APA foi criada há 16 anos​

Após 16 anos da criação da APA (área de proteção ambiental) do Córrego Ceroula, a Prefeitura de Campo Grande finalmente estuda um plano de manejo de manejo para a área. A beleza do local atrai aventureiros que desbravam trilhas, porém a área que também abriga a usina abandonada, é palco também de descaso.

O projeto faz parte de iniciativa da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), em parceria com a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) e a UCDB (Universidade Católica Dom Bosco). Em visita das equipes ao local, o intuito se fortaleceu. O principal objetivo do plano é preservar a área e desenvolver o potencial turístico da região.

“É uma região especial, maravilhosa que poucas pessoas sabem que existe e as que sabem estão vindo deixando muito lixo, depredando demais. Temos que tomar providências, pois é uma área de preservação ambiental, mas que pode ser explorada de forma consciente”, relata a secretária Municipal de Cultura e Turismo, Nilde Brun.

A trilha

O trajeto de subidas e descidas das trilhas perfaz quase 5 quilômetros. Durante a caminhada é possível visitar quatro lindas cachoeiras e também as ruínas da antiga usina abandonada do Ceroula.

A usina hidrelétrica construída na década de 20 alimentou por quase 50 anos a cidade de Campo Grande. Para chegar até o local é preciso muita disposição. As trilhas são bem demarcadas cruzando o rio em vários pontos seguros e trechos de contemplação e aventura. O passeio termina com a chegada na Cachoeira do Céuzinho.

Abandono

Lixo deixado por visitantes, corpos desovados e até pessoas cobrando pela entrada fazem parte das ações testemunhadas na APA do Ceroula.

A visita de grupos de aventureiros e outros visitantes é frequente na Ceuzinho, entretanto são poucos que o fazem conscientemente. Sacos plásticos, garrafas pet e até uma churrasqueira pendurada em uma árvore denunciam o descaso com o manancial.

Segundo o engenheiro ambiental Neif Salim, o Ceroula é o único córrego da cidade que está na bacia Pantaneira, pois deságua no Rio Aquidauana, que, por sua vez, vai para o Rio Paraguai.A falta de um plano de manejo permitiu que as atividades realizadas na região, inclusive as turísticas que começaram nos últimos tempos, ocorressem sem qualquer tipo de fiscalização ou disciplina do que pode ou não ser feito.

Em agosto, a Ceuzinho virou assunto nas redes sociais depois que um campo-grandense denunciou a tentativa de cobrar ‘pedágio turístico’. Na época, uma família acabou ‘barrada’ por motociclistas que cobravam R$ 10 por pessoa para tomar banho no local.

Além disso, criminosos recorrentemente desovam corpos no local, inclusive vítimas de facções. Um dos casos de maior destaque aconteceu em fevereiro, quando uma execução no local foi filmada. As fortes cenas mostram, além a ação dos criminosos, um alerta da vítima: “pra todo mundo, todo o CV que está aí, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, na penitenciária aí, na rua, pra sair tudo jogado que o que está acontecendo comigo pode acontecer como você também”.