fazer um curso de segurança privada. E vi que ficar parada igual um poste não é para mim”, explica.

3 histórias inspiradoras de mulheres se destacando em trabalhos que já foram 'coisa de homem'

Ela conta que nesse momento decidiu então investir na área dos encanamentos. “Comecei com servicinhos pequenos, e fui fazendo cursos. Entrei em uma empresa como auxiliar de encanador. Trabalhava de segunda a sexta, e nos finais de semana comecei a fazer minha clientela com serviços por conta. Fui subindo de cargo na empresa, até chegar no posto de encarregada, então decidi pedi as contas e comecei a trabalhar como autônoma. Há 3 anos, resistindo aos preconceitos e conquistando meu espaço”.

“No começo foi difícil, do dia 1º até o dia 20 era maravilhoso. Do dia 21 até o final do mês, era desesperador, porque acabavam os serviços. Hoje eu tenho cliente me esperando há dois meses. Domingo eles me ligam e se eu não posso, eles dizem que vão me esperar. Mas eu não comecei por cima não. Fui engatinhando. Éramos eu, minha bicicleta e minhas ferramentas. Hoje tenho 4 funcionários, obras grandes, conquistei minha casa, meu carro, minha moto. Mas tem que trabalhar bastante, para um dia eu chegar na posição de só mandar (risos), por enquanto ainda boto a mão na massa”, explica.

3 histórias inspiradoras de mulheres se destacando em trabalhos que já foram 'coisa de homem'
(Foto: Minamar JR)

Viviane relata que já perdeu serviços por preconceito. “Um senhorzinho de 95 anos me mandou embora por eu ser mulher. Fazer o que, infelizmente acontece. Mas hoje dentro da obra eu tenho muito respeito, eles me chamam de senhora, não questionam minhas ordens, eu até estranho às vezes”, conclui.

 

Da frustração à realização 

Outra área ainda pouco explorada pelas mulheres é a área de tecnologia. De modo geral nesse ambiente é comum encontrar o garoto jovem e nerd, mas lá elas também estão conquistando sua posição.  A designer de software Carolina Vilela Borges, 29 anos, conta que quando começou em 2011 na área o número de mulheres vistas por ela era um total de zero, hoje ainda a presença feminina é tímida, mas elas já são vistas nas empresas especializadas no assunto e o preconceito é bem menor.

3 histórias inspiradoras de mulheres se destacando em trabalhos que já foram 'coisa de homem'
Carolina, designer de software. (Foto: Minamar JR).

“Em 2011 eu consegui meu primeiro estágio na área e não via nenhuma mulher. Eu vim de um curso de nutrição 100% feminino, mas a profissão não me agradou e me aventurei na tecnologia, que era 100% masculina”, conta.

Além de ser mulher, Carol é homossexual, mas não acredita que sofra tanto preconceito assim. “É uma área de pessoas mais jovens, o homem que lida com tecnologia, ele tá acostumado com uma cultura gringa, não existe linguagem de programação no Brasil, então o preconceito ele é bem menor. Eu sei que não há igualdade, nos outros países, mas eles lidam melhor com a questão dos gêneros”, explica.

3 histórias inspiradoras de mulheres se destacando em trabalhos que já foram 'coisa de homem'
Carolina no ambiente de trabalho. (Foto: Minamar JR)

Carol, chefia uma equipe de 5 homens – entre 18 e 23 anos – e para ela a diferença entre ser mulher e homem na área da tecnologia, é não se permitir errar. “A mulher ela precisa estar mais preparada, ela não pode errar. Nossa qualidade precisa estar acima da qualidade do homem. Precisamos ter nossa postura. Mas foi a área em que eu me realizei. Não me vejo fazendo outra coisa”, conclui.

 

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Durante chuva forte em Campo Grande, asfalto cede e abre ‘cratera’ na Avenida Mato Grosso

Bebê que teve 90% do corpo queimado após chapa de bife explodir morre na Santa Casa

Com alerta em todo o Estado, chuva forte atinge Campo Grande e deixa ruas alagadas

Tatuador que ficou cego após ser atingido por soda cáustica é preso por violência doméstica

Notícias mais lidas agora

Menino de 4 anos morre após tomar remédio controlado do pai em Campo Grande

Pedágios

Pedágio em rodovias da região leste de MS fica 4,83% mais caro a partir do dia 11 de fevereiro

Vítimas temem suposta pressão para abafar denúncias contra ‘fotógrafo de ricos’ em Campo Grande

Morto por engano: Trabalhador de usina foi executado a tiros no lugar do filho em MS

Últimas Notícias

Política

‘CPI do Consórcio Guaicurus’ chega a 10 assinaturas e já pode tramitar na Câmara

Presidente da Câmara, Papy (PSDB) não assinou pedido da CPI após defender mais dinheiro público para empresas de ônibus em Campo Grande

Cotidiano

Decisão de Trump de taxar aço pode afetar exportação de US$ 123 milhões de MS

Só em 2024, Mato Grosso do Sul exportou 123 milhões de dólares em ferro fundido para os EUA

Transparência

MPMS autoriza que ação contra ex-PGJ por atuação em concurso vá ao STJ

Ação pode anular etapa de concurso por participação inconstitucional de Magno

Política

Catan nega preconceito após Kemp pedir respeito à professora trans

Fantasia de ‘Barbie’ da professora não foi considerada exagerada por outros deputados