Cerca de 17,5 milhões morrem por ano de doenças cardiovasculares

Aos 29 anos, o representante comercial Eleandro Aranega sofreu um infarto. Era um sábado, ele jogava bola quando começou a sentir tontura e ânsia de vômito. A princípio, imaginou que estivesse passando mal porque havia acabado de almoçar. E mesmo com histórico de doenças cardiovasculares na família, ele demorou para perceber que, na verdade, estava infartando.

Ele só percebeu a gravidade quando o braço esquerdo começou a formigar. “Foi quando ligaram para o irmão de um amigo que estava lá e ele disse para me levarem direto para o hospital. Cheguei lá, fiz um exame e foi constatado que eu estava infartando”, conta Eleandro.

Ele foi internado para fazer o cateterismo e teve três paradas cardíacas. “Eu não vi nada. Acordei no outro dia assustado, com o peito queimado e dolorido, por causa da reanimação com desfibrilador, e entubado”, lembra.

Na época, os médicos disseram à família de Eleandro que ele ficaria com sequelas. “Mas eu acordei normal, e o próprio médico disse que cientificamente não havia explicação”, diz o representante comercial. Ele ficou internado na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) por mais sete dias, com monitoramento.

Na recuperação, Eleandro ficou 30 dias em casa de repouso, sem poder fazer qualquer tipo de esforço físico. “Não podia nem subir escadas, porque meu coração doía. Ele ficou inchado por um período. Voltei a fazer atividade física com acompanhamento médico. Voltei a ter uma vida normal depois de um ano do infarto”, conta.

Hoje, aos 37 anos, Eleandro continua o tratamento com três remédios e atividades físicas diariamente. Rotina que ela terá para o resto da vida. “Preciso fazer pelo menos uma caminhada de 40 minutos por dia, para manter meu cardio sempre condicionado”, explica.

Eleandro foi um caso raro, principalmente por causa da idade e por ter sobrevivido sem sequelas. “No Brasil temos como campeã de mortalidade o infarto. Os idosos sempre são mais frágeis quando doentes, mas o infarto agudo em jovem pode ser mais letal em alguns casos”, explica o cardiologista Délcio Gonçalves da Silva Júnior.

Números alarmantes

De acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de 17,5 milhões de pessoas morrem todos os anos vítimas de doenças cardiovasculares, No Brasil, esta estatística ultrapassa o número de 300 mil mortes por ano, sendo que as mulheres são as maiores vítimas.

“A causa é uma mistura de tudo. Um estilo de vida que não é saudável, estresse e genética. O uso de bebidas alcoólicas e o tabagismo também são fatores de risco”, esclarece o cardiologista.

Sinais de alerta e cuidados

Segundo o cardiologista, há muitas maneiras das doenças cardiovasculares se manifestarem, porém, é importante ficar atento a alguns sinais que o corpo dá. “São sintomas frequentes: palpitações,  falta de ar ao se movimentar ou deitar e inchaço pelo corpo. Tonturas fortes e escurecimento visual podem ser por queda de pressão ou arritmia, dor no peito, nos braços ou mandíbula e pescoço em aperto ou queimação com duração maior que 10 minutos são sintomas de infarto”, comenta.

No caso de AVC (Acidente Vascular Cerebral), os sintomas são: perda súbita da sensibilidade ou da força de alguma parte do copo. “Esses sintomas não são exclusivos das doenças cardiovasculares, mas se presentes procure um médico”, orienta Délcio.

Ainda segundo o cardiologista, o tratamento depende de cada forma de Doença Cardiovascular. O infarto é tratado como desobstrução da coronária, artéria do coração. Isso também pode ser feito no AVC. “Em ambos os casos com medicamentos ou pelo cateterismo. Várias medicações são usadas para o tratamento das diversas doenças cardiovasculares com excelente resultado, e se bem utilizadas são capazes de reverter quadros avançados das doenças”, esclarece.

A principal forma de combater as doenças que atacam o coração é a prática de uma vida equilibrada, com exercícios físicos frequentes, alimentação balanceada e estresse controlado. Apesar de toda a informação disponível para essa mudança de hábito, o cardiologista ressalta que mesmo em casos graves ou que a prevenção não é mais possível há novas tecnologias que detectam o problema com antecedência e melhoram a qualidade de vida do paciente.

O médico também pontua sobre a importância em manter os exames em dia. “Filhos de pais cardiopatas, mesmo na infância devem ser avaliados. De uma forma geral, os adultos devem no mínimo conhecer o valor do colesterol, da pressão arterial e da glicemia. Ainda mais se for uma pessoa que os médicos chamam de risco para as doenças cardiovasculares que são os fumantes, obesos, sedentários, diabéticos”, finaliza Délcio.