#CG120: Domingueiras eram o fervo da juventude campo-grandense nos Anos Dourados

O domingo era o dia preferido dos jovens de Campo Grande nas décadas de 70, 80 e 90. Quem viveu os Anos Dourados na Capital sente saudade das tradicionais Domingueiras no Rádio Clube, Clube União, Círculo Militar, entre outros. As festas, que tinham presença maciça de adolescentes, eram realizadas sempre das 10 horas até por […]

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O domingo era o dia preferido dos jovens de Campo Grande nas décadas de 70, 80 e 90. Quem viveu os Anos Dourados na Capital sente saudade das tradicionais Domingueiras no Rádio Clube, Clube União, Círculo Militar, entre outros. As festas, que tinham presença maciça de adolescentes, eram realizadas sempre das 10 horas até por volta do meio-dia, ou então das 15 horas até o início da noite, bem diferente dos tempos hoje em que baladas tipo Rave chegam durar 24 horas.

Locutor, promotor de eventos e DJ, Juscelino Burton, de 50 anos, mais conhecido como DJ Juju, lembra que as Domingueiras eram “fervo” democrático, pois reuniam pessoas de várias idades e de diferentes classes sociais. “Comecei a tocar como DJ em 1988, no Clube União e naquela época as Domingueiras eram o principal ponto de encontro da juventude. Ia todo o tipo de gente. Esperávamos a semana inteira ansiosos”, afirmou.

A telefonista Conceição Pinheiro, de 56 anos, a Ciça Pinheiro, guarda boas recordações. “A gente se divertia de um jeito diferente. Eu tinha que fugir de casa para ir nas festas, porque meus pais não deixavam, e o proibido era sempre mais gostoso. Meu irmão mais velho chegou a me flagrar pulando a janela de casa para ir a uma domingueira com as amigas, e acabei não indo”.

Os estilos musicais que predominavam eram House e New Wave. “Era o que a gente chama hoje de Flashback. Inclusive, esse estilo fez tanto sucesso, que tem ganhado cada vez mais espaço na mídia atualmente. Eu mesmo tenho um programa na Rádio FM 104 Educativa que apresenta apenas músicas desta época”, lembrou o DJ Juju.

#CG120: Domingueiras eram o fervo da juventude campo-grandense nos Anos Dourados
Dj Juju comanda festas flashback na Capital. Foto: Arquivo Pessoal

“Muitos casamentos aconteceram por causa das Domingueiras. O pessoal geralmente saía da missa e ia direto para o Rádio Clube, porque a festa começava lá por volta das 10 horas. Havia muita paquera, os casais saíam para dançar, começavam a namorar e casavam”, afirmou a dentista Mariam Kodjaoglanian Di Giorgio, de 70 anos, que aproveitou especialmente nas décadas de 60 e 70.

Fervo

Além das Domingueiras, também haviam as Paqueras aos sábados à tarde. “As Paqueras costumavam acontecer nos bairros mais afastados do centro. A turma se encontrava nas paqueras e combinava de se ver novamente no dia seguinte, na Domingueira”, explicou o Dj. Ele detalha que quem frequentava as Paqueras e as Domingueiras, não costumava ir aos bailões de sábado, onde o estilo predominante era o forró e o sertanejo.

“Eram públicos diferentes, que não se misturavam muito como hoje em dia. Hoje, quem gosta de funk vai a uma balada de música eletrônica e a shows de pagode. Naquela época, os jovens que gostavam das músicas internacionais ara dançar, estilo Flashback, preferiam as Paqueras e as Domingueiras”.

Vários Clubes se consolidaram ao longo dos anos como referência na noite campo-grandense. Além do Rádio Clube, União e Círculo Militar, também faziam sucesso o Clube Ipê, Surian, Chatanooga, Apoteose, 360, Libanês, Chimbal, Túnel e Okinawa – muitos foram extintos. “Eu estudava naquela época e participávamos de muitas festas de formatura. Tinha a Túnel que era muito boa. A gente aproveitava bastante. Cheguei a deixar meu pai durante uma festa no Okinawa para ir a outra festa”, pontuou Ciça Pinheiro.

Por sua vez, Mariam lembra que nos anos 60, quando começou a frequentar as festas, o principal movimento era no Rádio Clube. “Nas férias de julho, fazíamos as Quarteiras, nas quarta-feiras, com estudantes de fora que estavam na Capital para visitar os pais. Se apresentavam muitas bandas como Renato de Albuquerque, Golden Boy, que tocavam rock e bossa nova. Nos divertíamos bastante, mas acho que mais saudável do que hoje em dia. Atualmente os jovens bebem até cair”.

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